Eleições estaduais no Rio Grande do Sul em 1966
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Eleições estaduais no Rio Grande do Sul em 1966 | ||||
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3 de setembro de 1966 (Eleição indireta) 15 de novembro de 1966 (Eleição direta) | ||||
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Candidato | Peracchi Barcelos
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Partido | ARENA
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Natural de | Porto Alegre, RS
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Vice | Cargo inexistente | |||
Votos | 23 | |||
Porcentagem | 100% | |||
Titular Eleito | ||||
As eleições estaduais no Rio Grande do Sul em 1966 aconteceram em duas etapas conforme previa o Ato Institucional Número Três e assim a eleição indireta do governador Peracchi Barcelos ocorreu em 3 de setembro e a escolha do senador Guido Mondin, 29 deputados federais e 55 estaduais se deu em 15 de novembro a partir de um receituário aplicado aos 22 estados e aos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima.[1][2][nota 1]
Os lances para a sucessão estadual foram deflagrados em junho de 1966 quando vinte e nove deputados estaduais do MDB e dois arenistas, lançaram o advogado Rui Cirne Lima, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e então secretário de Fazenda.[3] Entretanto o apoio oposicionista ao referido nome desagradou ao presidente Castelo Branco cujos movimentos acabaram por ungir o nome de Peracchi Barcelos a quem o presidente nomeara ministro do Trabalho, contudo a vitória deste sobre Tarso Dutra na convenção da ARENA só garantiu a sua ascensão ao Palácio Piratini graças à pressão de Brasília que cassou sete oposicionistas sem efetivar os suplentes e impôs a fidelidade partidária, fato que levou à desistência de Rui Cirne Lima. Mesmo livre de embaraços, o nome de Peracchi Barcelos foi aprovado apenas em segundo escrutínio quando foi atingindo o quórum necessário após a redução do número de votantes para quarenta e oito após as cassações. Dentre os parlamentares governistas, vinte e três apoiaram o governador eleito e três votaram em branco enquanto os vinte e dois deputados de oposição não compareceram para votar.[4][nota 2]
Nascido em Porto Alegre, o governador Peracchi Barcelos ingressou na Brigada Militar do Rio Grande do Sul aos quinze anos de idade assumindo o comando da mesma no governo Walter Jobim. Filiado ao PSD, elegeu-se deputado estadual em 1950 e 1954 e perdeu a eleição para governador do Rio Grande do Sul para Leonel Brizola em 1958. Eleito deputado federal em 1962, chegou ao Ministério do Trabalho à 7 de dezembro de 1965 e lá ficou até ser escolhido governador pelo presidente Castelo Branco e referendado pela ARENA. O cargo de vice-governador não foi preenchido devido à inexistência do mesmo.[5]
Como se não bastasse forçar a eleição do governador a ARENA venceu a disputa para senador graças ao artifício das sublegendas onde seria eleito aquele cujo partido obtivesse a maior soma de votos independente do desempenho individual dos candidatos, mecanismo que invalidou a preferência do eleitorado pelo oposicionista Siegfried Heuser e permitiu a reeleição de Guido Mondin graças ao desempenho do triunvirato que defendia o partido governista. Formado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul ele nasceu em Porto Alegre, é empresário e fez carreira no PRP elegendo-se deputado estadual em 1950, suplente de deputado federal em 1954 e a seguir vice-prefeito de Caxias do Sul antes de conquistar seu primeiro mandato de senador em 1958.[6][7][nota 3]
Resultado da Eleição Para Senador | ||||
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Líder | Guido Mondin | Siegfried Emanuel Heuser | ||
Partido | ARENA | MDB | ||
Natural de | Porto Alegre, RS | Santa Cruz do Sul, RS | ||
Votos | 322.901 | 638.140 | ||
Porcentagem | 24,64% (Candidato)
51,31% (Sublegenda) |
48,69% | ||
Guido Mondin
Siegfried Heuser
Sinval Guazzelli
Mario Mondino
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Titular(es) Eleito(s) | ||||
Resultado da eleição para governador
[editar | editar código-fonte]Eleição realizada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O percentual levou em conta apenas os votos válidos.
