PROERD na aldeia

PROERD na aldeia

A Brigada Militar escreveu mais um capítulo de humanidade e respeito para encher de orgulho a história do nosso Rio Grande do Sul. Policiais Militares do 2º BPAT diplomaram, como formandos do PROERD, 10 crianças do quinto ano do Ensino Fundamental na Aldeia Ñhu Porã, localizada em Torres, RS.

Oscar Bessi

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A Brigada Militar escreveu mais um capítulo de humanidade e respeito para encher de orgulho a história do nosso Rio Grande do Sul. Policiais Militares do 2º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (2º BPAT) diplomou, como formandos do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD), 10 crianças do quinto ano do Ensino Fundamental na Aldeia Ñhu Porã, localizada no Campo Bonito, em Torres, litoral norte do RS. Quando li a notícia, destacada no portal do nosso Correio do Povo esta semana, um dos poucos veículos de imprensa a valorizar o ato, meu coração se encheu de alegria. Não foi a primeira ação da BM na aldeia: em março do ano passado, os policiais militares do PROERD se uniram e conseguiram doar 75 kits de material escolar às crianças da aldeia, num gesto de carinho, interesse e solidariedade.

Um dos momentos lindos da formatura foi a apresentação do coral da aldeia, que, além das canções tradicionais da cultura Guarani, apresentou uma versão do hino do PROERD no idioma indígena. Magnífico! Histórico! Que trabalho, este do instrutor do Proerd, Soldado PM Julian Diego da Silva, do 2º BPAT, e de todos os colegas de farda e integrantes do comando que o apoiaram! A aldeia enfrenta a mesma dificuldade que todas as aldeias daqueles que já foram os donos destas terras, e sucumbiram massacrados pela ganância, enfrentam. Quem quiser saber mais sobre a Ñhu Porã, e entender a importância do trabalho realizado pela BM, pode pesquisar e baixar gratuitamente para leitura o e-book “História Ilustrada – Relatos da Cultura e História Mbya Guarani sob a ótica indígena”, apresentado por Kuaray (ou Francisco Moreira Alves), professor da aldeia. O livro, que descreve o cotidiano da tribo, foi desenhado e escrita pelos alunos indígenas com tradução da língua guarani para a língua portuguesa e nasceu de uma parceria do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a escola da aldeia em oficina de quadrinhos e criação literária. Por isso digo sempre e repito: a literatura (bem conduzida, não levada por ganâncias e egos) humaniza, afasta violências e só a Educação constrói um novo mundo de paz e respeito entre os humanos.

A primeira turma de PROERD que estendeu a mão aos nossos povos originários atendeu as crianças da Terra Indígena do Guarita, em Tenente Portela, no ano de 2008. No Mato Grosso do Sul, mês passado, a PM daquele estado formou a 30ª turma de PROERD na Aldeia Amambai, com 132 alunos. No Acre, lideranças indígenas pediram ao Comando da PM que leve o PROERD aos povos Huni Kuin, e o comando da polícia militar vai fazer mais: além das aulas do Programa, vai com o Batalhão Ambiental, com a Patrulha Maria da Penha e a Coordenação de Polícia Comunitária e Direitos Humanos. A Polícia Militar faz. Em todo o Brasil. Vai lá aonde ninguém mais vai. Se metade das vozes militantes e críticas que andam por aí também se apresentassem para arregaçar as mangas, e fazer algo pelos excluídos deste país como esses policiais militares estão fazendo, teríamos outra realidade nacional. Falar é fácil. Fazer é para quem sabe.


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