Parque Estadual do Mirador
Parque Estadual do Mirador | |
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Categoria II da IUCN (Parque Nacional) | |
Localização | |
País | Brasil |
Estado | Maranhão |
Mesorregião | Leste Maranhense |
Microrregião | Chapadas do Alto Itapecuru |
Localidade mais próxima | Mirador[1] |
Dados | |
Área | [2] | 437 845 hectares (4 378,5 km2)
Criação | 4 de junho de 1980 (44 anos) |
Gestão | Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão |
Coordenadas | |
O Parque Estadual do Mirador é uma unidade de conservação brasileira localizada no município de Mirador, estado do Maranhão, região Nordeste do Brasil.[1] É a maior unidade de conservação de proteção integral do estado, com área total de 766.781,90 hectares.[3][4]
História
[editar | editar código-fonte]Situado próximo às nascentes dos rios Alpercatas e Itapecuru,[1] Mirador foi criado pela lei n° 7.641, de 4 de junho de 1980. O parque engloba em torno de 60% do município de Mirador, um dos maiores do estado.[2]
Características geográficas
[editar | editar código-fonte]O Parque Estadual do Mirador se localiza no centro-sul do Maranhão, na microrregião das Chapadas do Alto Itapecuru.[4]
O parque é circundado pelos municípios de Mirador, Formosa da Serra Negra, Loreto, São Felix de Balsas, São Domingos do Azeitão, Sambaíba e Fernando Falcão.[4]
Também se localizam nas proximidades do parque as Terras Indígenas: a TI Kanela e a TI Kanela/Memortumré (habitadas pelo povo Canela Ramkokamekrá) e a TI Porquinhos dos Canela-Apänjekra (onde vivem os Canela Apanyekrá). Tais áreas formam o segundo maior bloco de Cerrado protegido do Brasil. [4]
Relevo e pedologia
[editar | editar código-fonte]A geomorfologia da área faz parte da bacia sedimentar do Parnaíba, sob influência dos chapadões, chapadas, como as serras da Crueira, Itapecuru e Alpercatas.[5]
A Serra do Itapecuru apresenta forma alongada, com cerca de 100 km de extensão na direção WSW-ENE e 45 km de largura, com altitudes máximas de 660 metros.[5]
A região apresenta latossolos vermelho-amarelo, com textura argilosa nos topos e médias nos vales, associados a areias quartzosas e solos litólicos, pedregosos e rochosos situados nas encostas.[6]
Hidrografia
[editar | editar código-fonte]No parque estão localizadas: a nascente do rio Alpercatas (um dos principais afluentes do rio Itapecuru), na parte oeste do parque: e a nascente do rio Itapecuru, um dos maiores e mais importantes rios do estado, nascendo no sistema formado pelas Serras de Crueira, Itapecuru e Alpercatas e que percorre cerca de 1.050 km no leste do Maranhão até sua foz na baía do Arraial ao sul da ilha de Upaon-Açu. [7]
Clima
[editar | editar código-fonte]O clima da região do parque é o tropical seco e sub-úmido, registrando precipitação pluviométrica anual de cerca de 1200 mm.
A média das temperaturas máximas varia de 31,4°C a 33°C e das mínima 19,5° a 21°C.
Biodiversidade
[editar | editar código-fonte]O Parque se constitui num hotspot da biodiversidade do Cerrado, tanto pelo tamanho e localização, como pela quantidade e variedade de espécies, sendo uma área-chave para a conservação da biodiversidade.[4]
Entre as diversas fisionomias da unidade estão: Cerrado Típico, Cerrado Ralo, Cerradão, Campo Úmido, Chapadões e Mata de Galeria.[8]
Flora
[editar | editar código-fonte]Entre as espécies vegetais do cerrado encontradas no parque estão:
- o gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), o ipê (Tabebuia aurea e Tabebuia roseoalba), pau-terra (Qualea parviflora e Qualea grandiflora), carvoeiro (Sclerolobium paniculatum), sucupira-branca (Pterodon emarginatus), piqui (Caryocar coreaceum), aroeira (Myracrodruon urundeuva), o tingui (Magonia pubescens), a sambaíba (Davilla kunthii e Davilla aymardii);
- palmeiras como o babaçu (Attalea speciosa) e o buriti (Maurita flexuosa);
- árvores frutíferas como o bacuri (Platonia insignis), o murici (Byrsonima crassifolia), o araçá (Psidium Pohlianum), o jenipapo (Tocoyena formosa), croada ou puça-de-tampa (Mouriri ellipitica), caigateira (Eugenia dysenterica), a mangabeira (Hancornia speciosa) e o cajueiro (Anacardium occidentale);
- e medicinais como a sucupira (Bowdichia virgilioides), o manacá (Spiranthera odoratissima), fava-d'anta (Dimorphandra gardeneriana), massaranduba ou curriola (Pouteria ramiflora), lixeira ou cajueiro-bravo-do-campo (Curatella americana), jatobá (Hymenaea courbaril), dentre diversas outras.[9][6][8]
Fauna
[editar | editar código-fonte]A fauna é variada e de extrema importância para o ecossistema da região, e entre as várias espécies pode-se destacar urubu-rei (Sarcoramphus papa), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e cachorro-do-mato-vinagre ((Speothos venaticus). O parque é também habitat do gato-palheiro (Leopardus colocolo), espécie que corre algum risco de extinção.[10][4]
O gato-do-mato (Leopardus tigrinus) é uma das principais espécies do parque.[4]
Ictiofauna
