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  • Falha mecânica em acidente de Stoner é caso raro nas ruas

    O australiano Casey Stoner, bicampeão da MotoGP, sempre foi considerado um piloto muito arrojado. Ao escolher a profissão de piloto de motocicletas sabia que iria estar exposto a acidentes, naturais para quem precisa sempre buscar o limite e alcançar vitórias. Felizmente, mais do que os ossos o australiano quebrou foi recordes e as pretensões de seus adversários. Satisfeito com a carreira, cansado de viagens e ansiando por uma vida mais tranquila, Stoner se aposentou no final de 2012, aos 27 anos, no auge da glória.

    O capacete pendurado no prego, porém, acumulou pouca poeira: dois anos depois o bichinho da velocidade o picou de novo e o campeão, no começo deste ano, se ofereceu à Honda para ocupar a vaga deixada momentaneamente livre por Daniel Pedrosa, que imprevistamente teve de ser submetido a uma cirurgia. Para a surpresa de todos a resposta da Honda foi um “não”: temendo que seu precioso ídolo voltasse à cena sem o devido treino se arriscando demais, a marca buscou compensar a sede de velocidade de seu prestigiado campeão com uma solução mais, digamos, suave, oferecendo-lhe uma vaga em sua equipe oficial montada para a disputa das 8 Horas de Suzuka.

    É a etapa do Mundial de Endurance cuja conquista é para os japoneses de brutal importância, quase tanto quanto o próprio título mundial da MotoGP.Acidente com Casey Stoner em Suzuka

    Casey aceitou de bom grado montar na Honda CBR 1000RR Fireblade, uma máquina veloz mas bem menos exigente que a RC 213V usada na MotoGP. Competir com ela seria um bom modo de avaliar se realmente sua sede de voltar a pilotar motocicletas em corridas era real, e uma volta ao Mundial da MotoGP poderia ser definitivamente planejada. Todavia, tais questões ficaram em segundo plano pois o que deveria ser um agradável reencontro com o guidão quase terminou em tragédia.

    Ainda no comecinho da corrida em Suzuka, Stoner sofreu um grave acidente (assista ao vídeo) do qual saiu com fraturas que certamente o farão repensar a conveniência de largar a aposentadoria. Causa da queda? Uma falha do equipamento.

    Tudo aconteceu em um dos trechos mais difíceis da pista japonesa. Na saída de uma curva Casey passou da condição de piloto a passageiro de sua máquina em uma fração de milésimos de segundo. A Fireblade ficou com o acelerador aberto e, de acordo com o australiano, não houve o que fazer.

    Moto e piloto entraram sem controle em uma área de escape gramada. Embolados, em vez de bater na lâmina de um guard-rail próximo, quis a boa sorte que a colisão fosse com um grande bloco de isopor usado para apoiar placas publicitárias. Mesmo assim não houve como evitar a fratura do ombro direito e do tornozelo esquerdo (veja ao lado a foto do piloto na "enfermaria"), um saldo mais do que positivo visto a terrível dinâmica do acidente e a velocidade na qual tudo ocorreu.

    Problema técnico desta entidade e magnitude em uma moto de competição de uma equipe fortíssima é algo de muito raro, mas faz pensar: se na ultra preparada Fireblade, moto com a mais alta tecnologia disponível e pilotada por um campeão superdotado isso aconteceu, o que esperar de nossas motos do dia a dia? Stoner estava no melhor lugar para ter um acidente, a pista, vestido com o máximo em termos de equipamento de segurança e poucos segundos após o acidente já estava em uma ambulância rumo ao hospital. Se uma falha como esta acontecer conosco em ruas e estradas, o que seria de nós?

    Casey Stoner após acidente sofrido em SuzukaVENDER SUA MOTO JÁ?
    Não, não é o caso de entrar em pânico e entregar sua querida motocicleta ao primeiro que passar à sua frente. O que aconteceu em Suzuka foi algo muito atípico; quem acompanha as competições de motocicletas, seja de qual categoria for, sabe bem que os acidentes ocorrem muito mais por conta do exagero dos pilotos, a tal busca do limite, do que por quebras ou falhas do equipamento.

    Na engenharia aplicada ao projeto e construção de qualquer veículo, há o que se chama de “margem de segurança” e o episódio com a Honda de Casey Stoner foi um grande e enorme azar, uma improbabilidade que, porém, merece ser analisada e comentada.

    Um acelerador travar aberto é perigosíssimo, e portanto todos os projetistas de qualquer veículo sabem que ele não pode dar "chabú" de jeito nenhum. Aliás, em nenhum componente pode, mas, digamos que as maiores atenções são e serão sempre voltadas para elementos fundamentais como o acelerador e, claro, os freios. Neles a mencionada margem de segurança é gigantesca.

    Pelo que foi declarado pela Honda em um comunicado oficial após o fato, o acelerador ficou “26 graus aberto pouco antes do acidente”, tendo sido o fator que desencadeou a saída de pista e consequente tombo com colisão. A equipe oficial ainda precisou ser o sistema usado no acelerador da Firebalde de Stoner uma peça diferente da que equipa a moto de normal venda ao público. Ou seja, era um componente específico para motocicletas de competição e que será, ainda de acordo com as palvras da empresa, “reprojetado para não mais causar mais problemas”.

