Cem anos e mais
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Lembro de estar em Cartagena quando a Netflix estava em altas negociações com a família de Gabriel García Márquez para a série sobre um dos principais trabalhos do escritor colombiano. E o desfecho se deu com a estreia, no último dia 11, de “Cem Anos de Solidão”, a série esperada pelos fãs na plataforma de streaming. E não decepciona. Ali está a força do realismo mágico do colombiano ganhador do Prêmio Nobel. Graças a um alinhamento que os diretores da plataforma fizeram com a família García Márquez alguns, definindo os pilares do projeto: gravação em espanhol e produção na Colômbia. Assim a família viu a possibilidade real de preservar a essência da obra garantindo que o “legado ressoe”. A partir do lançamento já se pode perceber o início de novo impacto cultural e econômico para o audiovisual colombiano. E, por lá, as produções não param. Ainda bem.
Não posso deixar de lembrar do primeiro longa-metragem brasileiro financiado e produzido pela mesma plataforma, depois de conhecer e reconhecer o trabalho do diretor Marcelo Galvão, no Festival de Cinema de Gramado, em 2012. Depois de impactar o país com seu longa “Colegas”, a Netflix o chamou para seu primeiro filme realizado daquela forma em solo brasileiro. Foi assim que nasceu “O Matador”, de 2017. E Galvão estava feliz demais em produzir e ver sua estreia da obra em centenas de países, "sem precisar correr atrás de financiamento”. Real e atual. Mas, voltando à série colombina, o romance original, de alguma forma, conta, de forma envolvente, “a história de um povo de um país como a Colômbia, mas também capta a história da América Latina”. Esta fala do cineasta argentino Alex García López, um dos diretores da série, deixa claro o caráter universal da obra. O primeiro episódio começa com o casamento de José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán, mostra a fundação da mítica Macondo e termina com o nascimento do segundo filho do casal, Aureliano, que mais tarde se tornaria o lendário coronel Aureliano Buendía. Vale, e muito.