Edição do dia 24/01/2014

24/01/2014 09h31 - Atualizado em 24/01/2014 09h31

Ação da Polícia Civil em cracolândia gera atrito com PM e prefeitura de SP

Agentes do Denarc dizem que procuravam traficante e foram recebidos a paulada. Houve tumulto, bombas e detidos. Para Haddad, foi 'lamentável'.

Uma operação da polícia acabou em violência na cracolândia na região central de São Paulo. Os investigadores dizem que procuravam um traficante e que foram recebidos a pauladas.

Para o prefeito, a ação toda foi lamentável. A operação da Polícia Civil na cracolândia foi muito criticada pela prefeitura.

Os investigadores do Departamento de Narcóticos dizem que procuravam um traficante.  No mesmo local, a prefeitura está realizando um programa para a recuperação dos drogados, com o apoio da Polícia Militar. Houve tumulto, bombas e dezenas de pessoas detidas.

Quando as dez viaturas da Polícia Civil chegaram, já era a segunda ação do Denarc na cracolândia, na tarde de quinta-feira (23).

Primeiro, os policiais foram em três carros comuns, para investigar um traficante.

Segundo o Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico, os investigadores foram recebidos a pauladas. E um policial ficou ferido.

Essa primeira equipe chamou o reforço, que chegou com as bombas de efeito moral.

“Fizeram uma incursão desastrosa, com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha. E aí o tumulto foi generalizado”, afirmou o secretário municipal de Segurança Urbana de São Paulo, Roberto Porto.

“O Denarc não possui bala de borracha”, rebateu a diretora do Denarc/SP, Elaine Biasoli. “Eles foram recebidos a paulada, quebraram a viatura, feriram policial. O que que aconteceu? Foi pedido reforço. E nós mandamos um reforço para lá. Justamente para poder concretizar essa prisão. Foi preso ele e mais três traficantes”.

Quatro pessoas foram presas por tráfico e cerca de 30 foram levadas para averiguação. O Denarc diz que, nos últimos 50 dias, prendeu 65 traficantes em flagrante, na região da cracolândia.

É lá que a prefeitura começou, na semana passada, um novo programa para recuperar os usuários de drogas.

Para a prefeitura de São Paulo, a ação policial na região da cracolândia foi repressiva. O próprio secretário municipal de Segurança, Roberto Porto, estava no local e se disse surpreendido com a chegada dos investigadores do Denarc.

“Caracterizo como lamentável. O que houve foi uma ação da Polícia Civil – sem que a Prefeitura e a própria Polícia Militar tivessem conhecimento. O que nos cabe nesse momento é manifestar essa indignação e reafirmar o nosso compromisso com o programa”, afirmou o prefeito Fernando Haddad.

O ouvidor da polícia paulista, Julio Cesar Fernandes Neves, informou que vai pedir que a Corregedoria da Polícia Civil investigue o que aconteceu na região da cracolândia.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não falou sobre o assunto. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública disse que a ação foi legítima e que três policiais ficaram feridos e três carros da polícia, danificados.
 
A secretaria disse, ainda, que a prisão de traficantes pelo Denarc na cracolândia ou em qualquer outra área da cidade, não necessita, legalmente, de comunicação prévia a qualquer autoridade.

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