Soneto 126
Soneto 126 |
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O thou, my lovely boy, who in thy power |
–William Shakespeare |
O Soneto 126 foi escrito por William Shakespeare e faz parte dos seus 154 sonetos.
Análise
[editar | editar código-fonte]Estruturalmente, este não é um soneto. É uma das duas únicas exceções entre os 154 sonetos.[nota 1][2][3]
Poder-se-ia dizer que lhe faltou o dístico final. Mas a disposição rímica demonstra 6 dísticos, fazendo supor que há nesta composição poética uma junção de 6 dísticos de sonetos outros (não escritos, talvez). Ou se poderia pensar que a série dedicada a Southampton está fechada como se fosse um ofertório final de uma balada.[1]
Neste poema, o autor faz uso de algumas técnicas poéticas, tais como aliteração, alusão e enjambement.[4]
Sinopse
[editar | editar código-fonte]Este poema faz uma alegoria do jovem e do Cupido, o deus-criança do amor. Ele avisa ao menino que a juventude não dura para sempre, por mais devagar que passe. [3]
Nos seus versos, o poeta descreve o favoritismo do Jovem aos olhos da natureza. Isso lhe permite passar pelos estágios da vida, mantendo sua beleza de uma forma incomum. Mas, à medida que este poema chega ao fim, o poeta admite que a decadência o tocará como toca a todos os outros.[4]
Traduções
[editar | editar código-fonte]Tradução de Milton Lins
[editar | editar código-fonte]Ó tu, meu bom rapaz, que em teu poder
Tens o espelho do Tempo e do viver;
Pudeste, sem temor, e com sentido,
Teus amigos secando, ter crescido!
Se a Natureza, quando à frente vais,
Com seu poder te puxa para trás,
Ela te põe assim, é sua sina,
Seu tempo num minuto te assassina.
Deves temê-la à voz do seu desdouro;
Ela se tem, mas prende seu tesouro:
Sua intenção te leva a persistir,
E sua quitação é te extinguir.
Tradução de Emmanuel Santiago
[editar | editar código-fonte]O tradutor manteve a construção de 12 versos, em 6 dísticos, modificando, no entanto, a métrica e o ritmo, e o fez em dodecassílabo, com ritmo de tetrâmetro anapéstico. Deixou, no fim, dois versos vazios, entre 2 parênteses, indicando sua falta para a completude do soneto.
Tu, querido rapaz, que gentil te assenhoras
Da ampulheta do Tempo e colheita das horas,
Que minguando floresces, ainda que vejas
Teus amantes murcharem enquanto vicejas;
Se a Natura (que sobre destroços governa)
Quando avanças te puxa de volta uma perna,
É por esta razão: pelos seus atributos
De causar dano ao Tempo e matar vis minutos.
Mas tu deves temê-la, Ó dileto vassalo!
Que ela guarda, mas sem conservar, seu regalo.
E tal dívida, mesmo em atraso, é quitada,
E quitá-la há de ser, para ti, derrocada.
( )
( )
Tradução de José Arantes Júnior
[editar | editar código-fonte]O tradutor José Arantes Júnior fugiu ao poema estruturado em dísticos do poeta e deu uma feição de soneto a este poema, pondo, inclusive, um título no mesmo. [6]
O Avançar e o Retroceder
Gentil rapaz, quem com um raro poder
Pode parar a hora da ampulheta ativa,
Quem, em crescimento de se esmorecer,
Pode se constatar com tal estimativa?
O teu amor decai em brando progresso
Se a natureza te poupa na destruição,
Quando avanças, voltas em retrocesso,
E ela te preserva por sua apreciação;
Lesa o tempo e mata o ignóbil minuto
Tema-a, favorito, mas sem vil agouro,
Ela pode te impedir de modo resoluto
Mas, não pode subtrair o teu tesouro;
O juízo, embora lento, será atendido,
A paz virá quando tiveres te rendido.
Tradução de Paulo Camelo
[editar | editar código-fonte]O sonetista Paulo Camelo, a exemplo de José Arantes Júnior, reformatou o poema de Shakespeare para a forma de soneto, dentro dos parâmetros do autor: versos decassílabos, heróicos ou sáficos, perseguindo sempre o pentâmetro iâmbico (característica dos sonetos de Shakespeare), com um acréscimo de construção, todo em ritmo holístico.[nota 2] [7]
Ó tu, amado jovem, que no teu
poder seguras todo esse inconstante
invólucro do tempo em um instante
e que cresceste como não cresceu
em teus amantes o dulçor, o viço,
e se essa Natureza, soberana,
ainda te segura, e não te engana,
em te manter, em te puxar, com isso,
entende que essa sua habilidade
em desgraçar o tempo te mantém
com teu prazer, porém não te convém
que ela demonstre toda a qualidade.
Ela demora muito ao responder,
pois seu silêncio é para te render.
Notas e referências
Notas
- ↑ O outro é o Soneto 99, que apresenta 15 versos, que, pela sua disposição, pela disposição de suas rimas, tem um quinteto iniciando. Ou lhe foi colocado um título não numérico.[1]
- ↑ O ritmo holístico leva em conta todas as sílabas átonas em final de versos com palavras paroxítonas e as faz aglutinar com a primeira sílaba do verso seguinte, não havendo, com isso, uma quebra entre um verso e outro, em todo o poema.
Referências
- ↑ a b c SHAKESPEARE, William - Sonetos de William Shakespeare / tradutor: Milton Lins. Recife: FacForm, 2005. ISBN 978-85-98896-04-5
- ↑ «Summary and Analysis Sonnet 126». Shekespeare’s Sonnets. Consultado em 23 de dezembro de 2024
- ↑ a b «Soneto 126». Consultado em 23 de dezembro de 2024
- ↑ a b Shakespeare. «Soneto 126». Poemanalysis. Consultado em 23 de dezembro de 2024
- ↑ «As traduções de Emmanuel Santiago para doze sonetos de Shakespeare, por Gilberto Cruvinel». Jornal GGN. Consultado em 23 de dezembro de 2024
- ↑ José Arantes Júnior. «Sonetos completos de William Shakespeare» (PDF). Consultado em 25 de dezembro de 2024
- ↑ William Shakespeare / Paulo Camelo (1 de janeiro de 2025). «Soneto 126». Recanto das Letras. Consultado em 19 de janeiro de 2025