Farnabazo I
Farnabazo I | |
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Rei de toda a Ibéria e Cólquida[1] | |
Relevo de Farnabazo | |
Rei da Ibéria | |
Reinado | 302-237 a.C. 299-234 a.C. 284-219 a.C. |
Antecessor(a) | Azão |
Sucessor(a) | Sauromaces I |
Nascimento | 329, 326[2] ou 311 a.C. |
Misqueta, Ibéria | |
Morte | 237, 234 ou 219 a.C. |
Misqueta, Ibéria | |
Sepultado em | Armazi, Reino da Ibéria |
Cônjuge | Mulher durzuque |
Descendência | Sauromaces I |
Casa | farnabázida |
Pai | Príncipe georgiano[3] |
Mãe | Mulher persa[4] |
Religião | Paganismo georgiano (deus Armazi) |
Farnabazo I (em georgiano: ფარნავაზ I; AFI: /pʰɑrnɑvɑzi/), também designado como Parnavaz, Farnabaz, Parnabaz, Farnabaze, Parnabaze, Farnaoz, foi rei de Cártlia, um antigo Estado georgiano conhecido como Reino da Ibéria nas fontes clássicas. As Crônicas Georgianas creditam-no como sendo o primeiro monarca a fundar a realeza de Ibéria e a dinastia farnabázida, enquanto outra cronica independente, Conversão de Ibéria, faz-o o segundo monarca. Com base em evidência medieval, muitos estudiosos localizam o reinado de Farnabazo no século III a.C.: 302–237 a.C. segundo o príncipe Vacusti da Cártlia, 299–234 a.C. segundo Cyril Toumanoff e 284–219 a.C. segundo Pavle Ingorokva.[5] A ascensão e advento de Farnabazo da monarquia ibéria esteve diretamente relacionada à vitória de Alexandre, o Grande (r. 336–323 a.C.) sobre o Império Aquemênida.[6][7] Reinou sob a suserania do Império Selêucida.[8]
Vida
[editar | editar código-fonte]Segundo as Crônicas reais georgianas, Farnabazo descendeu de Uplo, filho de Misqueto, filho de Cartlo, que era um dos poderosos e famosos irmãos, que por sua vez foram descendentes de Togarma, filho de Társis, filho de Javã, filho de Jafé, filho do Noé bíblico. Não é diretamente citado em fontes não georgianas e não há indicação coetânea definitiva que foi, de fato, o primeiro rei. Sua história está saturada com imaginário lendário e símbolos, e parece factível que, como a memória dos fatos esmoreceu, o indivíduo real "acumulou uma fachada lendária" e emergiu como o modelo de monarca pré-cristão nos anais georgianos.[4][9]
Segundo o crônica de ca. 800 chamada A vida de Reis, teve uma genealogia distinta, remontando a Cartlo, o etnarca mítico de Ibéria. Seu tio paterno, Samara, manteve a posição de mamasaquelisi ("pai da casa") das tribos georgianas em torno de Misqueta.[10] A sua mãe é alegadamente uma mulher persa de Ispaã,[11] a quem o príncipe Teimuraz e o patriarca Antão I identificam como filha do xainxá aquemênida Dario III (r. 336–330 a.C.).[12] A história toda de Farnabazo, embora escrita por um cronista grego, abunda em imaginário e alusões míticas iraniano antigas, um reflexo dos arqueologicamente confirmados laços cultural e presumivelmente político entre Irã e Ibéria daquele tempo. Seu nome é também um exemplo ilustrativo com sua raiz par- se baseando no persa farnah, o esplendor divino acreditado pelos antigos iranianos como marca da dinastia legítima (cf. khvarenah).[13] A etiqueta dinástica Parnavaziani ("de / a partir do / nomeado por Farnabazo") que as primeiras histórias armênias (cf. Fausto, o Bizantino, V.15) preservaram como Parnavaziano (em armênio: Պ՚առնաւազեան; romaniz.: P'arnawazyan; junção de Parnavaz + sufixo patronímico -yan) é um reconhecimento de que um rei chamado Farnabazo foi entendido como tendo sido fundador de uma dinastia georgiana.[9] É também mencionado na Estela de Serapitis.[14][15]
Talvez a seção mais artisticamente arredondada dos anais georgianos, a narrativa segue a vida de Farnabazo do nascimento ao seu enterro.[16] Aos 3 anos,[17][18] sua família foi destruída, e sua herança usurpada por Azão, que foi instalado por Alexandre, o Grande (r. 336–323 a.C.) em sua campanha na Ibéria. A invasão de Alexandre, lembrada não apenas pela tradição histórica georgiana, mas também por Plínio, o Velho (4.10.39) e Caio Júlio Solino (9.19), parece ser memória de alguma interferência macedônia, que deve ser correlacionada à expedição mencionada por Estrabão (11.14.9) na qual Alexandre, em 323 a.C., partiu aos confins da Ibéria à procura de minas de ouro.[2]