    Casey Stoner sofreu acidente nas 8 horas de Suzuka

    Apesar de não sabermos ao certo o quanto diferente era o sistema de acelerador usado na moto de Stoner se comparado ao das Fireblade de rua, é bom estabelecer o seguinte: aceleradores por cabo de aço, como os que equipam a maioria das motos, estão com os dias contados. Com a progressiva adoção da injeção eletrônica para gerenciar a alimentação dos motores, sejam eles grandes, médios ou pequenos, a tarefa de liberar mais ou menos mistura ar+combustível pelo comando do acelerador não será mais algo puramente mecânico. Em vez de um cabinho puxando um dispositivo abre-e-fecha preso a uma mola, haverá (há!) fios elétricos e um servo-motor acionando um potenciômetro.

    Uma comparação simples pode ser feita com uma torneira: os carburadores funcionavam como elas, quanto mais se abria o “registro” (o acelerador…), mais água (mistura combustível…) saia. Agora, os dispositivos que administram a quantidade de combustível que chega à câmara de combustão, as chamadas borboletas de admissão, tendem a ter seu ângulo de abertura controlado via servo-motores pela ECU – Electronic Control Unit (também conhecida por “centralina”).

    SENSORES SUBSTITUEM CABOS
    Antes a ação do punho do piloto, mão no fundo por exemplo, determinava tudo a tudo, o máximo de abertura. Agora não é mais assim. Sensores que monitoram a rotação do motor e a marcha engatada são aliados ao já notório TPS – Throttle Position Sensor (sensor de posicionamento do acelerador). Essa turminha estabelece, em conjunto, o quanto a borboleta  vai abrir. Sendo assim, você até poderá crer que com a mão no fundo do acelerador o sistema estará aberto ao máximo, mas isso só ocorrerá se as condições preestabelecidas pelos projetistas, contidas no software da ECU, forem plenamente atendidas.

    Desnecessário dizer que em uma moto de rua, mesmo sendo ela uma sofisticada superesportiva, a segurança vem em primeiro lugar. Um sistema de comando de acelerador só vai parar na linha de produção se tiver sido arquitestado e aprovado na – vejam vocês – a pista de corrida! É neste ambiente, onde o máximo de performance é exigido, que novas soluções são aprovadas ou não. Em prol de nossa segurança, Casey Stoner em muitos outros pilotos antes dele pagaram com dores e grande desconforto físico o preço de nossa segurança.
    Acelerado eletrônico
    E SE ACONTECER COMIGO?
    Como comentado o campeão não teve tempo de reagir à falha de sua moto. E se o seu acelerador travar, o que você faria? Antes de mais nada avisamos que se manutenções de maneira frequente forem padrão em sua motocicleta, e ela não for modificada, isso simplesmente não irá acontecer. Porém, caso você seja o premiado pela estatística dos ultraazarados, pertencendo ao 0,0000001% da probabilidade disso mesmo assim ocorrer, lembre se que a atitude mais eficaz é acionar a alavanca de embreagem! O motor irá continuar gritando como um maluco mas a potência não mais será transmitida à roda. Tal ação é mais efetiva do que frear, o que contribuiria para a redução de velocidade mas que traria consigo um perigoso desequilíbrio dinâmico.

    Um dispositivo presente em muitas motos é o “engine-stop”, ou corta-corrente. Sempre situado no punho direito, em geral um botão grande e vermelho, tal comando serve para desligar o motor cortando a corrente elétrica que alimenta a ignição. Para quê perguntaria você já que existe a chave de contato, que faz exatamente o mesmo? Pois bem: o corta-corrente nasceu em uma época onde não tinha sido convencionada a localização da chave de ignição no centro do painel, como é hoje na maioria dos modelos.

    Em algumas motos as chaves ficavam ao lado do farol (a Triumph Bonneville atual ainda é assim!), em outras abaixo do tanque e em outras ainda na lateral. O corta-corrente estar literalmente à mão representava segurança, pois em caso de queda a motocicleta poderia ficar ligada com a roda girando, e causar lesões na eventualidade bem provável de uma perna ou pé ficar sob o veículo. Hoje isso ainda pode ocorrer, mas bem mais raramente uma vez que a maioria das motos, especialmente as dotadas de motores alimentados por injeção eletrônica, tem sensores de inclinação que ao detectar um ângulo exagerado que dure mais do que o normal (o tempo de fazer uma curva, por exemplo) se encarregará de desligar o motor. Tais dispositivos explicam a razão de algumas motos deixarem de ter o corta-corrente.

    Enfim, mamãe-tecnologia cuida bem de seus filhos, os usuários de motocicletas, e na maioria das vezes é ajudada nessa tarefa por verdadeiros anjos da guarda. Gente como os projetistas e como Casey Stoner, que lá da Austrália, ainda dolorido, está matutando se é mesmo o caso de voltar às pistas para continuar dando o show, e de quebra nos ajudar a ter motos mais confiáveis e seguras.

