Uma grande operação policial para reprimir a extração ilegal de madeira está ocorrendo em uma região de Rondônia conhecida como Ponta do Abunã, perto da divisa com Acre e Amazonas. Duzentos funcionários do Ibama, Exército e da Polícia Militar dos três estados fazem a maior operação na região desde 2008.
Em 15 dias, foram identificados 900 hectares de derrubada ilegal. Nos últimos dois anos, segundo o Ibama, o desmatamento na área atingiu mais de 50 mil hectares de floresta. Só no primeiro dia de operação, sete grandes madeireiras foram lacradas. No pátio de uma delas estavam quatro mil metros cúbicos de toras e madeira já serrada.
Até o fim da operação, 116 madeireiras vão ser fechadas na região. Todas são suspeitas de extração ilegal de madeira e fraude no sistema DOF, o documento de origem florestal.
No distrito de Vista Alegre do Abunã, próximo a Porto Velho, surgiram madeireiras e serrarias em cada esquina. Muitas, na verdade, nem existem oficialmente.
Em um terreno vazio, por exemplo, deveria funcionar uma empresa que movimentou nos últimos dois anos mais de 17 mil metros cúbicos de madeira. “Esse tipo de empresa fantasma serve única e exclusivamente para compra e venda de documentos de origem florestais virtuais, que tem como objetivo fazer o esquentamento de madeiras ilegais”, explica o analista ambiental Luciano de Souza Arruda.
A grilagem de terra é um dos maiores problemas. As investigações apontam que uma única pessoa teria conseguido títulos falsos de terras que somam 170 mil hectares em áreas de propriedades privadas, da União e até indígenas.
O coordenador da operação, Auro Neubauer, diz que a falta de estrutura do Ibama na região é outra dificuldade no combate ao desmatamento na Amazônia: “Eles sabem que o órgão tem pouca capacidade funcional. Sabendo de toda a dificuldades de acesso que a gente tem, a cada ano que passa, aumenta o desmatamento. Infelizmente, a cada ano que passa, o Ibama está reduzindo a sua estrutura de pessoal”.
O Ibama informou por nota que já pediu o preenchimento de mais de 1,6 mil vagas no país, mas não teve resposta do Ministério do Planejamento.