Farnabazo foi criado órfão, mas um sonho mágico, no qual unge-se com a essência do sol, anuncia a peripécia. Foi persuadido pela visão a "devotar-se aos feitos nobres". Então partiu e saiu para caçar. Na perseguição de um cervo, encontrou grande quantidade de tesouro guardado numa caverna escondida.[9][19] Removeu e utilizou-o para montar um exército leal contra o tirânico Azão. Foi então ajudado por Cuji da Cólquida, que posteriormente casou-se com sua irmã.[20] Os rebeldes também uniram-se a mil soldados do acampamento de Azão; eles são anacronisticamente referidos pelo autor como romanos, e alega terem sido intitulados pelo vitorioso Farnabazo como azenauri (i.e., nobres) em memória de Azão (esta etimologia é falsa, contudo).[9]
Os principais tópicos de sua história - um jovem órfão escondido e crescido em montanhas remotas, uma linhagem esquecida, seus sonhos, realeza sagrada, imaginário solar, a caça, descoberta do tesouro escondido na caverna, etc. - são reminiscências de lendas sobre os reis fundadores do Irã, como o aquemênida Ciro, o Grande (r. 559–530 a.C.) e o sassânida Artaxer I (r. 224–242).[21] A auto-unção de Farnabazo pode ter uma tardia inspiração sassânida, com alguns dos primeiros xainxás coroando-se.[22]
Reinado
[editar | editar código-fonte]Na batalha que se seguiu, Azão foi derrotado e morto, e Farnabazo se tornou rei com a idade de 27 anos.[2] Teria reconhecido a suserania do Império Selêucida, o sucessor helenístico de Alexandre no Oriente Médio, cujos dinastas receberam nas crônicas georgianas o nome genérico de Antíoco:[9]
“ | Farnabazo enviou seus apóstolos ao rei Antíoco da Assíria e deu-lhe presentes enormes. E prometeu servi-lo e pediu-lhe ajuda contra os gregos. E Antíoco recebeu seus presentes, chamou-o por filho e deu-lhe a coroa.[23] | ” |
Diz-se que Farnabazo também padronizou sua administração em um modelo "iraniano":[24]
“ | E aqui Farnabazo tornou tudo e todos iguais ao Reino dos Persas.[25] (ou seja, o Império Aquemênida.)[26] | ” |
Farnabazo introduziu uma organização militar-administrativa baseada numa rede de governadores regionais (eristavis).[27][28] A insígnia deles, recebida do rei, constituía cetro, anel sinete especial, cinto e armamento.[29] O país tinha sete deles: Cólquida,[30] Caquécia,[31] Cunani[32] (atual norte do Azerbaijão), Sanxevilde (Baixa Ibéria),[33] Tsunda (Javaquécia, Cola e Ardaã),[34] Ozerque[35] e Clarjécia.[36] O reino tinha um espaspete que estava sob o controle direto do poder real baseado na Baixa Ibéria.[37] Os eristavis imitaram aspectos das satrapias aquemênidas e dos estrategos selêucidas. O principal motivo do historiador das crônicas foi convencer a posteridade de que a estrutura política básica da Ibéria foi criada pelo primeiro rei na esteira das Guerras de Alexandre; era um sistema administrativo aquemênida e ficou estável nos tempos helenístico, parta e sassânida. Desta forma, a viabilidade a longo prazo e estabilidade do reino georgiano são estabelecidas. [38]
A estrutura hierárquica criada por Farnabazo era a seguinte: rei; comandante-em-chefe (espaspete) do exército real; eristavis; comandantes intermediários (atasistavis tsiquistavis) das guarnições estacionadas nas fortalezas reais; comandantes juniores (asistavis) que eram os filhos mais novos das famílias aristocráticas; guerreiros mercenários profissionais dos países vizinhos e todos os soldados organizados em todo o reino.[39] É evidente que a divisão da Ibéria em ducados (saeristavos) serviu antes de mais nada a um objetivo militar, a saber, a organização do povo para fins de defesa. Esta organização não era tão dirigida contra outros países. Naquela época, a população total do reino teria sido, incluindo cativos estrangeiros e a população das áreas tributárias, cerca de 600 mil, o que poderia levantar um exército razoavelmente grande não inferior a 100 mil homens. De acordo com Estrabão, o exército ibérico numerou 70-80 mil, então parece que cada ducado tinha 10 mil soldados.[40]
Embora as evidências georgianas e clássicas tornem plausíveis os vínculos ibéricos contemporâneos com os selêucidas (Toumanoff chegou a sugerir que os reis da Ibéria podem ter ajudado os selêucidas a manter sob controle os orôntidas ressurgentes da Armênia[41]), a suposta reforma eristavi é provavelmente uma retroprojeção do padrão medieval de subdivisão para o passado remoto. Farnabazo teria então embarcado em projetos sociais e culturais; supervisionou dois projetos de construção: a elevação do ídolo Armazi - supostamente seu nome - em uma saliência de montanha e a construção de uma fortaleza de mesmo nome.[27] Fez alianças com vários povos do Cáucaso do Norte durante seu reinado, aos quais pediu ajuda contra a Macedônia e inimigos internos. Tomou uma mulher durzuque em casamento, a fim de consolidar a aliança da Ibéria com os durzuques, que o ajudaram a consolidar seu reinado contra seus vassalos indisciplinados.[42] Da mesma forma, casou sua irmã com um chefe sármata.[43] De acordo com os anais reais, também criou a escrita georgiana e tornou a língua georgiana uma língua oficial do reino:[44]
