Vidas secas Quotes

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Vidas secas Vidas secas by Graciliano Ramos
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Vidas secas Quotes Showing 1-30 of 37
“Se aprendesse qualquer coisa, necessitaria aprender mais, e nunca ficaria satisfeito.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Deu um pontapé na cachorra, que se afastou humilhada e com sentimentos revolucionários.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Sabia perfeitamente que era assim, acostumara-se a todas as violências, a todas as injustiças. E aos conhecidos que dormiam no tronco e aguentavam cipó de boi oferecia consolações: — “Tenha paciência. Apanhar do governo não é desfeita.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Natural, xingar a mãe de uma pessoa não vale nada, porque todo mundo vê logo que a gente não tem intenção de maltratar ninguém. Um ditério sem importância.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Olhou a catinga amarela, que o poente avermelhava. se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de se entender, antes de nascer, sucedera o mesmo - anos bons misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar.
Ele marchando para casa, trepando a ladeira, espalhando seixos com a alpercatas - ela se avizinhando a galope, com vontade de matá-lo.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? Tinha obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. Cortar mandacaru, ensebar látegos — aquilo estava no sangue. Conformava-se, não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Nova dificuldade chegou-lhe ao espírito, soprou-a no ouvido do irmão. Provavelmente aquelas coisas tinham nomes. O menino mais novo interrogou-o com os olhos. Sim, com certeza as preciosidades que se exibiam nos altares da igreja e nas prateleiras das lojas tinham nomes.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Iam-se amodorrando e foram despertados por Baleia, que trazia nos dentes um preá. Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinha Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensanguentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Hell, Hell—"

He couldn't believe that a word with so musical a ring could be the name of something bad.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Não queria morrer. Estava escondido no mato como tatu. Duro, lerdo como tatu. Mas um dia sairia da toca, andaria com a cabeça levantada, seria homem.
— Um homem, Fabiano.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Fabiano dava-se bem com a ignorância. Tinha o direito de saber? Tinha? Não tinha. — Está aí. Se aprendesse qualquer coisa, necessitaria aprender mais, e nunca ficaria satisfeito.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“O menino mais novo interrogou-o com os olhos. Sim, com certeza as preciosidades que se exibiam nos altares da igreja e nas prateleiras das lojas tinham nomes. Puseram-se a discutir a questão intricada. Como podiam os homens guardar tantas palavras? Era impossível, ninguém conservaria tão grande soma de conhecimentos. Livres dos nomes, as coisas ficavam distantes, misteriosas. Não tinham sido feitas por gente. E os indivíduos que mexiam nelas cometiam imprudência. Vistas de longe, eram bonitas. Admirados e medrosos, falavam baixo para não desencadear as forças estranhas que elas porventura encerrassem.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Por que não haveriam de ser gente, possuir uma cama”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“¿Acaso no verán que él era de carne y hueso? Tenía que trabajar para los otros; muy bien, sabía cuál era su lugar. Había nacido con ese destino, nadie tenía la culpa de que hubiera nacido con un destino ruin. ¿Qué hacer? ¿Podía cambiar la suerte? Si le aseguraran que era posible mejorar de situación, se asombraría. Había venido al mundo para amansar potros, curar heridas con rezos, arreglar cercas en invierno y en verano. Era su destino. Así había vivido su padre, y su abuelo. Y hasta allí llegaban sus ancestros. Cortar cactos, lustrar arreos. Todo eso estaba en la sangre. Se resignaba, no pretendía más. Si le dieran lo que le pertenecía, estaría conforme. No se lo daban. Era un desgraciado, era como un perro, sólo recibía huesos. Y, por si fuera poco, los ricos se robaban también una parte de los huesos. Casi daba asco que personas importantes se ocuparan en tales porquerías.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“An”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Pestes”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Entrava dia e saía dia. As noites cobriam a terra de chofre. A tampa anilada baixava, escurecia, quebrada apenas pelas vermelhidões do poente.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Resistiram à fraqueza, afastaram-se envergonhados, sem ânimo de afrontar de novo a luz dura, receosos de perder a esperança que os alentava.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Someone in the women's cell was crying and cursing the fleas. Some whore probably, the kind that would take on anybody. She was no good either. Fabiano wanted to yell to the whole town, to the judge, the chief of police, the priest, and the tax collector, that nobody in there was worth a damn. He, the men squatting around the fire, the drunk, the woman with the fleas —they were all completely worthless, fit only to be hanged.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“He was stupid, yes; he had never had any schooling; he didn't know how to explain himself. Was he in jail because he doesn't know how to explain things right? What was wrong with his being stupid? He worked like a slave, day in and day out. [...] Was it his fault he was stupid? Who was to blame?”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Na catinga ele às vezes cantava de galo, mas na rua encolhia-se.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“O pirralho não se mexeu, e fabiano desejou matá-lo.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Fabiano estirou o beiço, duvidando.”
Graciliano Ramos, Vidas secas
“Diante dos juazeiros, Fabiano apressou-se. Sabia lá se a alma de Baleia andava por ali, fazendo visagem?”
Graciliano Ramos, Vidas secas

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