Edição do dia 27/01/2014

27/01/2014 08h11 - Atualizado em 27/01/2014 08h11

Corregedoria investiga conduta de PMs que atiraram em jovem em SP

Polícia diz que os PMs atiraram para se defender e que rapaz tinha estilete.
Carro foi incendiado no tumulto, que teve 135 pessoas presas.

É grave o estado de saúde do rapaz baleado por policiais militares durante os protestos em São Paulo no fim de semana. A polícia diz que os PMs atiraram para se defender. A corregedoria investiga a conduta dos policiais nessa ação e durante a manifestação de sábado.

O protesto - no dia do aniversário da cidade - terminou com muita destruição. Os manifestantes, que protestavam contra a Copa do Mundo no Brasil, tinham percorrido a Avenida Paulista sem problemas. Mas, quando chegaram ao centro começou a confusão.

Em meio ao tumulto, um carro foi incendiado. Dentro dele havia cinco pessoas, que escaparam por muito pouco.

A imagem do carro pegando fogo foi a que mais marcou a manifestação de sábado. Dentro dele havia cinco pessoas que vinham de um culto evangélico, entre elas, uma criança de 5 anos.

Na confusão, o motorista voltou para o carro e dirigiu mais alguns metros, na tentativa de apagar as chamas, mas era tarde demais. O carro foi todo destruído.

Itamar Santos, de 55 anos, é serralheiro e dependia do carro para trabalhar. “Nós paramos na frente desses rapazes que estavam com aqueles lenços pretos no rosto, quando parou o carro já estava naquela situação que não tinha como passar para a frente”, lembra.

“Nós, defensores da liberdade, temos que garantir o direito de reivindicação, de mobilização, de organização. Mas nós temos que saber que a violência e a intolerância colocam em risco a liberdade duramente conquistada pelo povo brasileiro”, afirmou o prefeito Fernando Haddad.

A manifestação de São Paulo começou pacífica. Cerca de 700 pessoas – pelas contas da PM - saíram em passeata pela Avenida Paulista. Mas quando a manifestação chegou ao centro da cidade, um grupo começou a confusão. Vândalos quebraram lojas e bancos.

Um carro da Guarda Civil Metropolitana foi cercado. Os mascarados chutaram e quebraram os vidros. Os guardas saíram correndo. O grupo tentou virar o carro, mas não conseguiu.

Sheila Barroso foi de Pernambuco para uma reunião em São Paulo. Passou três horas trancada em um quarto, depois que manifestantes invadiram o hotel. “Tentaram entrar nos quartos, batendo nas portas, tentando forçam, e ouvi eles falando: ‘Vamos arrombar, vamos arrombar’”, conta a cabeleireira.

Um vídeo mostra o momento em que a polícia entra no hotel. Os PMs disparam balas de borracha, percorrem os corredores, enquanto mandam as pessoas se deitar no chão. É possível ouvir alguém pedindo calma.

Segundo a Polícia Militar, 135 pessoas foram detidas nos protestos de sábado, e 12 são menores. Todos já foram liberados. Segundo a Secretaria da Segurança, alguns deles podem responder por dano qualificado, resistência, porte de arma e furto.

Um rapaz foi baleado pela polícia. O Fantástico exibiu as imagens de uma câmera de segurança que mostra a ação. Fabrício Proteus Chaves aparece correndo, perseguido por dois policiais. O jovem para e vira para um dos PMs, que cai.

O PM que está ao lado saca a arma e chega um terceiro policial. Não é possível saber exatamente o momento dos disparos, nem dá para ver se há um estilete na mão de Fabrício, como afirma a Secretaria da Segurança. Mesmo baleado, o rapaz se levanta e continua a caminhar, até cair mais à frente.

Contrariando uma determinação do governo, que recomenda que os policiais aguardem socorro especializado, os PMs levaram Fabrício ao hospital. Ele permanece internado.

“A impressão que eu tenho é que o indivíduo se volta contra os dois policiais, com estilete na mão. Porém gostaria de deixar claro que, se houve excesso, a Polícia Militar não compactua com tal tipo de conduta e que efetivamente elas serão apuradas com o devido rigor”, afirma o coronel Celso Luiz Pinheiro.

A Polícia Militar diz que o socorro foi feito em um carro da corporação porque Fabrício sangrava muito. A corregedoria da PM Já começou a investigação.

“Qual a orientação que é dada para a polícia de São Paulo, mais especialmente a Polícia Militar, que é quem trabalha no policiamento ostensivo? É proteger a população e proteger os manifestantes. Eles terem a sua proteção, terem a sua segurança. Agora, atos de vandalismo e depredação não são manifestantes. A população de São Paulo não aceita isso e a polícia agiu firmemente, no sentido de evitar uma tragédia na Praça da República, porque estava tendo uma apresentação, um show, muitas crianças, muitas famílias, muitos idosos. Então evitar lá um problema grave, e ao mesmo tempo tem o dever de prender aqueles que depredam o patrimônio público ou privado ou fazem atos de vandalismo”, disse o governador Geraldo Alckmin.

Os parentes de Fabrício não quiseram falar com a equipe de reportagem do Bom Dia Brasil. O rapaz, de 22 anos, levou dois tiros. Os médicos da Santa Casa retiraram as balas.

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