César de Alencar
César de Alencar | |
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César de Alencar, em 1972 | |
Nome completo | Hermelindo César de Alencar Mattos |
Nascimento | 6 de junho de 1917 Fortaleza, Ceará |
Nacionalidade | brasileiro |
Morte | 14 de janeiro de 1990 (72 anos) Rio de Janeiro, Rio de Janeiro |
Hermelindo César de Alencar Mattos (Fortaleza, 6 de junho de 1917 — Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 1990), mais conhecido como César de Alencar, foi radialista, empresário, cantor, compositor, ator de cinema e apresentador de televisão brasileiro.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Começou sua carreira no ano de 1939, na emissora carioca Rádio Clube do Brasil, mudando-se em 1945 para a Rádio Nacional onde atuou em narrações e em comerciais, com pequenas participações em radionovelas como Feche a Porta do Destino ou Uma Sombra em Minha Vida e, com a saída de Paulo Gracindo da Nacional, passou a ter seu próprio programa aos sábados logo vindo a se tornar sua principal atração e contando com a estrela Emilinha Borba.[1]
A partir de 1948 gravou em disco várias vezes, em parcerias com Marlene e Emilinha e em 1954 sua canção "Se Você Pensa", um samba, foi gravado por Cauby Peixoto; em 1956 Nora Ney gravou o samba de sua autoria, "Eu vivo tão só". Neste mesmo ano, impulsionado pelo sucesso no Rádio, inaugurou no bairro de Copacabana a casa noturna "A Cantina do César", na qual as grandes atrações da Nacional se apresentavam, a exemplo de Dolores Duran ou Julie Joy.[1]
Apresentou o Programa de César de Alencar, na TV Excelsior.[2]
Colaboracionismo com a ditadura e ostracismo
[editar | editar código-fonte]Com o golpe militar de 1964 a carreira de Alencar decaiu; ele havia declarado à emissora que participaria da colaboração ao regime de exceção instalado no país, delatando diversos colegas supostamente envolvidos com atividades políticas — o que foi corroborado em depoimentos de Mário Lago e Gerdal dos Santos.[1]
Alencar teria chegado a delatar cento e quarenta pessoas que trabalhavam na Rádio Nacional, contribuindo assim para o crescimento do número de presos políticos que levaram o regime a transformar navios em prisões.[3][4]
Em entrevista ao Jornal do Brasil publicada em 19 de abril de 1964, Alencar respondeu que a versão sobre ter delatado colegas foi plantada na imprensa pela colunista de Ultima Hora Thereza Cesario Alvim. Apesar disso, Alencar defendeu que comunistas deveriam ser afastados da Rádio Nacional e que os afastamentos de funcionários não foram efetuados ou solicitados por ele mas sim pelo novo interventor da rádio Mário Neiva.[5]
Embora em depoimentos tenha negado veementemente haver denunciado colegas, chegando a afirmar que "desafio a quem quiser provar em contrário", o Inquérito Policial Militar de número 14-949 da 22ª Vara Criminal da ainda Estado da Guanabara traz seu depoimento espontâneo prestado no dia 25 de maio de 1964 junto à Diretoria de Costa e Artilharia Antiaérea, onde reclama que "elementos reconhecidamente esquerdizantes" frequentavam a emissora onde trabalhava, citando nomes, além de Lago e Gerdal, os de Oduvaldo Viana, Heitor dos Prazeres, Nora Ney, Dias Gomes, Gracindo Júnior, Waldir Fiori, Carlos Carrier, entre outros.[6]
Da mesma forma na Revista do Rádio de 16 de maio de 1964 ele declarou, numa matéria intitulada "César de Alencar afirma: depredaram a Rádio Nacional e levaram dois carros", que "eu e alguns artistas entendemos que, como cidadãos e patriotas, não poderíamos fugir a uma definição e, muito menos, a uma tomada de posição ativa, no momento certo, em defesa da democracia. Assim, conspiramos. Sim, porque já era preciso conspirar para defender Constituição, a ordem, a hierarquia e a fé cristã, no Brasil."[7] Alencar, então presidente da Associação Beneficente da Empregados da Rádio Nacional (Aberna) e apoiador de Carlos Lacerda (a quem chamava de "futuro presidente do Brasil"),[8] colaborou com o novo regime esperando ser nomeado para a diretoria da Rádio Nacional. Apesar de ter sido nomeado interventor na Rádio Nacional entre 1 e 2 de março de 1964,[9] acabou sendo preterido.[4][6]
A partir de então teve sua imagem desgastada a ponto de o programa que apresentava na Rádio Nacional vir a ser extinto; tentou o retorno algumas vezes, mas sem o antigo carisma, caiu no ostracismo até sua morte.[1]
Referências
- ↑ a b c d «Dados artísticos». Dicionário Cravo Albin. Consultado em 19 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 19 de setembro de 2020
- ↑ «Morre Titto Santos». jornal Diário de Petrópolis. 14 de setembro de 2020. Consultado em 17 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 19 de setembro de 2020
- ↑ Luan Gabriel Silveira Venturini. «A cultura e a ditadura militar brasileira: algumas reflexões a respeito do meio cultural no período» (PDF). ANPUH. Consultado em 19 de setembro de 2020. Cópia arquivada em 19 de setembro de 2020.
PDF arquivado em html.
- ↑ a b MOREL Edmar (1965). O Golpe Começou Em Washington. [S.l.]: Civilização Brasileira. p. 109. 348 páginas. ISBN 9788581486093
- ↑ «Animador diz que é vítima de intrigas que o deixam mal na direção da Nacional». Jornal do Brasil, ano LXXIV, edição 92, página 16. 19 de abril de 1964
- ↑ a b «As listas, o expurgo e a piada». Jornal do Brasil, ano XC, edição 89, Caderno B, página 1. 6 de julho de 1980. Consultado em 6 de março de 2024
- ↑ Luiz Carlos Saroldi; Sonia Virgínia Moreira (2005). Rádio Nacional, o Brasil em sintonia. [S.l.]: Zahar. 223 páginas. ISBN 9788571108813
- ↑ Thor Carvalho (10 de março de 1964). «Vai e vem». Última Hora, ano XIII, edição 1254, página 2. Consultado em 6 de março de 2024
- ↑ «PM interdita com tropas IAPs e ISEB». Correio da Manhã, ano LXIX, edição 21778, página 2. 3 de abril de 1964. Consultado em 6 de março de 2024
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- César de Alencar. no IMDb.