O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antônio Fernando de Oliveira, defendeu, nesta quarta-feira (25), o novo decreto publicado pelo governo federal sobre uso da força em ocorrências policiais. Assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o decreto prevê que armas de fogo devem ser usadas apenas como último recurso e visa reduzir casos de violência policial.
Oliveira se posicionou um dia após uma jovem ser baleada na cabeça por policiais rodoviários federais em Duque de Caxias. Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na cabeça dentro do carro de sua família por agentes da PRF do Rio de Janeiro na BR-040, em Duque de Caxias, na noite dessa terça-feira (24), véspera de Natal. A família afirma que vai processar a União.
O diretor da PRF também defendeu o uso de câmeras corporais pelos agentes. "Acredito que o decreto do presidente é acertado para toda a atividade policial. Sou defensor ferrenho da utilização de câmeras corporais porque elas defendem a atividade policial", afirmou, em entrevista à Globonews.
Oliveira também disse que a corporação passa por treinamentos para que episódios como esse não ocorram. "Instituímos uma comissão-geral de direitos humanos com políticas de direitos humanos sendo implantadas em todo o efetivo. [...] Temos uma revisão de atuação que é feita, necessariamente, todo ano", explicou.
Antônio Fernando de Oliveira ainda classificou como "especial" o ambiente do Rio. "Já estamos desenvolvendo e vamos desenvolver ainda mais treinamentos específicos para a atuação no Rio. Toda nossa equipe que vai para uma atividade eventual no Rio, como foi no G20, passa por um período de adaptação ao ambiente do Rio, que é diferenciado", declarou.
Porém, ele informou que os três agentes envolvidos na ocorrência em Duque de Caxias são do Rio de Janeiro. O diretor da PRF também confirmou que eles atuam em atividades administrativas, mas estavam nas ruas após uma mudança na escala devido ao plantão de fim de ano.
Oliveira negou que o incidente tenha relação com o fato dos policiais atuarem normalmente em atividades administrativas. "Não há problema do policial que está no administrativo atuar no operacional. A nossa carreira é única, a formação é única", defendeu.
Os policiais rodoviários federais foram afastados pela corporação. A informação foi confirmada hoje pela PRF, que não informou, no entanto, quantos são os agentes afastados.
Juliana Leite Rangel levou o tiro enquanto seguia para Niterói, onde passaria a ceia de Natal com a família.
"Já foram metendo bala em cima do meu carro", disse o pai da jovem, Alexandre Silva Rangel, 53, em um vídeo que circula nas redes sociais. Ele, que dirigia o veículo, contou que, assim que ouviu a sirene da viatura, deu seta imediatamente indicando que iria encostar o carro.
"Acertou um tiro de fuzil na cabeça da minha filha", disse Alexandre. Ele mostrou que o mesmo tiro passou de raspão em seu dedo.
Os policiais confirmaram que fizeram os disparos, segundo a Globonews. Em nota, a PRF lamentou o episódio e informa que "acompanha a situação e presta assistência à família da jovem" e que colabora com as investigações.
(Folhapress)