Relações internacionais do Canadá
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As relações internacionais do Canadá estão baseadas primariamente em uma forte política de multilateralismo, e estreitos laços políticos e diplomáticos com os Estados Unidos da América. O Canadá também possui estreitas relações com o Reino Unido, e em menor escala, com a França. Esta relação se estende a outros antigos membros dos impérios britânicos e franceses, através da Commonwealth e da Francofonia.
Segundo sua política de multilateralismo, nos últimos 60 anos, o Canadá passou a se esforçar cada vez mais em resolver problemas globais, em colaboração conjunta com outras nações. Isto foi claramente demonstrado durante a Crise de Suez de 1956, quando Lester B. Pearson diminuiu tensões quando propou esforços de paz, e a criação dos boinas azuis. Neste espírito, o Canadá teve, e atualmente procura manter, um papel importante nos esforços dos boinas azuis. O Canadá atuou em 50 missões de paz, incluindo toda missão de paz da ONU até 1989, embora as contribuições do país nos boinas azuis tem diminuido nos últimos anos.
O Canadá é membro-fundador da OTAN. Porém, o país geralmente não participa de guerras que não sejam sancionadas pela Organização das Nações Unidas, como a Guerra do Vietnã e a Invasão do Iraque, mesmo sendo organizadas por países-membros da OTAN, primariamente, os Estados Unidos. O Canadá participou ao lado de outros países-membros da OTAN em guerras que sejam sancionadas pela ONU, tais como a Guerra do Golfo ou a Guerra Contra o Terror.
Multilateralismo
[editar | editar código-fonte]O Canadá é um grande incentivador do multilateralismo. O país é um dos mais atuantes nas medidas de manutenção de paz, enviando contingentes sob a autoridade das Nações Unidas para várias regiões conflituosas do mundo.[1] O ex-Ministro de Relações Exteriores, Lester B. Pearson, é creditado por suas contribuições à moderna estrutura de manutenção de paz internacional, pela qual foi agraciado com o Nobel da Paz em 1957.[2] O Canadá também atua nas questões de desarmamento e teve uma postura notória na Convenção de Ottawa de 1997, quando foi proibido "o uso, estocagem, produção e transferência de minas terrestres".[3]
Desde o último século, o Canadá tem se esforçado para exercer a sua influência como uma média potência, capaz de lidar diplomática e comercialmente com nações grandes e pequenas. Isto foi demonstrado com maior amplitude durante a Crise do Suez, quando Lester B. Pearson solucionou a tensão propondo a intervenção das Forças de manutenção da paz das Nações Unidas. Desde então, o país tem tido uma liderança global em assuntos de negociações de paz.[4]
O governo do Canadá, desde a última década, foi relutante em cooperar com operações militares internacionais sem o aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas, como por exemplo a Guerra do Vietnã e a Invasão do Iraque em 2003, estas lideradas por seu principal aliado político e econômico, os Estados Unidos.
Apesar da postura marcante dos canadenses como uma democracia liberal estar diretamente ligada à Declaração Universal de Direitos Humanos, o governo canadense não demonstra interesse em colaborar com a Reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas; embora seja um dos defensores de reformas no sistema das Nações Unidas.[5]
- Ásia
Em 1985, o Parlamento do Canadá aprovou um Ato criando a Fundação Ásia-Pacífico, um think tank com foco nas relações entre o Canadá e as nações asiáticas, com o objetivo de fortalecê-las. O Canadá também busca expandir seus laços diplomáticos com economias do Círculo do Pacífico através de sua participação na OPEC.
- Caribe
Grande parte das nações do Caribe, especialmente os membros da Comunidade do Caribe, possuem uma visão positiva sobre o Canadá como parceiro comercial.[6] Os canadenses, particularmente os bancos canadenses, desempenharam papel importante na formação das antigas Índias Britânicas. Esforços para promover o comércio incluem a proposta de um tratado de livre comércio em substituição ao Acordo CARIBCAN de 1986. Por várias vezes, nações caribenhas planejaram integrar a Confederação do Canadá como membros-observadores, porém nenhum planejamento oficial foi formalizado.
- América Latina
Nos anos recentes, líderes canadenses têm ampliado seu interesse na América Latina. O Canadá possui relações diplomáticas com a Venezuela desde 1953 e suas relações estão baseadas em interesses comerciais mútuos, especialmente tecnologia e combustíveis. O Canadá também têm sido um forte concorrente do Brasil, maior potência da América Latina, na indústria aeroespacial, já que suas empresas líderes no setor (Bombardier e Embraer, respectivamente) figuram entre as maiores do mundo.
