A Linha do Norte é uma ligação ferroviária entre Lisboa e Porto, sendo considerada a mais importante de Portugal. Tem um comprimento de 336 km, das estações de Lisboa-Santa Apolónia a Porto-Campanhã, que ficam distantes 274 km entre si em linha reta. A linha é em via dupla, exceto 15 km de via quádrupla à saída de Lisboa, entre as estações de Lisboa-Oriente e Alverca, e está totalmente electrificada.
A Linha do Norte serve a região mais populosa de Portugal: cerca de 6,7 milhões de pessoas, 63% da população de Portugal, vive a menos de 35 km em linha reta duma estação principal (servida por comboios intercidades).[1] A linha serve também populações de outras regiões, pois constitui a espinha dorsal da rede ferroviária portuguesa, ligando as linhas a sul de Lisboa às linhas a norte do Porto e estas às Linhas da Beira Baixa e Beira Alta.[carece de fontes?]
As obras para a construção da ligação ferroviária entre Lisboa ao Porto e à fronteira iniciaram-se em 17 de Setembro de 1853,[3] tendo o primeiro troço, até ao Carregado, sido aberto à exploração em 29 de Outubro de 1856.[4] A Linha do Norte foi concluída com a inauguração da Ponte de D. Maria Pia, no dia 5 de Novembro de 1877.[5] Em 24 de Junho de 1991, entrou ao serviço a Ponte de São João,[6] e, em 1998, a Gare do Oriente, em Lisboa.[7]
A Linha do Norte é a espinha dorsal do sistema ferroviário português. Esta importante via férrea, com 336,050 quilómetros de extensão, é a mais modernizada do País em infraestruturas e material circulante, e a sua construção contribuiu enormemente para o desenvolvimento das povoações por ela abrangidas.[9]
No romance Emigrantes, de Ferreira de Castro, o autor descreveu a chegada do personagem principal a Lisboa, vindo de navio, e a sua viagem de comboio do Rossio até Espinho:
“
Desembarque, Lisboa, e as reminiscências da primeira vez que a vira, a subida para o comboio, a aspereza máscula do idioma falado, na origem, a entrada no túnel, tudo, tudo perdia relevo, tudo se amesquinhava ante o desejo predominante: Chegar! Chegar! Nas proximidades de Santarém descobriu, em suave e enluarado pendor, longa e extática fila de sombras. As oliveiras! As oliveiras! Há que ror de anos não as via! E era como se elas tivessem alma, como se lhe continuassem, na vertigem da corrida, lembranças do seu passado. Reconhecia já o país em que nascera. Divisava, de passagem, uma cancela, uma casita branca, um velho moinho com as suas quatro pétalas - um muro em ruínas... Que lindo! Que lindo! De manhã, os pinhais de Ovar saíram-lhe ao caminho, a saudá-lo, recordando-lhe a meninice, enchendo-lhe o espírito de contentamento. E a cada pinheiro que corria, veloz, para a cauda do comboio, ele dava um pouco de ternura, de velha e reconquistada familiaridade. Em Espinho, meteu-se nas gaiolas do Vale do Vouga...
↑População, dada pelo censo de 2011 do Instituto Nacional de Estatística, dos municípios com sede e mais de metade do território a menos de 35 km duma estação principal.
REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN989-619-078-X !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
TAVARES, João; ESTEVES, Joaquim (2000). 100 Obras de Arquitectura Civil no Século XX: Portugal 2.ª ed. Lisboa: Ordem dos Engenheiros. 286 páginas. ISBN972-97231-7-6 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
VIEGAS, Francisco José (1988). Comboios Portugueses. Um Guia Sentimental. Lisboa: Círculo de Editores. 185 páginas
CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN989-95182-0-4 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
QUEIRÓS, Amílcar (1976). Os Primeiros Caminhos de Ferro de Portugal: As Linhas Férreas do Leste e do Norte. Coimbra: Coimbra Editora. 45 páginas
SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas
Legenda:bitolas: ²2140 mm • ᴮ1668 mm • ⁱ1435 mm • ¹1000 mm • ³920 mm • ⁹900 mm • ⁶600 mm +designações abreviadas quando possível (fonte para linhas da Infraestruturas de Portugal: [1]: pág. 54) °ferrovias pesadas (#) não geridas pela Infraestruturas de Portugal (e/ou empresas antecessoras) †extinta (totalmente) • ‡projectada • ††reaberta • †‡reabertura projectada • ‡†projecto abandonado • ‡‡projecto recuperado • ↑substituída mantendo traçado/canal