Mortes e absurdos
Parece que 2024 está encerrando seus dias com notícias permeadas de absurdo. Tragédias aéreas, tragédias rodoviárias, queda de ponte movimentada em pleno horário com alto fluxo de veículos, mortes inexplicáveis. É certo que em 2025 teremos ainda um punhado de más notícias para nossa leitura e reflexão. Mas que tenhamos, pelo menos, mais motivos para sorrir do que para chorar.
publicidade
Que este ano já vai tarde, penso que todos concordamos. Por mais que alguns de nós tenhamos algumas notícias boas em nossas vidas, só o que nos aconteceu em maio passado já dá pra ter aquela sensação estranha do “adeus” necessário. Que não é bem um alívio, pois segue presente em marcas, saudades, mudanças drásticas e com doses de desconfiança e medo, mas pelo menos vem acompanhada de um pedido e uma esperança: que fique no passado, que nunca mais se repita. Mas parece que 2024 está encerrando seus dias com notícias permeadas de absurdo. Tragédias aéreas, tragédias rodoviárias, queda de ponte movimentada em pleno horário com alto fluxo de veículos, mortes inexplicáveis.
Para espanto de todos, numa investigação que já se mostra ágil - mesmo que ande com toda a cautela necessária nesses casos - o chocante caso do bolo que matou três mulheres de uma mesma família ganhou ingredientes (perdão pelo trocadilho) de mistério e suspense: havia arsênico no sangue das vítimas. O que aconteceu? A polícia gaúcha caminha ao encontro das respostas pára um caso que abalou nossa gente. Como nos abalamos com o acidente aéreo que, a princípio, levou dez pessoas da mesma família em Gramado, no último final de semana. “Quando Deus decide que é a hora, não há o que fazer” me disse um amigo, ao comentarmos o ocorrido, falando sobre as condições climáticas para voo naquela manhã de domingo e o que mais pode ter acontecido. Também só uma investigação muito criteriosa e bem complexa irá nos dizer.
Agora, há situações que fogem da normalidade e não são por interferência divina. Uma testemunha do acidente que matou 41 pessoas em Minas Gerais afirma que a carreta estava em alta velocidade, invadiu a contramão e atingiu o ônibus, que pegou fogo. Seu condutor estava com a CNH vencida e fugiu do local sem prestar socorro nem às crianças atingidas que pediam ajuda. Chegou a ser preso, mas a justiça mineira determinou sua soltura. A gente fica pensando na dor de todas essas famílias e relembra o caso que levou nossos jovens atletas do remo de Pelotas, há poucos dias. E a ponte que caiu no Tocantins? Mesmo com tantos pedidos, alertas e denúncias, seguiu sem qualquer reparo até matar, até agora, pelo menos nove pessoas ao desabar. Aí, me perdoem, é a mão cruel do homem que atua. Seja no desrespeito às regras ou simplesmente no descaso com a vida alheia. Nada disso precisava ter acontecido.
É certo que em 2025 teremos ainda um punhado de más notícias para nossa leitura e reflexão aqui na página policial. Crimes, criminosos, violências. O banal e o inacreditável. A ação de alguns maus policiais contrastando com a de muitos policiais heróis seguirão, ambas, sendo notícia. É do ser humano essa coisa de agredir sem ser atacado, sem estar em perigo, agredir apenas por agredir. Mas que no próximo ano tenhamos, pelo menos, mais motivos para sorrir do que para chorar. Que o mais belo tom possível de humanidade, que todos nós carregamos, fale mais alto dentro de cada um de nós.