“ | E aqui Farnabazo foi o primeiro rei da Ibéria da raça de Cartlo. Espalhou o idioma georgiano, e não havia outro idioma além do georgiano apenas nas terras da Ibéria. E criou a escrita georgiana. E morreu Farnabazo, e foi enterrado na frente de Armazi. | ” |
As crônicas relatam o longo reinado de Farnabazo de 65 anos.[9][2][45]
“ | Farnabazo tomou a cidade de Misqueta firmemente, e todas as cidades e castelos da Ibéria, destruídos por Alexandre, os reconstruiu. E os gregos não puderam vingar-se dele, pois os gregos não tinham mais guerreiros, porque lutaram em Roma.[46] | ” |
Após sua morte, foi sepultado em frente ao ídolo Armazi e adorado. Seu filho Sauromaces I o sucedeu ao trono.[47][48][49] Seu túmulo ainda hoje não foi descoberto. Um dos últimos monarcas que visitou seu túmulo para adorná-lo e prestar seus respeitos foi Meribanes III (r. 284–361).[50] O próprio sepultamento de Farnabazo em frente ao ídolo Armazi sugere uma deificação helenística dos primeiros monarcas da Ibéria.[38]
Farnabazo e Farasmanes de Arriano
[editar | editar código-fonte]Vários estudiosos modernos foram tentados a fazer a identificação entre o Farbanazo da tradição medieval georgiana e o Farasmanes do historiador greco-romano Arriano, o autor da Anábase de Alexandre no século II. Arriano conta que "Farasmanes (Фαρασμάνης), rei dos corásmios", visitou Alexandre, o Grande com 1 500 cavaleiros, e prometeu seu apoio caso Alexandre desejasse fazer campanha para as terras euxinas e subjugar os colcos, a quem Farasmanes chama de seus vizinhos. Além da semelhança dos nomes de Farasmanes e Farnabazo (ambos os nomes são aparentemente baseados na mesma raiz, a farnah iraniana), o rei da Corásmia na Ásia Central relata Cólquida (atual Geórgia ocidental, ou seja, o vizinho ocidental da antiga Ibéria) ser um país vizinho.[51] Alguns estudiosos georgianos sugeriram que os copistas gregos de Arriano podem ter confundido Corásmia com Colarzena (Corzena), uma tradução clássica das terras montanhosas georgianas do sudoeste (o Tao-Clarjécia medieval), que de fato fazia fronteira com Cólquida e Ponto.[47]
Segundo Arriano:[52]
“ | Nessa época também veio Farasmanes, rei dos corásmios, a Alexandre com 1 500 cavaleiros, que afirmou que vivia nos confins das nações dos colcos e das mulheres chamadas Amazonas, e prometeu, se Alexandre estava disposto a marchar contra essas nações a fim de subjugar as raças neste distrito cujos territórios se estendiam até o mar Negro, para agir como seu guia através das montanhas e fornecer provisões para seu exército. Alexandre então deu uma resposta cortês aos homens que tinham vindo dos citas, e uma resposta que foi adaptada às exigências daquela época particular; mas disse que não desejava um casamento cita. Agradeceu Farasmanes e concluiu uma amizade e aliança com ele, dizendo que no momento não era conveniente para ele marchar em direção ao mar Negro. Depois de apresentar Farasmanes como amigo a Artabazo II da Frígia, a quem confiara o governo dos báctrios, e a todos os outros vice-reis que eram seus vizinhos, o mandou de volta para sua residência. Disse a Farasmanes que sua mente naquela época estava absorta pelo desejo de conquistar a Índia; pois quando os tivesse subjugado, possuiria toda a Ásia. Acrescentou que quando a Ásia estivesse em seu poder, retornaria à Grécia, e dali faria uma expedição com todas as suas forças navais e militares à parte oriental do mar Negro através do Helesponto e Propôntida. E desejava que Farasmanes reservasse o cumprimento de suas atuais promessas até então. | ” |
Legado
[editar | editar código-fonte]A dinastia Bagrationi reivindicou descendência direta de Farnabazo.[53] Durante a continuidade da monarquia na Geórgia, os reis georgianos se apresentaram como herdeiros do Reino da Ibéria fundado por ele.[54]
Referências
- ↑ Anônimo, 24.6–7.
