Andrei Sakharov
Andrei Dmitrievich Sakharov (em russo: Андре́й Дми́триевич Са́харов; Moscou, 21 de maio de 1921 – Moscou, 14 de dezembro de 1989) foi um físico nuclear soviético.
Andrei Sakharov | |
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Nascimento | 21 de maio de 1921 Moscou |
Morte | 14 de dezembro de 1989 (68 anos) Moscou |
Sepultamento | Cemitério Vostryakovo |
Nacionalidade | russo |
Cidadania | União Soviética, Rússia bolchevique |
Etnia | russos |
Progenitores |
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Cônjuge | Yelena Bonner |
Alma mater |
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Ocupação | físico, ativista dos direitos humanos, físico nuclear, político |
Distinções | Prêmio Stalin (1954), Prêmio Lenin (1956), Prix mondial Cino Del Duca (1974), Nobel da Paz (1975), Prêmio Tomalla (1984), Medalha Elliott Cresson (1985),[1] Prêmio da Paz Albert Einstein (1988) |
Empregador(a) | Instituto de Física Lebedev, Instituto de Física Lebedev, Instituto de Física Lebedev |
Orientador(a)(es/s) | Igor Tamm |
Campo(s) | física |
Religião | ateísmo |
Causa da morte | enfarte agudo do miocárdio |
Página oficial | |
https://www.sakharov.space/ | |
Ele ganhou fama como designer da terceira ideia da União Soviética, um codinome para o desenvolvimento soviético de armas termonucleares. Sakharov era um defensor das liberdades civis e reformas civis na União Soviética. Foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1975 pela sua luta pelos direitos humanos. O Prémio Sakharov, atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu para as pessoas e organizações dedicadas aos direitos humanos e liberdades, é nomeado em sua honra.[2]
Biografia
editarAndrei Sakharov nasceu em Moscou, em 21 de maio de 1921. Seu pai, Dmitri Ivanovich Sakharov, foi um professor de física em uma escola privada e sua mãe era uma pianista.[3] Andrei frequentou a Universidade de Moscovo a partir de 1938.
Após a evacuação, em 1941, durante a Grande Guerra Patriótica (Segunda Guerra Mundial), ele se formou em Asgabate, hoje no Turcomenistão. Em seguida, ele foi designado o trabalho de laboratório em Ulyanovsk. Durante este período, em 1943, casou-se com Klavdia Alekseyevna Vikhireva, com quem ele criou duas filhas e um filho antes de morrer em 1969.[4] