Esquadrão N.º 391 da RAAF
Esquadrão N.º 391 | |
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Membros do Esquadrão N.º 391 em frente a um quadro de movimentos aéreos em Iwakuni, Japão, em Agosto de 1953
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País | Austrália |
Corporação | Real Força Aérea Australiana |
Subordinação | Asa N.º 91 |
Tipo de unidade | Esquadrão de base |
Período de atividade | 1950–55 |
História | |
Guerras/batalhas | Guerra da Coreia |
O Esquadrão N.º 391 foi um esquadrão de base da Real Força Aérea Australiana (RAAF) que operou durante a Guerra da Coreia e no seu rescaldo. Foi estabelecido em Outubro de 1950 como parte da Asa N.º 91, que administrava as unidades da RAAF destacadas no conflito. Para além deste esquadrão, a Asa N.º 91 controlava o Esquadrão N.º 77, o Destacamento de Comunicações N.º 30 e o Esquadrão N.º 491.
O quartel-general do esquadrão situava-se em Iwakuni, no Japão, assim como estavam as outras unidades da Asa N.º 91, à excepção do Esquadrão N.º 77, que estava na península da Coreia. Este esquadrão estava responsável pela administração, logística, assuntos médicos, de comunicação e de segurança da base em Iwakuni, além de ter destacamentos na Coreia do Sul. Incluía uma secção marítima para patrulhamento marítimo e busca e salvamento. O Esquadrão N.º 391 foi extinto ao mesmo tempo que o quartel-general da Asa N.º 91, em Abril de 1955.
História
[editar | editar código-fonte]Quando a Guerra da Coreia começou, no dia 25 de Junho de 1950, o Esquadrão N.º 77 da RAAF estava colocado em Iwakuni, no Japão. Durante os quatro anos anteriores, equipado com aviões North American P-51 Mustang, o esquadrão estava a prestar serviço nas Forças de Ocupação da Comunidade Britânica (BCOF). Quando o pessoal do esquadrão estava a começar a preparar-se para regressar à Austrália, foi ordenado que esperassem um pouco devido ao eventos que estavam a desenrolar-se na Coreia; uma semana depois, o esquadrão começou a voar missões como parte das forças das Nações Unidas.[1] Depois do chegar a Inchon e de ver as tropas das Nações Unidas a avançarem para norte, o Esquadrão N.º 77 foi para Pohang, na Coreia do Sul, no dia 12 de Outubro de 1950. [2] Contudo, os principais elementos de apoio do esquadrão haviam ficado em Iwakuni.[3] A Asa N.º 91 foi estabelecida no Japão no dia 20 de Outubro, e passou a administrar todas as unidades da RAAF que operavam no conflito coreano,[4][5] o que incluía o Esquadrão N.º 77 e três novas unidades: o Destacamento de Comunicações N.º 30 (que mais tarde passaria a designar-se Esquadrão N.º 36), o Esquadrão N.º 491 e o Esquadrão N.º 391.[6][7] À excepção do Esquadrão N.º 77, todas as outras unidades estavam colocadas em Iwakuni.[6]
No início da guerra na Coreia, o Esquadrão N.º 77 era auto-suficiente, sendo também a maior unidade de voo da RAAF.[8] O esquadrão era composto por 299 militares, quarenta aviões Mustang, três aviões CAC Wirraway, dois C-47 Dakota e dois Auster.[1] O fardo das operações de combate tornaram a situação do esquadrão insustentável, levando à formação do Esquadrão N.º 391 em Iwakuni, ao mesmo tempo que o quartel-general da Asa N.º 91.[8] Os esquadrões de base da RAAF eram responsáveis pela administração da base, assim como da logística, assuntos médicos, comunicações e segurança.[9][10] Composto principalmente por antigos membros do Esquadrão N.º 77, no primeiro ano de existência o Esquadrão N.º 391 teve que resistir a uma escassez de roupa de inverno e de equipamento.[8] Problemas adicionais surgiram quando o Esquadrão N.º 77 começou a converter as suas tripulações para aviões a jacto Gloster Meteor, entre Abril e Julho de 1951, pois peças suplentes para o jacto britânico eram muito difíceis de se arranjar, um problema que não existia com o Mustang norte-americano.[11][12] O Esquadrão N.º 391 não podia mais ir buscar peças à Quinta Força Aérea, tal como havia feito até então.[12] Com isto, também surgiu o problema das peças suplentes do Mustang, pois ficaram todas armazenadas sem destino para onde irem; o processo de se desfazerem das peças levou dois anos, provocando durante esse tempo problemas de armazenamento.[8] Em Janeiro de 1952, o esquadrão viu-se perante outro desafio, depois da mudança controversa no papel dos Meteor, que deixariam de voar em missões de combate aéreo e passariam a atacar alvos no solo, o que obrigava o esquadrão a obter um fornecimento de misseis e peças necessárias para a modificação das aeronaves, para que estas os pudessem carregar e lançar.[13]