- ↑ a b c d Toumanoff 1963, p. 9.
- ↑ Anônimo, 20.17.
- ↑ a b Anônimo, 20.18.
- ↑ Rapp 2003, p. 274.
- ↑ Rapp 2014, p. 203.
- ↑ Rayfield 2013, p. 23.
- ↑ Rayfield 2013, p. 22-23.
- ↑ a b c d e f Rapp 2003, p. 276.
- ↑ Anônimo, 20.17-18-19.
- ↑ Rapp 2014, p. 205-239.
- ↑ Teimuraz 1832, p. 111-112.
- ↑ Rapp 2003, p. 275-276.
- ↑ Gamkrelidze 2012, p. 122.
- ↑ Rapp 2014, p. 216.
- ↑ Rayfield 2000, p. 60.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 8.
- ↑ Rapp 2014, p. 205.
- ↑ Rayfield 2000, p. 61.
- ↑ Anônimo, 24.3.
- ↑ Rapp 2014, p. 208.
- ↑ Rapp 2014, p. 209.
- ↑ Anônimo, 24.12-15.
- ↑ Rapp 2003, p. 275.
- ↑ Anônimo, 25.4.
- ↑ Rapp 2014, p. 211.
- ↑ a b Rapp 2003, p. 277.
- ↑ Suny 1994, p. 12.
- ↑ Gamkrelidze 2012, p. 134.
- ↑ Anônimo, 24.9–11.
- ↑ Anônimo, 24.12–13.
- ↑ Anônimo, 24.14–15.
- ↑ Anônimo, 24.16-17.
- ↑ Anônimo, 24.18-19.
- ↑ Anônimo, 24.20-21.
- ↑ Anônimo, 24.22–23.
- ↑ Anônimo, 24.24–25; 25.2-3.
- ↑ a b Rapp 2014, p. 212.
- ↑ Gamkrelidze 2012, p. 135.
- ↑ Claessen 1978, p. 263.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 185.
- ↑ Anônimo, 25.5.
- ↑ Anônimo, 24.2.
- ↑ Anônimo, 26.8-10.
- ↑ Anônimo, 25.14.
- ↑ Anônimo, 25.6-9.
- ↑ a b Rapp 2003, p. 280.
- ↑ Anônimo, 26.13.
- ↑ Rayfield 2013, p. 24.
- ↑ Anônimo, 65.19.
- ↑ Rapp 2003, p. 279.
- ↑ Arriano, IV.XV.
- ↑ Salia 1980, p. 129.
- ↑ Salia 1980, p. 130-133.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Anônimo. «Vida de Farnabazo: a vida do primeiro rei georgiano de Ibéria, Parte IV». Anais Reais Georgianos
- Arriano. Anábase de Alexandre
- Claessen, Henri J. M.; Skalnik, Peter (1978). The Early State. Berlim: Walter de Gruyter
- Gamkrelidze, Gela (2012). David Braund, ed. Researches in Iberia-Colchology. Tiblíssi: Centro de Arqueologia Lordkipanidze do Museu Nacional Georgiano
- Rapp, Stephen H. (2003). Studies In Medieval Georgian Historiography: Early Texts And Eurasian Contexts. Lovaina: Peeters Publishings. ISBN 90-429-1318-5
- Rapp, Stephen H. Jr. (2014). The Sasanian World through Georgian Eyes: Caucasia and the Iranian Commonwealth in Late Antique Georgian Literature. Farnham: Ashgate Publishing, Ltd. ISBN 1472425529
- Rayfield, Donald (2000). The Literature of Georgia: A History. Londres: Routledge. ISBN 0-7007-1163-5
- Rayfield, Donald (2013). Edge of Empires: A History of Georgia. Londres: Reaktion Books
- Salia, Kalistrat (1980). Histoire de la nation géorgienne. Paris: Nino Salia
- Suny, Ronald Grigor (1994). The Making of the Georgian Nation. Bloomington: Imprensa da Universidade de Indiana. ISBN 0253209153
- Teimuraz (1832). ისტორია დაწყებითგან ივერიისა, ესე იგი გიორგიისა, რომელ არს სრულიად საქართველოჲსა [História da Ibéria ou Geórgia, que é Toda a Sacartevelo] (PDF). Tiblíssi: [s.n.]
- Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History III. Washington: Imprensa da Universidade de Georgetown