Husseinitas
Husseinitas | |||
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País: | Tunísia | ||
Dinastia de origem: | Murádidas | ||
Títulos: | Bei de Tunes | ||
Fundador: | Huceine ibne Ali | ||
Último soberano: | Maomé VIII (Lamine Bei) | ||
Ano de fundação: | 1705 | ||
Ano de dissolução: | 1957 |
Os Husseinitas (em árabe: حسينيون) foram uma dinastia que reinou na Tunísia entre o início do século XVIII e a proclamação da república em 1957. O herdeiro do bei de Tunes ostentou o título de "bei do campo" (bey al-mahalla) até à independência, quando assumiu o título de príncipe herdeiro. Após a queda da monarquia passou a ser o chefe da casa real. A dinastia foi instaurada em 15 de julho de 1705 por Huceine ibne Ali.[1]
História
[editar | editar código-fonte]Depois das disputas incessantes entre corsários e janízaros pelo controlo de facto do governo da regência otomana durante o século XVII, ibne Ali impõe-se em 1705 como bei de Tunes e funda a dinastia. Graças à estabilidade política e às competências dos imigrantes mouriscos da Andaluzia, a Tunísia conhece um novo relançamento económico. Os corsários passam a gozar de menos estima e a agricultura e comércio com os europeus são de novo encorajados.
Em 1736 Ali I Paxá toma o poder destronando o seu tio Huceine Bei, que será morto pelo seu sobrinho-neto Iunus a 13 de maio de 1740.[2] Em 1756m Ali Bei é derrubado pelos dois filhos do seu predecessor que se apoderam de Tunes com a ajuda do bei de Constantina, Maomé Arraxide Bei (r. 1756–1759) e Ali II ibne Huceine (r. 1759–1782).[3]
O domínio argelino só termina em 1807 com uma vitória dos Tunisinos liderados por Hammuda Paxá (r. 1782–1814).[4] Após a eliminação dos janízaros, a influência otomana diminui ainda mais na Tunísia, o que significa que os Husseinitas passam a governar praticamente sozinhos o país. Entretanto, a economia tunisina foi consideravelmente enfraquecida por várias epidemias de peste e de cólera, bem como a destruição da frota corsária pela França em 1827.
A Hammuda seguem-se os reinados de Mamude Bei (r. 1814–1824), Huceine II Bei (r. 1824–1835), Mustafá Bei (r. 1835–1837) e Amade I Bei (r. 1837–1855). Este último é um dos soberanos mais enérgicos da dinastia. Durante os reinados dos beis seguintes, Maomé Bei (r. 1855–1859) e Saduque Bei (r. 1859–1882) são lançadas reformas com o objetivo de modernizar o país, as quais provocam um forte endividamento e a falência do Estado tunisino.
Em 1869, o Reino Unido, a França e a Itália tomam o controlo financeiro da Tunísia por intermédio duma comissão financeira internacional para supervisionar o reembolso da dívida pública do país.[5] Com o chamado "pacto fundamental", todos os privilégios são abolidos e são conferidos direitos cívicos a todos os Tunisinos. No entanto, apesar desta lei ter sido confirmada em 1861 pela primeira constituição do mundo árabe, ela nunca chegou a entrar em vigor devido às revoltas das tribos. Após a França aceitar a ocupação do Chipre pelo Reino Unido, viu-se com as mãos livres na Tunísia, ocupou país e impõe a Sadok Bei do Tratado do Bardo, assinado a 12 de maio de 1881, onde se reconhece o protetorado francês da Tunísia.[6] Desde então, o poder dos soberanos passa a ser simbólico.
Após a declaração de independência em 1956, o último soberano, Muhammad VIII (conhecido como Lamine Bei), dirige provisoriamente o "Reino da Tunísia", sem contudo mudar oficialmente o seu título. É deposto a 25 de julho de 1957, devido às pressões do primeiro-ministro Habib Bourguiba. Os Husseinitas são também desapossados dos seus bens com a proclamação da república.[7] Quando Lamine Bei morreu, a 30 de setembro de 1962, o príncipe herdeiro Hassine Bei (1893–1969), terceiro filho de Naceur Bei e irmão mais novo de Moncef Bei, fica à frente da casa real tunisina. Depois da morte de Hassine Bei nenhum príncipe da família real reclamou o título de herdeiro, mas os mais idosos continuam a suceder-se na cabeça da dinastia.