Além das suas responsabilidades perante a RAAF, o Esquadrão N.º 391 apoiava o Exército Australiano e outras entidades das Nações Unidas quando passavam por Iwakuni.[13] O esquadrão geria o Hotel de Trânsito da Asa N.º 91, que acomodava militares e civis que passavam pela unidade.[14] O esquadrão mantinha também dois destacamentos na Coreia do Sul, um na Base aérea de Gimpo que geria as peças dos aviões Meteor, e outro em Seul, na unidade médica da comunidade britânica. O pessoal destes destacamentos era frequentemente substituído por pessoal de Iwakuni através de um sistema de serviço rotativo, e o contingente médico do Esquadrão N.º 391 era extremamente dedicado na preparação de transporte aéreo de feridos da Coreia até Iwakuni, e a partir daqui para outros destinos.[15] O esquadrão incluía uma secção marítima, equipada com pequenos barcos patrulha que patrulhavam alguns portos marítimos no sul do Japão usados por hidroaviões britânicos e norte-americanos, além de também realizarem operações de busca e salvamento de pilotos das Nações Unidas que caíam ao mar.[16] O Esquadrão N.º 391 usava técnicos japoneses e australianos, uma prática incomum na época; desde a ocupação do Japão, depois da sua rendição na Segunda Guerra Mundial, os japoneses apenas eram destacados para realizar pequenos trabalhos domésticos.[4][17]
Depois de o Esquadrão N.º 77 e o Esquadrão N.º 36 terem partido para a Austrália entre Novembro de 1954 e Março de 1955, e a extinção do Esquadrão N.º 491 em Dezembro de 1954, o Esquadrão N.º 391 foi extinto no dia 30 de Abril de 1955, no mesmo dia que o quartel-general da Asa N.º 91.[18]
Referências
- ↑ a b Stephens, Going Solo, pp. 222–225
- ↑ Stephens, The Royal Australian Air Force, pp. 231–232
- ↑ Eather, Odd Jobs, p. 99
- ↑ a b O'Neill, Australia in the Korean War, p. 314
- ↑ «No 91 (Composite) Wing formed in Japan». Air Power Development Centre. Consultado em 16 de julho de 2017. Cópia arquivada em 17 de março de 2012
- ↑ a b Stephens, Going Solo, pp. 228–229
- ↑ RAAF Historical Section, Maritime and Transport Units, p. 150
- ↑ a b c d O'Brien, Always There, p. 58
- ↑ O'Brien, Always There, pp. 53–54
- ↑ Stephens, Going Solo, p. 71
- ↑ Stephens, Going Solo, pp. 231–233
- ↑ a b O'Brien, Always There, p. 59
- ↑ a b O'Brien, Always There, p. 60
- ↑ «World's most unusual hotel». Nambour Chronicle and North Coast Advertiser. 18 de Setembro de 1953. p. 11. Consultado em 16 de julho de 2017
- ↑ O'Brien, Always There, p. 61
- ↑ «The RAAF goes to sea». Portland Guardian. 2 de junho de 1952. p. 3. Consultado em 16 de julho de 2017
- ↑ Eather, Odd Jobs, p. 124
- ↑ O'Neill, Australia in the Korean War, p. 592
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Eather, Steve (1996). Odd Jobs: RAAF Operations in Japan, the Berlin Airlift, Korea, Malaya and Malta, 1946–1960 (em inglês). Base aérea de Williams, Vitória: RAAF Museum. ISBN 0-642-23482-5
- O'Brien, Graham (2009). Always There: A History of Air Force Combat Support (em inglês) (PDF). Tuggeranong, Território da Capital Australiana: Air Power Development Centre. ISBN 978-1-920800-45-1
- O'Neill, Robert (1985). Australia in the Korean War 1950–53. Volume 2 – Combat Operations (em inglês). Camberra: Australian War Memorial & Australian Government Publishing Service. ISBN 0-642-04330-2
- RAAF Historical Section (1995). Units of the Royal Australian Air Force: A Concise History. Volume 4: Maritime and Transport Units (em inglês). Camberra: Australian Government Publishing Service. ISBN 0-644-42796-5
- Stephens, Alan (1995). Going Solo: The Royal Australian Air Force 1946–1971 (em inglês). Camberra: Australian Government Publishing Service. ISBN 0-644-42803-1
- Stephens, Alan (2006) [2001]. The Royal Australian Air Force: A History (em inglês). Londres: Oxford University Press. ISBN 0-19-555541-4