Caverna de Escoteino
Caverna de Escoteino Σπήλαιο Σκοτεινού | |
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Entrada da caverna de Escoteino | |
Localização atual | |
Localização da caverna de Escoteino em Creta | |
Coordenadas | 35° 18′ 17″ N, 25° 17′ 51″ L |
País | Grécia |
Região | Creta |
Unidade regional | Heraclião |
Localidade mais próxima | Escoteino |
Altitude | 220 m |
Área | 2 500 m² |
Dados históricos | |
Fundação | Minoano Médio (c. 2 000 a.C.) |
Abandono | Período romano |
Início de ocupação | Idade do Bronze |
Civilização | Minoica |
Notas | |
Escavações | 1933 • 1953 • 1962 |
Arqueólogos | Arthur Evans • John Pendlebury • Paul Faure • Costis Davaras |
Acesso público |
A caverna de Escoteino[1] (lit.: "caverna escura" grego: σπήλαιο Σκοτεινού; romaniz.: spílaio Skoteinoú) ou caverna de Skotino, também conhecida como caverna de Agia Paraskevi (ou Agía Parasceví), é uma das maiores e mais impressionantes entre as centenas de cavernas de Creta. Foi usada como santuário pagão desde o 3º milênio a.C. até ao período romano, quando foi transformada num santuário cristão, uma tradição que de certa forma ainda se mantém, pois por cima dela há uma capela dedicada a Santa Parasceva, onde todos os anos se realiza uma romaria em 26 de julho.[2] Na opinião do arqueólogo Paul Faure, a caverna poderia ter sido o célebre labirinto de Creta.[3][2]
Localização e descrição
[editar | editar código-fonte]A caverna situa-se no alto de uma colina, a 225 metros de altitude, a noroeste da vila de Escoteino, na unidade municipal de Goúves e na unidade regional de Heraclião. Em linha reta encontra-se a 1,2 km de Escoteino, 1,6 km a oeste da aldeia de Goúves e 3,3 km a sul da costa do mar de Creta (Cató Goúves); as distâncias por estrada são, respetivamente, 3,7 km, 6,3 km e 9 km.
A caverna tem cerca de 2 500 m² de área, 160 m de profundidade, 36 m de largura e percorrê-la na totalidade implica um percurso de 450 metros. Tem várias formações complexas de estagmites e estalactites, algumas lembrando figuras humanas e de animais. Após a entrada, há uma câmara principal, chamada Mega Nao, com 130 m de comprimento por 33 de largura e 30 de altura. Mais abaixo e à direita há uma profusão de estalactites, algumas que chegam até ao chão. Continuando a descer, encontra-se uma câmara mais pequena, conhecida como "Altar", com 24 m de comprimento por 8,5 de largura e 25 de altura, onde eram realizados sacrifícios. No chão há drenos que provavelmente eram usados para libações e oferendas às divindades do submundo (sangue, azeite, vinho, etc.).[2]
À esquerda da primeira câmara, há uma outra, chamada "Adyton", com 15 por 8 m e 2,3 m de altura, que conduz a outra entrada. A câmara considerada mais espetacular, conhecida como a "Sala de Adoração", entre o "Altar" e o "Adyton", situa-se 50 metros abaixo do nível da entrada; é abobadada e mede 12 por 12,5 m por 10 a 15 m de altura. No inverno esta câmara ficam alagada até um terço da sua altura. O acesso é feito por um corredor com 12 m de comprimento e 2 m de largura. Mais acima, o chamado "Quarto de Orações" tem apenas 7,5 por 5 metros; tem inúmeras estalactites e estalagmites, que formam colunas. Há ainda um outro pequeno espaço, conhecido localmente como "a capelinha", com 12,5 m de comprimento e 1,5 a 5 metros de largura.[2]
A capela dedicada a Santa Parasceva situa-se na parte norte da ravina onde se encontra a entrada principal. Foi construída durante o período veneziano.[4]
Escavações
[editar | editar código-fonte]As escavações na caverna foram realizadas em 1933 por Arthur Evans e John Pendlebury, em 1953 por Paul Faure e em 1962 por Costis Davaras. Os achados indicam que o sítio foi utilizado como um santuário do período minoano médio até o período romano, quando foi transformado em um santuário cristão. A caverna era um santuário importante dedicado a uma divindade feminina da fertilidade, presumivelmente Britomártis. Durante as épocas clássicas grega e romana, a deusa da fertilidade Ártemis ou seu equivalente Diana substituiu a divindade minoica.[2]
Entre os achados arqueológicos há um número considerável de oferendas votivas na forma de objetos de bronze e de cerâmica, uma tradição que, quatro mil anos depois do seu início, tem continuidade nos inúmeros ex-votos deixados na capela por peregrinos.[5]
Referências
- ↑ Gómez, Manuel Guerra (2002), Historia de las religiones, ISBN 9788479144487 (em espanhol), Biblioteca de autores cristianos, p. 23
- ↑ a b c d e «Skotino cave» (em inglês). Interkriti.org. Consultado em 19 de fevereiro de 2014
- ↑ Howarth, Nicholas A. A. (2010), «Labyrinth Lost: From ancient maps to filming for National Geographic» (PDF), Christ Church Library Newsletter, ISSN 1756-6797 (em inglês), 6 (3): 16–17, consultado em 19 de fevereiro de 2014
- ↑ «Skotino cave» (em inglês). Cretanbeaches.com. Consultado em 19 de fevereiro de 2014
- ↑ Fisher, John; Garvey, Geoff (2007), The Rough Guide to Crete, ISBN 978-1-84353-837-0 (em inglês) 7ª ed. , Nova Iorque, Londres, Deli: Rough Guides, p. 120
Bibliografia complementar
[editar | editar código-fonte]- Castleden, Rodney (2002), Minoans, ISBN 9781134880645 (em inglês), Routledge, p. 60, consultado em 19 de fevereiro de 2014
- Tyree, E. Loeta (1974), Diachronic changes in Minoan cave cult (PDF) (em inglês), consultado em 19 de fevereiro de 2014
- Tyree, L.; McCoy, F.W.; Kanta, A.; Sphakianakis, D.; Stamos, A.; Aretaki, K.; Kamilaki, E. (2005–2006), «Inferences for use of Skotino Cave during the Bronze Age and later based on a speleological and environmental study at Skotino Cave, Crete» (publicado em 2009), Aegean Archaeology (em inglês) (8): 51-63, consultado em 19 de fevereiro de 2014
- Tyree, L.; Kanta, A.; Sphakianakis, D. (2007), «The Neopalatial Chalice: Forms and Function in the Cave of Skoteino», in: Betancourt, P. P.; Nelson, M. C.; Williams, H., Krinoi kai Limenes: Studies in Honor of Joseph and Maria Shaw (em inglês), 277-283, p. 277-283
- Tyree, L.; Kanta, A.; Robinson, H. L. (2008), «Evidence for Ritual Eating and Drinking: A View from Skoteino Cave», in: L. A., Hitchcock; Laffineur, R.; Crowley, J., DAIS: The Aegean Feast (em inglês) (29), Liège, Austin: Aegaeum, p. 179-185