O Brasil manteve o índice da população acima do peso em 2013 em relação a 2012, segundo a pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde.
O estudo, divulgado nesta quarta-feira (30), indica que 50,8% dos brasileiros estão acima do peso ideal, e destes, 17,5% são obesos. O índice é praticamente o mesmo da pesquisa anterior, que apontou que 51% da população tem excesso de peso, sendo que 17,4% eram obesos.
"Esse dados são de praticamente todas as capitais brasileiras, é um dado generalizado de estabilização", disse o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa.
A pesquisa Vigitel de 2012, baseada em dados de 2011, apontava que 48,5% da população tinha excesso de peso.
Em 2006, primeiro ano avaliado pela pesquisa, esse índice era de 43%.
Homens estão mais gordos
De acordo com o levantamento, os homens têm mais excesso de peso do que as mulheres – 54,7% contra 47,4%.
Segundo Jarbas, quanto maior a escolaridade, menor a taxa de obesidade e excesso de peso. "Isso indica que sobrepeso não é uma situação imutável e nós podemos mudar essa realidade com políticas públicas e mudança de comportamento também", explica.
Apesar dos índices de obesidade, a pesquisa Vigitel apontou que aumento na quantidade de praticantes de atividade física e de consumidores de frutas e hortaliças.
De acordo com o Ministério da Saúde, a frequência de atividade física em tempo livre aumentou de 30,3% para 33,8% nos últimos 5 anos. Além disso, 19,3% dos homens e 27,3% das mulheres comem cinco porções por dia de frutas e hortaliças, quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
"É importante trabalhar para essa redução de excesso de peso, com o objetivo de evitar doenças como diabetes e alguns tipos de câncer", apontou Jarbas. "Para nós, que trabalhamos com políticas públicas de saúde, essas informações nos dão um norte", disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Ainda de acordo com o titular da pasta, o combate do excesso de peso deve ser trabalhado em conjunto entre ações do governo e a população. "É uma epidemia mundial. A sociedade moderna acabou adotando hábitos alimentares e de vida extremamente deletérios a sua saúde", explica.
Alimentação
A pesquisa mostrou um aumento no consumo de frutas e hortaliças. Segundo o ministério, atualmente, 19,3% dos homens e 27,3% das mulheres comem cinco porções por dia de frutas e hortaliças, quantidade indicada pela Organização Mundial de Saúde.
Apesar do aumento do consumo de alimento saudáveis, o indicador mostrou que 16,5% dos brasileiros substituem diariamente o almoço ou jantar por lanches, como pizzas, sanduíches e salgado; 23,3% dos brasileiros ingerem refrigerantes, no mínimo, cinco dias por semana; mais da metade da população consume leite integral (53,5%), e 31% consomem carnes gordurosas e alimentos com gordura saturada.
Chioro, disse que será necessário esperar dados do próximos anos para afirmar a estabilização nas taxas de sobrepeso e obesidade. “É um primeiro retrato. Nós precisamos ter uma sequência nos próximos anos para a gente poder afirmar com consistência que há uma estabilização do crescimento tanto do sobrepeso quanto da obesidade”, disse.
Fumantes
O levantamento apontou ainda que 11% da população brasileira se declarou fumante em 2013, 1% a menos que o índice Vigitel de 2012.
Além disso, entre 2006 e 2013, caiu em 28% o número de fumantes entre pessoas com idade acima de 18 anos.
A redução da taxa foi ainda maior entre aqueles que fumam 20 ou mais cigarros por dia. Em 2006, o percentual era de 4,6% e em 2013, caiu para 3,4%.
Outro dado importante mostra que o consumo de cigarro é maior entre os homens do que entre as mulheres. Enquanto eles correspondem a 14,4%, elas, a 8,6%.
Para Chioro, a redução do índice de tabagismo possibilita ao governo planejar ações para diminuir a incidência de doenças cardiovasculares e câncer.
Doenças crônicas
Segundo a pesquisa, o índice de pessoas que sofrem de hipertensão arterial também se manteve estável; 24,1% da população brasileira tem a doença. As mulheres registram a maior incidência da doença do que os homens. Elas, com 26,3%, e eles, com 21,5%.
De acordo com a pesquisa, houve uma alta no percentual de pessoas diagnosticadas com diabetes. A tendência é de crescimento desde a primeira edição do Vigitel. O índice da doença também é maior entre as mulheres, com 7,2%. Já os homens o percentual é de 6,5%.
Pessoas entre 18 e 24 registram o percentual de 3,0% nos casos de hipertensão e de diabetes 0,8%. No entanto, a prevalência das doenças entre pessoas acima dos 65 anos é de 60,4% para hipertensão e 22,1% para diabetes.