Lista de beis husseinitas
[editar | editar código-fonte]Nome | Reinado | Notas | |
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Início | Fim | ||
Huceine I Bei | 1705 | 1735 | |
Ali I Paxá | 1735 | 1756 | |
Maomé Arraxide Bei | 1756 | 1759 | |
Ali II Bei | 1759 | 1782 | Regente do príncipe Hamuda desde 1777 |
Hamuda Paxá | 1782 | 1814 | Reinado mais longo (32 anos) |
Osmã Bei | 1814 | 1814 | Reinado mais curto (3 meses) |
Mamude Bei | 1814 | 1824 | |
Huceine II Bei | 1824 | 1835 | |
Mustafá Bei | 1835 | 1837 | |
Amade I Bei | 1837 | 1855 | |
Maomé Bei | 1855 | 1859 | |
Saduque Bei | 1859 | 1882 | Início do protetorado francês (1881) |
Ali III Bei | 1882 | 1902 | |
Hedi Bei | 1902 | 1906 | |
Nácer Bei | 1906 | 1922 | |
Habibe Bei | 1922 | 1929 | |
Amade II Bei | 1929 | 1942 | |
Moncefe Bei | 1942 | 1943 | |
Alamim Bei | 1943 | 1957 | Último bei de Tunes |
Notas e referências
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Husseinites», especificamente desta versão.
- ↑ Sebaï 2007, p. 11.
- ↑ Slim et al. 2007, p. 217
- ↑ Dhiaf 1990, p. 183-184.
- ↑ Loth & Soler 2008, p. 41
- ↑ Colantonio; Kerignard et al. 2004, p. 276
- ↑ Singh 2000, p. 1100.
- ↑ Ghorbal, Samy (21 de julho de 2003). «Bourguiba proclame « sa » République». www.jeuneafrique.com (em francês). Jeune Afrique. Consultado em 25 de junho de 2013
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Colantonio, Laurent; Kerignard, Sophie; Fau-Vincenti, Véronique; Primi, Alice (2004), «Fiche 83 - Les protectorats tunisien et marocain», Cent fiches d'histoire du XIXe siècle, ISBN 9782749503400 (em francês), Paris: Bréal, consultado em 25 de junho de 2013
- Dhiaf, Ibn Abi (1990), Présent des hommes de notre temps. Chroniques des rois de Tunis et du pacte fondamental (em francês), II, Tunes: Maison tunisienne de l'édition
- Loth, Caston; Soler, Arnoldo (2008), Arnoldo Soler Charge D'affaires D'espagne a Tunis Et Sa Correspondance, 1808-1810, ISBN 9780554704401 (em francês), BiblioBazaar, consultado em 25 de junho de 2013
- El Mokhtar Bey (1993), De la dynastie husseinite. Le fondateur Hussein Ben Ali. 1705 - 1735 - 1740 (em francês), Tunes: Serviced
- El Mokhtar Bey (2003), Les beys de Tunis, 1705-1957 : hérédité, souveraineté, généalogie (em francês), Tunes: ed. autor
- Mzali, Mohamed Salah (1969), L’hérédité dans la dynastie husseinite : évolution et violations (em francês), Tunes: Maison tunisienne de l’édition
- Sebaï, Nadia (2007), Mustapha Saheb Ettabaa: un haut dignitaire beylical dans la Tunisie du XIXe siècle, ISBN 9789973704047 (em francês), Éditions Cartaginoiseries, consultado em 25 de junho de 2013
- Singh, Nagendra Kr (2000), International Encyclopaedia of Islamic Dynasties: (a Continuing Series), ISBN 9788126104031 (em inglês), Nova Deli: Anmol Publications, consultado em 25 de junho de 2013[ligação inativa]
- Slim, Hédi; Mahjoubi, Ammar; Belkhodja, Khaled; Ennabli, Abdelmajid (2007), «Les temps modernes», Tunes: Sud Éditions, Histoire générale de la Tunisie (em francês), III
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Cherif, Mohamed Hédi; Borsali, Noura (entrevistador) (29 de julho de 2010). «La dynastie husseinite en Tunisie monarchique». www.espace-diversite83.fr (em francês). Consultado em 25 de junho de 2013
- Buyers, Christopher. «Tunisia - The Husainid Dynasty - Genealogy». www.royalark.net (em inglês). The Royal Ark. Consultado em 25 de junho de 2013
- Buyers, Christopher. «Tunisia - The Husainid Dynasty - Brief History». www.royalark.net (em inglês). The Royal Ark. Consultado em 25 de junho de 2013