Candidatos a governador do estado |
Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Peracchi Barcelos ARENA |
Cargo inexistente - |
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Fontes:[8] |
Resultado da eleição para senador
[editar | editar código-fonte]Dados fornecidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul informam a ocorrência de 1.352.758 votos nominais (85,70%), 155.778 votos em branco (9,87%) e 69.979 votos nulos (4,43%) resultando no comparecimento de 1.578.515 eleitores.[9][10]
Candidatos a senador da República |
Primeiro suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Siegfried Heuser MDB |
Hermes Sousa MDB |
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Guido Mondin ARENA |
Naziazeno de Almeida ARENA |
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Sinval Guazzelli ARENA |
Jaime Tavares ARENA |
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Mário Mondino ARENA |
Lucy Monteiro ARENA |
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Fontes:[11] |
Deputados federais eleitos
[editar | editar código-fonte]Resumo (por partido)[9] | ||||
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Partido | Votos | % | Deputados | |
MDB | 693.998 | 51,3 / 100,0 |
15 / 29 | |
ARENA | 658.760 | 48,7 / 100,0 |
14 / 29 | |
Votos válidos | 1.352.758 | 100,0 / 100,0 | ||
85,7 / 100,0 | ||||
Votos em branco | 155.778 | 9,9 / 100,0 | ||
Votos nulos | 69.979 | 4,4 / 100,0 | ||
Comparecimento | 1.578.515 | 100,0 / 100,0 |
São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[12][13]
Deputados estaduais eleitos
[editar | editar código-fonte]Resumo (por partido)[9] | ||||
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Partido | Votos | % | Deputados | |
MDB | 694.970 | 51,3 / 100,0 |
28 / 55 | |
ARENA | 675.957 | 48,7 / 100,0 |
27 / 55 | |
Votos válidos | 1.370.927 | 100,0 / 100,0 | ||
86,8 / 100,0 | ||||
Votos em branco | 137.244 | 8,7 / 100,0 | ||
Votos nulos | 70.344 | 4,5 / 100,0 | ||
Comparecimento | 1.578.515 | 100,0 / 100,0 |
Das 55 cadeiras da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul o MDB conquistou 28 contra 27 da ARENA.[9]
Notas
- ↑ Nos referidos territórios o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais, não havendo eleições no Distrito Federal e no Território Federal de Fernando de Noronha.
- ↑ Os três deputados arenistas que votaram em branco foram: Dario Beltrão, Nelson Marchezan e José Sanseverino.
- ↑ Outro caso de interferência das sublegendas no resultado final de uma eleição aconteceu no Espírito Santo onde Solon Marques amargou a derrota não obstante seu melhor desempenho ante Carlos Lindenberg.
- ↑ a b c d e f Teve o mandato cassado pelo Ato Institucional Número Cinco que em seu Art. 4º § único proibia a convocação do suplente.
- ↑ a b O suplente Clóvis Stenzel foi convocado quando Tarso Dutra era ministro da Educação no governo Costa e Silva e efetivado quando Clóvis Pestana assumiu uma cadeira no Tribunal de Contas da União em 11 de setembro de 1969.
- ↑ Renunciou ao mandato em 12 de setembro de 1969 sendo efetivado Milton Cassel.
- ↑ Foi eleita à época sob o nome de "Terezinha Chaise" devido ao seu então esposo, Sereno Chaise.
Referências
- ↑ BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1966». Consultado em 7 de janeiro de 2024
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Ato Institucional Número Três». Consultado em 7 de janeiro de 2024
- ↑ «Acervo digital de O Estado de S. Paulo». Consultado em 13 de setembro de 2015
- ↑ Outros 11 estados tiveram eleições (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 04/09/1966. Primeiro caderno, p. 06. Página visitada em 13 de julho de 2016.
- ↑ «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Peracchi Barcelos». Consultado em 13 de julho de 2016
- ↑ «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Guido Mondin». Consultado em 13 de julho de 2016
- ↑ «Senado Federal do Brasil: senador Guido Mondin». Consultado em 13 de julho de 2016
- ↑ Redação (4 de setembro de 1966). «Peracchi se elege contra a maioria da Assembléia (sic). Primeiro Caderno – p. 16». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 7 de janeiro de 2024
- ↑ a b c d «Banco de dados do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul». Consultado em 1º de dezembro de 2013
- ↑ «UFRGS»
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Ato Complementar n.º 07 de 31/01/1966». Consultado em 7 de janeiro de 2024
- ↑ «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 13 de setembro de 2015. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 13 de setembro de 2015