    FOTOS: DIVULGAÇÃO / HONDA e REPRODUÇÃO/TWITTER

  • Proibir motos no corredor é impensável

    Motos corredor
    De boas intenções, o inferno está cheio. Este ditado frequentemente me vem à mente quando legisladores de qualquer esfera – municipal, estadual ou federal – sapecam projetos de lei com a sempre nobre mas muito genérica intenção de tornar mais seguro o uso da motocicleta.

    Homens eleitos legitimamente pelo povo não deveriam perder tempo e se exporem ao ridículo com propostas sem fundamento ou de difícil execução, mas não é isso o que se vê. Provas desta conduta não faltam: obrigação de estampar nos capacetes a placa da motocicleta, exigir uso do caríssimo colete inflável, proibir trânsito com passageiro na garupa e a recente limitação da velocidade de todas as motos a 110 km/h são apenas alguns exemplos de ideias que, felizmente, naufragaram diante do bom-senso.

    Fácil como apertar uma embreagem é perceber que tais propostas, teoricamente em favor da segurança dos motociclistas e cidadãos brasileiros, não são elaboradas ouvindo a “voz das ruas”, os diretamente interessados e afetados, usuários de motocicletas e motoristas dos outros veículos. São esboços de leis que parecem nascer do puro achismo ou de um impulso primal tipo “ai que vontade de criar uma lei… pronto, criei!  Estudos e pesquisas para embasá-los? Para quê?

    Um pouco diferente das bizarras propostas mencionadas é o projeto de lei  02650/2003, que como um zumbi saiu do reino dos mortos no final de junho passado, e cuja análise pode voltar à pauta do plenário da Câmara dos Deputados a qualquer momento. Caso passe na Câmara e no Senado, e não seja vetada pela Presidência da República, motocicletas não poderão mais circular no chamado corredor.

    Por qual razão este PL é diferente? Várias são as razões. Primeira delas é não haver um consenso mundial sobre ser apropriado ou não a uma motocicleta ou similar (scooter, motoneta…) trafegar no espaço entre as faixas de rolamento.

    Recentemente, o G1 consultou motociclistas, motoristas e especialistas de trânsito do Brasil e exterior, assim como traçou um panorama de como é a legislação sobre isso em outros países. O resultado é bem heterogêneo, uma colcha de retalhos, resultado de diferentes culturas e realidades. Motos corredor
    Moto é admirada em outros países
    Em alguns países o tema “motos no corredor” é inexistente pois ou as cidades não padecem de dimensões gigantescas ou a frota de veículos de duas rodas não é relevante. Já em outros pontos do globo, especialmente na Europa e Sudeste Asiático, onde a intimidade com o guidão vem do berço – todos passam pela bicicleta e pelo ciclomotor antes de chegar ao carro – o conflito entre a turma das duas rodas versus os das mais rodas não se põe.

    Eles veem parte da paisagem e quem opta pelo guidão não é visto como pária, mas sim admirado por optar por um transporte mais econômico e sustentável. O acesso a determinadas áreas de algumas das grandes cidades europeias é proibido aos carros e franqueado aos veículos de duas rodas, o que atrai usuários entre todas as camadas sociais.

    E no Brasil, como é? Por enquanto é a guerra! Quem anda de motocicleta diariamente na maioria dos casos o faz por necessidade. Deste modo, obrigar a estes usuários abrir mão de uma de suas principais vantagens do veículo, a agilidade, seria no mínimo uma discriminação antidemocrática.

    Andar no corredor entre carros no Brasil sempre foi permitido e é impensável reverter esse cenário sem resultados negativos. Todavia, há que se ver o lado de quem não anda de moto, gente que está cansada de se assustar com as buzinadas e com os borrões barulhentos saídos do nada passando a centímetros de suas orelhas. Moto é admirada em outros países, como a Itália

    Não existe consenso sobre o corredor
    Entre nossos especialistas em trânsito há quem assegure a premente necessidade da proibição, como há quem diga que sem poder andar no corredor, aí sim motociclistas estarão correndo perigo extremo, aliás uma vertente indicada por pesquisas de maneira cada vez mais consistente. Enfim, zero consenso.

    Premissa básica: não será uma lei (mais uma!) e ainda por cima de fiscalização impossível que colocará ordem no barraco. O que há de real é que no Brasil o trânsito é selvagem demais. Grande parte dos motoristas e motociclistas conduz sem o devido senso de responsabilidade.

    Volante ou guidão são tidos como instrumentos de auto-afirmação e não ferramentas de controle dos veículos e “guiar bem” um carro ou uma moto é algo que a maioria absoluta interpreta como a arte de dominar o veículo, e não de levá-lo dentro de preceitos estritos de segurança e em respeito as regras de trânsito. Em suma, quem sabe empinar uma moto ou dar um cavalo de pau em um carro é “piloto”, competente, quem não sabe é “bração”, incompetente.

    É aceitável que motociclistas trafeguem entre filas de carros quase parados, mas jamais em velocidade elevada. Estudos internacionais indicam que a velocidade segura para tal não pode superar 16 km/h acima da velocidade do veículo que está sendo ultrapassado. Ou seja, se o trânsito se arrasta a 20 km/h, a moto deve passar no corredor a no máximo 36 km/h. Como medir isso? Talvez o “quanto” não seja tão importante mas sim o “como”.

