A fosfoetanolamina, que ficou conhecida como a ‘pílula do câncer’, durante 20 anos foi distribuída de graça e, mesmo sem ter sido testada pelos critérios da Agência Nacional da Vigilância Sanitária, muitos pacientes dizem que funciona. Agora, o governo decidiu financiar os estudos, que serão coordenados pelo oncologista Paulo Hoff. Cura? Diminuição da dor? Do sofrimento? Para falar sobre a polêmica terapia, recebemos o diretor do Centro Paulista de Oncologia, Sergio Simon, e o diretor de oncologia clínica do A. C. Camargo Cancer Center, Marcelo Fanelli.
Sem comprovação científica
Em razão da falta de pesquisas oficiais, a recomendação é não usar. O uso pode prejudicar o paciente e não deve substituir tratamentos aprovados e receitados pelo médico. Toda a produção e distribuição que eventualmente exista é clandestina, sem nenhum controle de qualidade. A USP entregou cápsulas nos últimos meses sob ordem judicial, mas o próprio órgão informou não ter qualquer controle sobre a qualidade da pílula.
Não foi avaliada em testes com humanos
Foram feito apenas testes em células de câncer, em laboratório, e em camundongos. Ou seja, ela não passou por todas as avaliações, é uma candidata a remédio e, de cada 10 mil candidatos revelados, apenas um vira remédio.
O processo de estudos é necessário porque toda droga tem duas faces, a boa e a ruim e, para ser usada como remédio, os benefícios têm de superar os riscos. Os testes são para que a gente não jogue com a sorte. Mesmo após todos esses testes, ainda há remédios que têm de ser tirados do mercado, pois, no uso em larga escala, revelam efeitos ruins desconhecidos.
Tratamentos comprovados
Cirurgias, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia são os principais tratamentos que comprovadamente podem até mesmo eliminar alguns tipos de câncer. São eles que permitem que até 80% dos cânceres infantis desapareçam e garantem também índices muito bons para tumores de testículo, ovários, linfomas e, mais recentemente, melanomas.
Os tratamentos estão avançando, a quimioterapia com menos efeitos colaterais, a radioterapia cada vez mais precisa, sem atingir órgãos próximos ao tumor, e as terapias alvo e a imunoterapia com cada vez mais possibilidades terapêuticas. A questão ainda é o acesso, pois falta que esses tratamentos estejam disponíveis a todos os pacientes.