Causas para disputas do tráfico nunca cessarem

A morte de dois criminosos em Canoas, num intervalo de poucos dias, é atribuída a seus rivais no tráfico de drogas. Nenhuma surpresa, nenhuma novidade. Acontece toda hora no mundo todo. Ambos tinham uma extensa ficha criminal. A preocupação do estado deveria ser deixá-los enclausurados e só. Mas aí entram todos esses contextos e visões sobre o tema, a maioria sem ajudar em nada, mas bagunçando bastante o já problemático contexto penitenciário brasileiro. Há quem diga que se prende demais no Brasil. Mas qualquer um sabe é que, na verdade, se solta é demais. Somos permissivos querendo posar de esperançosos.
Então como parar essa fábrica ininterrupta de bandidos que assola nossa juventude?
Porque enquanto isto não parar, essa engranagem vai se alimentar cada vez mais, encontrando amparo e estímulo na imensa população desinformada, desestimulada pelos caminhos corretos sem perspectiva e incentivada por consumismos, imediatismos e valores humanos duvidosos.
O mercado das drogas ilícitas movimenta bilhões de dólares no mundo todo, todos os dias. Um negócio que cada vez mais cresce e se alia ao mercado de armas, e se consolida como “empresa” na expansão das atuações de grupos organizados, ou mais ou menos organizados, aos crimes entrelaçados, como roubos e falsificações, golpes virtuais, jogos ilegais, trabalho escravo, tráfico humano e outras formas violentas de se ganhar dinheiro no crime.

Não é um mundo fácil, estes que estamos permitindo que se (des)construa para entregar aos nossos descendentes. Violências humanas e ambientais. A estupidez na contramão das imensas possibilidades que a ciência poderia proporcionar.

Pense num grupo de amigos de uma empresa, pense num grupo da sua comunidade e que orbita ao seu redor. Talvez você nem imagine quantos deles, em segredo, consomem drogas ilícitas, ou quantos vivem o pesadelo de alguém que se entregou ao vício na família e não consegue se libertar. Talvez você nem imagine o que acontece em milhares de festas por aí, a cada noite de final de semana. Talvez você conheça muito bem tudo isso e ache bobagem tudo o que estou dizendo.
É que você talvez não tenha tropeçado no cadáver de crianças mortas pelo tráfico.

Nossas polícias, aqui no RS, têm dado respostas firmes e imediatas ao narcotráfico que tenta lucrar nas ruas das nossas cidades. Há professores fazendo milagres em escolas no seio de regiões conflagradas, chegando a ser família e amparo para milhares de pequenas vítimas desse circuito gigante de violências. Mas estes guerreiros parecem nadar contra a maré numa sociedade que insiste em se prejudicar. Porque, afinal, ninguém mataria por território se não houvesse muito consumidor dando altíssimos lucros aos traficantes de drogas. Sem qualquer pudor. Sem qualquer remorso.