    A parte frágil do trânsito é o pedestre. Depois dele vem ciclistas, motociclistas e assim por diante, do menor para o maior. O grande deve cuidar do pequeno, sempre, todavia o pequeno deve cuidar de si mesmo e não é isto que se vê. Já disse, em coluna publicada em maio de 2013 (Faixa para motos é apropriada, mas é preciso mudança de comportamento) que trafegar de motocicleta nos corredores entre os carros exige uma consciência da vulnerabilidade que não parece estar sendo adequadamente compreendida por boa parcela dos motociclistas brasileiros.

    Na outra ponta estão nossos motoristas, que ainda não entenderam que a fragilidade alheia é um problema que os afeta mesmo se encapsulados por uma gaiola metálica forrada de almofadas de ar.

    Leis não são respeitadas
    Lei sobre a transparência das películas? Temos! Mas o aparelho que mede não compõe o equipamento dos policiais e, assim, deixa-se pra lá: até carros da polícia usam películas mais escuras do que o permitido, e no para-brisa! Lei sobre a emissões de poluentes na atmosfera? Temos! Mas, cadê o controle? E falar ao celular enquanto se dirige (ou pior, teclando mensagens!) pode? Claro que não, dá multa, mas isso é corriqueiro, não?

    Como se vê, o percurso entre o horror e o paraíso quando o assunto é trânsito não passa por mais leis, mas sim pela educação, incutir uma nova postura diante deste e de outros velhos (e chatos) problemas decorrentes do convívio em sociedade.

    É tempo de uma nova consciência coletiva e esta pode e deve ser construída com campanhas educativas. É tempo de dar aos renomados e premiados criativos da publicidade brasileira a oportunidade de mostrar o que é certo. Para isso e necessária a chancela (e a verba) do Estado para efetivamente apelar ao bom senso de toda a sociedade, que será muito mais motivada ao bom comportamento desta maneira do que se ameaçada pela punição com mais uma questionável lei.

    ASSISTA VÍDEO COM OPINIÃO DE MOTOCICLISTAS E MOTORISTAS SOBRE O CORREDOR:



    FOTOS: Rafael Miotto/G1

  • Protetores da coluna são os anjos da guarda dos motociclistas


    O “rei” dos equipamentos de proteção ao motociclista é o capacete, mas há outra parte do corpo humano que também exige atenção especial, pelo potencial de sequelas graves que podem ocorrer em acidentes. Se você está pensando na coluna vertebral, parabéns, acertou!

    Motociclistas que tiveram sua saúde prejudicada por lesões de coluna são testemunhos tristes da gravidade do problema. Infelizmente, as consequências são quase sempre irreversíveis, resultando em limitações motoras como a paraplegia, a perda dos movimentos das pernas, ou a mais grave tetraplegia, quando os movimentos nos membros superiores também são afetados.

    Este tipo trauma, pavoroso fantasma que ronda todos nós, pode ser atenuado com o uso de um equipamento de segurança que ainda é pouco disseminado: o protetor de coluna. Criado especificamente para motociclistas, diz a lenda que o inventor de um rudimentar modelo, espécie de bisavô deste equipamento, foi o piloto inglês Barry Sheene. Ele era famoso tanto por ser um grande campeão da motovelocidade dos anos 1970 como por colecionar pavorosos acidentes. Diz a lenda que, ao passar pelos controles de raio X dos aeroportos, Sheene os fazia enlouquecer por conta da quantidade de pinos e parafusos metálicos espalhados pelo seu corpo.

    Protetor de coluna para motociclistasTalvez as muitas horas de hospital deram a Sheene tempo livre necessário para refletir sobre a sorte de não ter machucado a coluna e para bolar uma proteção para dar uma forcinha ao destino. Sheene se serviu de viseiras usadas de seu capacete e as uniu com fita adesiva, criando um aparato parecido com uma casca de lagosta, destinado a proteger sua espinha dorsal.

    Deste criativo artesanato do piloto inglês aos melhores protetores de coluna disponíveis no mercado hoje em dia há uma intensa e qualificada pesquisa multidisciplinar envolvida. O estudo dos tipos de lesões, da fisiologia humana e dos animais (a lagosta…) e de materiais especiais resultou em artefatos extremamente protetivos.

    Da época de Sheene até os dias atuais, nenhum piloto de motocicleta, de qualquer categoria, entra numa pista de competição sem um protetor de coluna. O progresso deste equipamento se deu tanto pela redução de peso e do atualmente mínimo incômodo causado pelo uso quanto pela efetividade oferecida. O protetor não é simplesmente uma carapaça plástica que age de maneira passiva, evitando que impactos lesionem as vértebras, mas também funciona ao limitar movimentos antinaturais da espinha dorsal.

