Um grupo de cerca de 30 mulheres afegãs que são donas ou funcionárias de salões de beleza protestou nesta quarta (19) contra o fechamento forçado dos estabelecimentos, promulgado pelo regime do Talibã no início de julho. A polícia atirou para cima e usou jatos d'água para dispersar as manifestantes.
As mulheres, que levavam cartazes com frases exigindo "sustento, justiça, trabalho e educação", também afirmaram que foram agredidas com porretes e tiveram seus celulares apreendidos.
"Relatos sobre a repressão a protestos pacíficos de mulheres contra o fechamento dos salões de beleza —o mais recente ataque aos direitos das mulheres no Afeganistão— são profundamente preocupantes", publicou no Twitter a missão das Nações Unidas no país. "Afegãos têm o direito de expressar suas visões sem enfrentar violência. Aqueles que representam as autoridades na prática devem respeitar isso."
O regime do Talibã, que não é reconhecido por nenhum país ou organização internacional, estabeleceu o prazo de um mês para que todos os salões de beleza e cabeleireiros voltados para o público feminino fechem suas portas. O grupo considera que os estabelecimentos violam a lei islâmica, também chamada de sharia, porque neles as mulheres põem extensões de cabelo e fazem as sobrancelhas.
Além disso, segundo o Ministério da Prevenção do Vício e Promoção da Virtude, os salões representam custos altos demais para os homens, sobretudo quando as mulheres se preparam para casamentos.
Manifestações esparsas têm ocorrido desde que a decisão foi anunciada. Mulheres envolvidas com a causa negam que os estabelecimentos violem a lei islâmica e argumentam que estão condenadas à pobreza se os salões realmente fecharem.
Esse foi o mais recente ataque aos direitos das mulheres feito pelo Talibã. Desde que o grupo chegou novamente ao poder, em agosto de 2021, o regime ordenou o fechamento de escolas para meninas e proibiu as mulheres de frequentarem universidades e espaços públicos.
Também nesta quarta-feira, o Comitê Sueco para o Afeganistão anunciou a suspensão da maioria das suas operações no país. Na semana passada, em retaliação à queima de um Alcorão durante um protesto em Estocolmo, em junho, o Talibã proibiu todas as atividades do governo sueco. A organização, que presta assistência sanitária a cerca de 2,5 milhões de pessoas e trabalha nas áreas da educação e do desenvolvimento rural, diz que tentará negociar com o regime para manter suas atividades.
Este texto foi publicado originalmente aqui.
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