Membresia internacional
[editar | editar código-fonte]O Canadá é membro pleno das seguintes organizações:[7]
Organização das Nações Unidas (ONU) e suas agências especializadas • CSNU • OPEC • Conselho Ártico • ASEAN • Grupo da Austrália • BIS • Comunidade das Nações • Grupo dos 20 • G7 • G8 • G10 • Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) • Fundo Monetário Internacional (FMI) • AIEA • Interpol • MICVCV • CIC • Organização Mundial do Comércio (OMC) • NAFTA • OTAN • Organização dos Estados Americanos (OEA) • Organização Internacional da Francofonia (OIF) • Grupo de Fornecedores Nucleares (GFN) • Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA) • Clube de Paris • UNESCO
Relações bilaterais
[editar | editar código-fonte]País | Início das relações formais | Notas |
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Brasil | Maio de 1941 | Ver: Relações entre Brasil e Canadá
As relações entre Brasil e Canadá têm sido cordiais, mas relativamente limitadas, embora a relação entre os dois países tenha evoluindo gradualmente ao longo do tempo. O Canadá tem uma embaixada em Brasília e consulados em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O Brasil tem uma embaixada em Ottawa e consulados em Toronto, Montreal e Vancouver. |
Cuba | 1945 | Ver: Relações entre Canadá e Cuba
Canadá e Cuba têm mantido relações diplomáticas cordiais, apesar da consistente pressão dos Estados Unidos, e a ilha caribenha é um dos maiores destinos turísticos dos canadenses. As relações entre os dois países datam do século XVIII, quando as províncias do leste canadense comercializavam produtos alimentícios com a então colônia espanhola. Cuba foi o primeiro país do Caribe a receber uma representação diplomática do Canadá, em 1945. |
Estados Unidos | 18 de fevereiro de 1927 | Ver: Relações entre Canadá e Estados Unidos
As relações entre Canadá e os Estados Unidos ultrapassam mais de dois séculos de existência; As relações são marcadas pela herança britânica compartilhada, pelos conflitos durante os primeiros anos de independência estadunidense e pelo eventual desenvolvimento de uma das mais bem-sucedidas relações diplomáticas do mundo moderno. A colaboração militar e econômica entre os dois países foi fortalecida durante as Guerras Mundiais e permaneceu durante o período da Guerra Fria, apesar da resistência canadense a algumas políticos norte-americanas. Uma grande volume de comércio e migração entre os países fortaleceu os laços políticos com o passar dos anos. Canadá e os Estados Unidos são os maiores parceiros comerciais do mundo contemporâneo e mantém, juntos, a maior fronteira terrestre do planeta.[8] |
França | 1882 | Ver: Relações entre Canadá e França
Entre 2006 e 2008, o governo francês apoiou o estabelecimento de um acordo de Livre Comércio entre Canadá e União Europeia.[9] Em outubro de 2008, presidente francês Nicolas Sarkozy tornou-se o primeiro chefe de Estado francês a discursar na Assembleia Nacional do Quebec.[10] Em seu discurso, posicionou-se contra o movimento separatista do Quebec, mas reconheceu a herança cultural francesa da província.[11] |
México | Janeiro de 1944 | Ver: Relações entre Canadá e México
Historicamente frias, as relações diplomáticas entre Canadá e México têm experimentado mudanças positivas nos anos recentes; a começar pela entrada das duas nações no NAFTA. Ambos os países, que dividem o mesmo subcontinente, são importantes aliados políticos e econômicos dos Estados Unidos. O México possui uma embaixada em Ottawa e consulados-gerais em Montreal, Toronto e Vancouver. |
Reino Unido | 1880 | Ver: Relações entre Canadá e Reino Unido
Londres e Ottawa possui contato forte e cooperativo, que têm contemplado grande crescimento nos últimos anos. Ambos os países possuem relações históricas, uma vez que o Canadá foi durante séculos uma das Colônias britânicas na América. O Canadá é membro da Comunidade das Nações[12] e reconhece Isabel II do Reino Unido como chefe de Estado.[13] |
Santa Sé | 1969 | O Catolicismo romano foi estabelecido oficialmente no Canadá ainda no século XVII, quando da criação da Nova França. As relações diplomáticas entre os dois Estados foram formalmente estabelecidas em 1969. O Canadá possui uma embaixada em Roma, nas proximidades do Vaticano, e a Santa Sé mantém uma nunciatura apostólica em Ottawa. |
Questões territoriais
[editar | editar código-fonte]O Canadá e os Estados Unidos possuem negociações sobre a fronteira entre os dois países. O último acordo relevante foi realizado em 1984, quando a Corte Internacional de Justiça regulou a fronteira marítima no Golfo de Maine. Igualmente, Canadá e França já haviam contestado a fronteira marítima no arquipélago de Saint-Pierre e Miquelon, porém aceitaram as determinações da Corte Internacional de Arbitragem de 1992.
As disputas remanescentes incluem as fronteiras marítimas na Entrada Dixon, no Mar de Beaufort e no Estreito de Juan de Fuca.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «The history of Canada peacekeeping». CBC
- ↑ «Lester Bowles Pearson - Biographical». Nobelprize.org
- ↑ «Disarmament - Anti-Personnel Landmines Convention». Escritório das Nações Unidas em Genebra
- ↑ «Canada and International Peace Efforts». Consultado em 29 de setembro de 2015. Arquivado do original em 12 de julho de 2012
- ↑ «Reform of the United Nations». Governo do Canadá
- ↑ Redação (11 de outubro de 2009). «Carrington lauds Canada as 'special friend' of region». Stabroek News
- ↑ «CIA World Factbook: Canada». CIA
- ↑ «What is the world's longest border?»
- ↑ «Canada and Quebec Unite on EU Free Trade Accord». The Canadian Encyclopedia. 7 de julho de 2008
- ↑ Dolbec, Michael (8 de maio de 2008). «Sarkozy's Quebec comments stir anger». The Star
- ↑ Gazette, The (18 de outubro de 2008). «Sarkozy professes love for Canada and Quebec». Canada.com. Consultado em 28 de setembro de 2015. Arquivado do original em 4 de março de 2016
- ↑ «Member countries». The Commonwealth of Nations
- ↑ Moraes, Maurício (21 de agosto de 2010). «Austrália debate se proclama a república após morte da Rainha». R7.com