    A capacidade de curvatura desta verdadeira “viga mestra” de nosso esqueleto é muito ampla quando nos inclinamos à frente, mas limitada no sentido oposto, para trás. Em um acidente, o motociclista pode ser atingido por trás por outro veículo, pela sua própria motocicleta ou ser lançado bruscamente contra um obstáculo. Os mais evoluídos protetores de coluna limitam a possibilidade de a curvatura da coluna alcançar um ângulo exagerado, o que causaria lesão mesmo se o impacto não for tão violento, tendo como agravante o fato do motociclista poder estar desmaiado, coisa não incomum em tombos de moto.

    Pesando pouco, entre 650 g e 1 kg, os mais efetivos protetores são os que se vestem, fixados ao corpo de modo aderente por meio de faixas elásticas. Menos eficazes, mas ainda assim preferíveis a não usar nada são os protetores incorporados ao forro das jaquetas, cuja eficiência é menor por conta da possibilidade de se deslocarem durante a queda e consequente rolagem pelo solo.

    Outra diferenciação entre protetores diz respeito ao comprimento: os melhores são os mais longos, capazes de proteger desde a base da coluna até a altura dos ombros.

    Há também modelos menores, que protegem apenas a legião lombar e que consequentemente tem menor capacidade de proteção.

    Seja qual for o modelo, longo, curto, incorporado ao traje ou não, é necessário ao motociclista encarar o problema de frente e incorporar ao dia a dia o uso deste equipamento que, por mais incômodo que possa parecer, é e sempre será fundamental para que rodemos quilômetros e quilômetros em segurança.

    E pensando bem, um protetor de coluna, por maior que seja, sempre será um equipamento mais fácil de administrar do que o superimportante, mas volumoso capacete, que hoje é parte indissociável de nossa vida ao guidão.   

    Foto: Roberto Agresti/G1

  • Veja 5 dicas para começar a pilotar scooter


    Os scooters estão entre os mais desejados veículos de duas rodas a motor da atualidade. A prova disso é o excelente desempenho de vendas do segmento no Brasil no ano passado, no qual a indústria da moto no Brasil amargou vendas 10% abaixo dos números alcançados em 2013. Na contramão, a venda de scooters cresceu mais de 30% no mesmo período.

    Vê-los como grande solução para uso urbano não é uma sacada dos brasileiros. Especialmente na Europa, os grandes centros são território dominado por estes simpáticos veículos, caracterizados por ter, em geral, rodas menores que motos e o sempre bem-vindo escudo frontal. Estar com pés e pernas protegidos de eventuais choques e da sujeira, da água de poças e aquela levantada pelas rodas dos carros após qualquer chuvinha é uma dádiva para quem usa veículos de duas rodas. Aliás, com um scooter dotado de um bom para-brisa, encarar o mau tempo é fichinha!

    Fora tudo isso, muitos deles gastam pouca gasolina, têm manutenção barata e oferecem amplos vãos para abrigar o que você bem entender sob o banco, dando um verdadeiro show de praticidade.

    Então, tudo são flores nos scooters? Quase: apesar do forte progresso de pneus e suspensões, scooters têm uma dirigibilidade peculiar, e nem sempre quem está acostumado a pilotar motocicletas “se acha” ao guidão de um deles. Por outro lado, por serem em geral pequenos, com aparência nada agressiva, atraem um público que jamais cogitaria ter uma motocicleta e cuja experiência ao guidão foi apenas a necessária para tirar a carteira nacional de habilitação.

    Por isso, veja 5 dicas preciosas para que novatos nos scooters comecem sua vida sobre duas (pequenas) rodas com o pé direito:

    Honda PCX 1501 - OLHO NO PISO
    Tanto o campeão de vendas do mercado nacional, o Honda PCX 150 (foto), quanto o 2º colocado, o Suzuki Burgman 125i, têm rodas de pequeno diâmetro, 14 e 10 polegadas, respectivamente. O que significa isso? Que a capacidade de encarar irregularidades da pavimentação não é lá uma maravilha.

    Mesmo a 40 ou 60 km/h, um buraco ou uma lombada feita de mau jeito pode ter um efeito bem pior para a estabilidade de um scooter do que teria para uma motocicleta. O que fazer? Ter atenção redobrada com as condições da pavimentação e lembrar sempre que quanto maior a velocidade, menor será a chance de retomar o controle em caso de um contato imediato do primeiro grau com uma inesperada irregularidade no solo.

    2 - TREINE FRENAGEM
    Se você tem certa experiência com motocicletas sabe (sabe?) que a maneira correta de frear é dosar de 70 a 80% da força de frenagem no freio dianteiro, deixando ao traseiro um mero papel de coadjuvante. Isso muda no scooter? Ligeiramente.

    O freio que manda na frenagem, responsável pelo maior trabalho na redução de velocidade sempre será o dianteiro, porém nos scooters o freio traseiro ganha um papel um tiquinho mais relevante. A razão está na própria “anatomia” desse tipo de veículos: em motocicletas o peso em geral é distribuído de modo equivalente entre a roda dianteira e a traseira. Nos scooters, a massa maior está sobre a roda traseira, e isso altera o modo como se deve frear.

    A melhor técnica é sempre dar ao freio dianteiro a maior força, mas em scooters o traseiro merece algo mais, de 35 a 40% da potência frenante. Essa receita resultará em frenagens mais estáveis e efetivas.