[editar | editar código-fonte]Em 2011, por meio de um projeto que teve como objetivo principal o levantamento da quantidade de tipos de peixes que ocorrem na rede hidrográfica do parque, foi revelado um número aproximado de 60 diferentes espécies, entre elas: jacundá (Crenicichla menezesi), mandi-mole (Pimelodella parnahybae), lampreia (Eigenmannia virescens), cascudo (Loricaria cataphracta), traíra (Hoplias malabaricus), muçum (Synbranchus marmoratus), acará (Aequidens tetramerus), ituí-cavalo (Apteronotus albifrons), tamatá (Megalechis thoracata), mandi-preto (Trachelyopterus galeatus), piau (Leporinus piau), dentre outras.[11] [3]
Ameaças
[editar | editar código-fonte]A caça ilegal e a falta de fiscalização é uma das principais ameaças à fauna da unidade de conservação, tornando algumas espécies localmente extintas, como o queixada e o tatu-canastra.[4]
O desmatamento e as queimadas também representam um risco à conservação do parque. Entre 1 de janeiro a 18 de outubro de 2020, houve 111.350 hectares de área queimada de acordo com o Sistema Alarmes. A ausência de um Plano de Manejo e Conselho Gestor dificultam a implementação de medidas mais efetivas para a conservação do do Parque Estadual de Mirador. [4]
O parque também é foco de questões fundiárias, com propriedades privadas localizadas no seu interior, invasões e falta de titulação de comunidades tradicionais que lá vivem desde antes da criação da unidade.[4]
O MATOPIBA tem sido considerado a nova fronteira agrícola do Brasil por ainda possuir a maior área natural de cerrado, tendo o sul do estado atraído diversos empresários do setor agrícola. No entanto vastas áreas de cerrados estão dando lugar a grandes plantações de monoculturas, como a soja e o milho, causando impactos ambientais e deteriorando a biodiversidade do bioma e da região.[6]
Administração
[editar | editar código-fonte]Mirador é administrado pelo estado, por meio da Superintendência de Biodiversidade e Áreas Protegidas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema). Até 2015, havia uma gestão compartilhada com a ONG Pro-Vida Brasil. Com o fim do contrato, ambientalistas entendem que houve um retrocesso na conservação ambiental.[2]
Em 2005, uma megaoperação foi organizada para a retirada de cerca de nove mil cabeças de gado da área. Tal operação envolveu técnicos e agentes ambientais da Sema, policiais do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e guardas do parque da Coopermira.[12][nota 1]
Em setembro de 2003, foi implantado o Programa de Educação Ambiental do Parque Estadual do Mirador, cujo foco é, sobretudo, a conscientização ecológica de crianças e jovens.
Notas
Referências
- ↑ a b c Raimundo N.M. da Silva (2000). «Caracterização dos impactos ambientais no rio Itapecuru (...)» (PDF). Associação Brasileira de Recursos Hídricos. Consultado em 18 de setembro de 2015[ligação inativa]
- ↑ a b c d Da redação (2013). «Parque Estadual de Mirador: proposta de gestão compartilhada». Jornal de Mirador. Consultado em 18 de setembro de 2015
- ↑ a b Emanoel Pascoal (7 de Junho de 2013). «Pesquisa identifica novas espécies de peixes no Parque Estadual do Mirador». Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema). Consultado em 19 de setembro de 2015. Arquivado do original em 26 de agosto de 2016
- ↑ a b c d e f g h i j «Maior parque do Maranhão, Parque Estadual do Mirador sofre com caça». ((o))eco. 21 de outubro de 2020. Consultado em 4 de abril de 2021
- ↑ a b Veruska Costa de JESUS ; Helen Nébias BARRETO; Ediléa Dutra PEREIRA Profª. Drª.do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Maranhão Email: edileap@gmail.com. PROCESSOS DENUDACIONAIS EM DOMÍNIOS DE CHAPADAS ARENÍTICAS NO CENTRO SUL DO MARANHÃO. [S.l.: s.n.]
- ↑ a b c Conceição, G. M. da; Castro, A. a. J. F. (2009). «Fitossociologia de uma área de cerrado marginal, Parque Estadual do Mirador, Mirador, Maranhão». Scientia Plena (10). ISSN 1808-2793. Consultado em 26 de outubro de 2021
- ↑ «PLANO DE EXECUÇÃO TÉCNICA DO PROJETO "BERÇO DO RIO ITAPECURU", NO ÂMBITO DO PROGRAMA MARANHÃO VERDE» (PDF) line feed character character in
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at position 29 (ajuda) - ↑ a b Conceição, Gonçalo Mendes da; Rodrigues, Maira dos Santos (25 de fevereiro de 2014). «Diversidade florística das diferentes fisionomias de cerrado do Parque Estadual do Mirador, Maranhão, Brasil». Brazilian Geographical Journal (1). ISSN 2179-2321. Consultado em 26 de outubro de 2021
- ↑ Adm.ICMBio (2001). «Unidades de Conservação do Maranhão» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 18 de setembro de 2015
- ↑ Diego Queirolo; et al. (2013). «Avaliação do risco de extinção do Gato-palheiro Leopardus colocolo (Molina, 1782) no Brasil» (PDF). Biodiversidade Brasileira. Consultado em 18 de setembro de 2013
- ↑ «Estrutura taxonômica e funcional de comunidades de peixes de riachos no Parque Estadual do Mirador - Maranhão» (PDF)
- ↑ Da redação (2005). [reserva-ambiental-do-mirador-era-usada-como-pasto-para-gado «Reserva ambiental do Mirador era usada como pasto para gado»] Verifique valor
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(ajuda). Unidades de Conservação no Brasil. Consultado em 18 de setembro de 2015