A entrada da Venezuela no Mercosul: o governo paraguaio é contra, disse que vai recorrer da decisão, e o caso pode parar na justiça.
A chegada da Venezuela não foi uma entrada tranquila. E não só por causa do Paraguai: o Uruguai também tinha restrições. O Paraguai, que está suspenso do Mercosul, classificou como ilegal a incorporação venezuelana sem o consentimento paraguaio.
Já a presidente Dilma Rousseff comemorou o novo parceiro. Disse que a integração da Venezuela ao grupo inicia uma nova etapa no bloco, que se transforma, segundo ela, em potência alimentar e energética.
Quatro entrevistas e um discurso em menos de 24 horas. A euforia do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tem uma razão: há sete anos a Venezuela trabalhava para entrar no Mercosul.
A cerimônia, em Brasília, selou a adesão do país, aprovada há um mês pelo Brasil, Argentina e Uruguai justamente quando o Paraguai, que não aceita o novo sócio, está suspenso do bloco, por conta da destituição do ex-presidente Fernando Lugo.
O ministério das Relações Exteriores do Paraguai considerou ilegal o ingresso da Venezuela no Mercosul. E anunciou que vai recorrer da decisão. Uma parte do governo uruguaio também foi contra, mas acabou cedendo e acompanhando a posição da Argentina e do Brasil, que ocupa a presidência do bloco até o fim do ano.
Tempo que o governo brasileiro quer usar para acelerar a adaptação da Venezuela às regras do bloco, processo que poderia levar até quatro anos. "Nós estamos querendo ver se nós resolvemos com a Venezuela nos próximos seis meses. Se até 01 de janeiro de 2013 nós temos plenamente realizadas as metas de ingresso”, explica Marco Aurélio, assessor para assuntos internacionais.
O novo integrante agora está na foto do Mercosul, que para a Venezuela significa oportunidade de diversificar a produção, hoje baseada na exploração de petróleo. “É a maior oportunidade histórica que em 200 anos se apresenta no nosso horizonte”, fala Hugo Chávez.
Para a presidente Dilma, com a Venezuela, o Mercosul passa a ser uma potência energética. “Queremos convidar os setores empresariais dos países da região a participarem ativamente desse momento, buscando maior aproximação e maior abertura de novas fronteiras”, explicou a presidente Dilma.
E para marcar a nova fase, os dois presidentes ganharam aviõezinhos. Um gesto simbólico depois que a Venezuela comprou, do Brasil, seis jatos da Embraer. Um negócio de R$ 540 milhões.
Ainda durante o discurso, a presidente Dilma Roussef disse que o Paraguai deve voltar ao Mercosul, assim que, segundo a presidente, a democracia for restabelecida, depois das eleições marcadas para abril do ano que vem.