    Dafra Citycom 300i CBSMas como estabelecer esses percentuais sugeridos? Há algum medidor para isso? A resposta está na prática. Esta sensibilidade se desenvolve treinando. Em baixa velocidade, em rua sem movimento, freie a uma mesma (e baixa) velocidade primeiro apenas com o freio dianteiro, depois só com o traseiro. Uma vez percebida a diferença entre a atuação de ambos, acione os dois comandos ao mesmo tempo, de maneira a conseguir o melhor resultado.

    Atenção: scooters como o Honda Lead, o PCX 150 e os Dafra Citycom 300i (foto) mais recentes são dotados de sistemas de frenagem combinada, no qual um dos comandos atua nas duas rodas de maneira diferenciada. Isso ajuda a obter melhores frenagens, mas não elimina a necessidade de usar sempre os dois comandos quando há necessidade de reduzir a velocidade rapidamente.

    3 - MANOBRAR É PRECISO
    Rodas pequenas, curtinhos, leves… Em geral, os scooters são assim e, por isso, combinam tão bem com os espaços apertados das grandes cidades. No entanto, um primeiro contato com scooters exige, como quase tudo na vida, estudos sobre a peculiar dinâmica do bichinho.

    Por ter rodinhas e não rodonas, o equilíbrio dos scooters em movimento não é tão grande como em motocicletas, e isso ocorre pelo pequeno efeito giroscópico das rodinhas, que se traduz em equilíbrio menor em baixas velocidades.

    Pilotar um scooter muito devagar, situação comum nos congestionamentos, pode ser uma experiência “trêmula”, só em parte compensada pelo baixo centro de gravidade desses veículos comparado ao das motos. O que fazer? Outra vez a palavra mágica é TREINAR! Vá para aquela rua calminha de novo e agora ensaie curvinhas, zigue-zagues, oitos e todo o repertório de manobrinhas a quase nada por hora. Isso vai ter dar a “mão boa” para levar corretamente um scooter.

    4 - ATENÇÃO AO PESO
    Levar um passageiro é coisa apenas recomendável para quem já estiver se sentindo 100% seguro num scooter. Se for este seu caso, ótimo. Porém, lembre-se que como dito no item nº 2: a massa de um scooter incide bem mais na roda traseira do que em uma moto. E onde vai se sentar seu passageiro? Exatamente ali, na traseira… Deste modo, atenção com a roda dianteira, pois ela vai ficar quase sem carga, levitando, e o perigo de uma derrapagem de dianteira ao fazer qualquer curvinha cresce exponencialmente quando são dois estão a bordo de um scooter pequeno.

    Isso não tem solução, mas algo que ajuda é estar ciente de que a pilotagem nessa condição tem de ser muito cuidadosa e levar em conta que o pneu dianteiro perdeu boa parte de sua capacidade de atender às suas solicitações, tanto em relação à mudança de direção quanto de frenagem.

    5 - CUIDE DOS PNEUS
    Ponto de contato de seu scooter com o solo, os pneus de um scooter precisam (e merecem) um tratamento igual ou até melhor ao que você dá a seu animal de estimação. Por serem pequenos e geralmente fininhos, eles sofrem bastante para cumprir suas funções, ainda mais em um país como o nosso, onde a qualidade e manutenção da pavimentação não é prioridade.

    Assim, olho no lance! Pneu em fim de carreira é sempre um risco em qualquer veículo, ainda mais em um scooter. Cuide dele bem, antecipando trocas, calibrando-o com frequência e observando o surgimento de deformações ou berebas que indicam “doenças”, cortes, bolhas etc. Trate-os bem, que eles sempre abanarão o rabo para você e jamais irão te trair quando você mais precisar deles…

    Fotos: Divulgação

  • Aconteceu: eu caí de moto

     

    Aconteceu: eu caí de moto! Em uma fração de segundo, o ponto de vista que eu tinha do mundo ficou igual ao de um cachorro bassê, rasteiro.

    Naquela humilhante situação, o pouco tempo que passei deitado no asfalto foi suficiente para gravar na minha mente detalhes que jamais esquecerei, como a ameaçadora proximidade de minha cabeça com a roda de um carro e as palavras do rapaz da van ao lado me perguntando: “E aí, tudo bem?”.

    Tudo? Tudo, felizmente! Ainda esparramado na avenida, percebi com o canto do olho o que tinha me levado à aquela constrangedora situação: um brutal desnível entre as duas pistas, uma irresponsável emenda mal feita entre o concreto de uma pista e o asfalto de outra.

    No azar, dei mesmo é muita sorte. Explico: a queda aconteceu quando trafegava no corredor, entre carros parados aguardando a abertura do sinal. Não foi simplesmente passar sobre a irregularidade no piso o que me levou ao solo, mas sim fazer isso freando de leve. Seguia em uma fila indiana um grupinho de motos, a menos de 20 km/h, quando a moto à minha frente reduziu a velocidade. Bastou que eu encostasse os dedos no freio e… tchibum! Foi inevitável.

    O “controle de danos” apontou para zero, ou quase. Cotovelo esquerdo doendo um pouco, idem para o pé que ficou preso. Para minha sorte, em vez de estar pilotando uma pesada 1200cc, vinha em um pacato (e leve) scooter Honda PCX. Precisou de pouca força para tirá-lo de cima de mim, e um pouco mais para levantá-lo do chão e seguir meu caminho.

    Orgulho ferido? Sim, como o cotovelo, apesar da jaqueta ter protegido a articulação de um dano maior. Metros adiante, parei para olhar melhor o que este tombinho bobo causara ao scooter. Um pequeno arranhão na parte baixa da carenagem, o friso que contorna o parabrisa fora do lugar e só. Segui viagem, buscando em minha mente quando tinha sido a última vez que havia sofrido um acidente de moto.

    O que me deu o privilégio de escrever sobre motos no G1? Em parte, muitos anos no lombo delas. A primeira vez nunca se esquece, e a minha foi aos 11 de idade, em um pátio sob a atenta vigilância de meu pai, onde rodei maravilhosos 5 minutos com um ciclomotor.

    Depois desse dia, 45 anos atrás, guidões passaram a fazer parte indissociável de minha vida. Ao procurar na memória por outros tombos, achei poucos. Exceto os praticando fora-de-estrada (um a cada 100 metros, na média…), acidentes mesmo foram três.

    O primeiro em 1984, o segundo em 1992 e este de agora. Todos sem grandes consequências. Nada mal para quem roda quase todo santo dia de moto, não é mesmo?

    Como evitar
    Qual o segredo desta excelente estatística, tendo em vista que na maior parte do tempo rodei na selvagem cidade de São Paulo?

    A melhor resposta talvez seja o medo de me machucar e de machucar alguém, e de estragar as queridas motos que, por causa do meu maravilhoso ofício, quase nunca são minhas. “Medo” talvez seja uma palavra forte demais, o melhor seria usar “receio”, regido por um afiado instinto de preservação.

    Para usar motocicletas diariamente há quase cinco décadas e ter esse histórico isento de episódios ruins é preciso algo mais que habilidade. Sempre digo que o que realmente conta para qualquer motociclista saudável é tentar estar concentrado 100% durante 100% do tempo.

    O que mais? Responsabilidade, ter noção clara de limites. O limite individual determinado pela experiência ao guidão e com a moto que está sendo usada. E o limite do lugar: andar a 100 km/h em uma boa estrada é tranquilo, fazer isso em uma ruazinha de bairro é insano.

    Permitam-me repetir: existem motociclistas irresponsáveis e existem motociclista experientes. Jamais motociclistas irresponsáveis e experientes. Se quiserem trocar “experientes” por “velhos”, fiquem à vontade. Dá na mesma.

    Equipamentos
    Sendo eu experiente (velho…), cuidadoso, receoso e concentrado, mesmo assim o acidente aconteceu! Por conta disso, vale registrar que a jaqueta que eu usava tinha as devidas e imprescindíveis proteções nos cotovelos e ombros, que o calçado era o apropriado, de cano alto, e que, lógico, minhas mãos vestiam luvas. Tudo isso e mais o capacete reduziram a quase nada as consequências do descaso público com a pavimentação, razão prioritária do meu tombo.

    Relatar como o mau estado de conservação das ruas e estradas pode ser absurdamente perigoso para quem opta por veículos de duas rodas já foi tema de coluna publicada aqui. Porém, o mais importante é destacar que, como vimos, experiência e habilidade não são um passaporte para escapar de armadilhas do trânsito. Assim, além da pilotagem consciente e cuidadosa, é importante ter alguma sorte e, principalmente, rodar sempre bem equipado.

    Diversos estudos sobre acidentes com motociclistas realizados tanto no Brasil como no exterior mostram que são os membros inferiores – pés, tornozelos e pernas – os mais suscetíveis a ferimentos, seguidos de perto pelos membros superiores, mãos, braços e ombros.

    A estatística também revela que pior que um simples tombo, fruto de uma derrapagem ou momentânea perda de controle da motocicleta, é a colisão com outro veículo, poste, meio-fio ou guard-rail. É o tipo de acidente que resulta em piores consequências à integridade física dos motociclistas.

    Corredores
    Ao rodar entre carros parados de uma avenida congestionada, assumi o risco inerente à essa ação, discutível sob o ponto de vista da segurança. Mesmo em baixa velocidade, a queda poderia ter tido graves consequências em virtude da proximidade com obstáculos imóveis.

    A discussão sobre se rodar ou não no corredor com motocicletas deve ser permitido é antiga e merece ampla discussão. Todavia, não é este o tema dessa coluna, mas sim o de relatar um episódio que pode levar alguns de vocês, colegas do guidão, a prestar mais atenção, equiparem-se melhor e principalmente a refletir sobre a fragilidade inerente de quem opta pelo fascinante mas inegavelmente arriscado veículo chamado motocicleta. 

    Foto: Polícia Civil/Divulgação

  • Levar peso demais na moto pode estragar a viagem; veja dicas

    Motos na China
    Viajar de motocicleta é uma experiência incrível, que pode ser ainda melhor que os mais manjados clichês que exaltam a emoção de pegar a estrada e rodar pelo mundo sem uma carroceria em volta. No entanto, é preciso ter em mente que em uma moto o espaço para bagagem é restrito e que qualquer viagem, curta ou longa, pode virar um verdadeiro inferno se:

    1) Você exagerar na quantidade ou…
    2) Sua bagagem não estiver adequadamente presa à sua moto.

    Peso demais, volume demais. Nada disso combina com motocicleta. É claro que modelos maiores, de alta cilindrada, permitem levar mais tralha, mas é sempre importante lembrar que, por maior que seja, uma motocicleta sempre terá apenas dois pontos de apoio com o solo. E para fazer curvas, ela deve ser inclinada. Essa peculiar dinâmica não permite alterar o equilíbrio com excessos.Harley-Davidson Ultra Limited



    Se você não tem uma Harley-Davidson Ultra Limited (foto acima) ou uma Honda Gold Wing, “mastodontes” com mais espaço para bagagem que alguns carros, levar (pouca!) bagagem no corpo, em uma pequena mochila nas costas, pode ser uma opção em caso de viagem curta. Caso a viagem seja a dois, a solução colocar uma mochila nas costas do garupa e outra no peito de quem pilota. Isso só vale se peso e volume forem realmente pequenos.

    A prática de amarrar bagagem ao banco – ou bagageiro, se houver –, com elásticos ou as mais eficientes redinhas é prática comum, mas isso também implica em respeitar a regra número um de não exagerar na quantidade. Além disso, esse estilo dá trabalho: a cada parada ou se arrisca deixando tudo na motocicleta enquanto ou carrega-se tudo para depois recolocar no lugar.

    Qual é a melhor das soluções? Sem dúvida, colocar na sua moto malas específicas, projetadas para resolver de maneira definitiva, fácil e prática a necessidade de levar coisas. Melhor ainda é escolher um modelo de moto que já venha de fábrica com malas – ou ao menos as ofereça como acessório original. Isso te dará a certeza de que, no projeto de sua motocicleta, os volumes, o sistema de fixação, o peso decorrente e, inclusive, a interferência aerodinâmica de tais acessórios foram estudados de maneira séria.

    Moto com baúTipos e tamanhos
    Há hoje uma razoável oferta de modelos de motocicletas que trazem como equipamento original malas laterais e o chamados “top cases”, aqueles bauzinhos que ficam na traseira das motos. Aliás, tal baú (também chamado de bauleto) é um dos acessórios para motos mais vendidos, e quem os compra nem sempre tem o intuito de viajar. O uso da moto em centros urbanos também demanda – e muito – um espaço para guardar coisas. Grandes, médios ou pequenos, tais baús tornaram a vida do motociclista mais prática e dão à moto maior versatilidade.

    No caso das malas destinadas a um viagem de motocicleta, mesmo sendo equipamento original, é importante lembrar que há sempre um limite de peso a ser religiosamente respeitado. A cifra máxima de carga admitida está usualmente colada em adesivo interno à mala ou evidenciado no manual do produto. Não levar a sério tal recomendação implicará em desequilíbrio que pode se manifestar com a oscilação do guidão conforme a velocidade aumenta ou também em trincas na estrutura que suporta as malas. O subchassi, a parte da moto que sustenta o banco, também pode ser danificada, e aí o prejuízo é grande.

    Outro limite a ser considerado é o da velocidade máxima, pois tanto o “top case” quanto o par de malas laterais afetam de modo importante a aerodinâmica e, consequentemente, a dirigibilidade.

    BMW K 1600 GTLComo dissemos, modelos que oferecem malas como acessório original recebem reforços para o peso que será acrescido. No entanto, também há bons fabricantes de malas e suas respectivas estruturas que, mesmo não fazendo parte da lista de acessórios originais do fabricante, são plenamente confiáveis.

    As malas mais usuais são as feitas em plástico rígido, material que combina leveza com resistência. Há também malas realizadas em materiais têxteis reforçados com resina, assim como as vistosas (e caras) malas de alumínio. Praticamente todas oferecem a possibilidade de serem retiradas de modo rápido, bastando para tal apenas uma chave e certa habilidade pala desencaixá-las. Outras oferecem também bolsas internas de tecido, que tanto ajudam na impermeabilidade como na praticidade: ao chegar ao destino, em vez de retirar as malas da moto, leva-se apenas a bolsa com o conteúdo bem embaladinho.

    BMW K 1600 GTLNeste maravilhoso mundo de possibilidades no qual não está excluída a também válida (mas cada vez menos usada) mala de tanque.

    De qualquer modo, é importante não perder de vista o que dissemos no início: conter excessos. Desrespeitar o tênue equilíbrio de uma motocicleta levando peso demais ou volume demais é definitivamente algo que não combina com o verdadeiro prazer que é viajar de motocicleta e assim usar o bom senso é a melhor decisão.

    Fotos: Rafael Miotto; Pedro Bicudo; Marcelo Camargo/Agência Brasil; Raul Zito

     

Autores

  • Roberto Agresti

    Roberto Agresti pilota e escreve sobre motocicletas há três décadas.

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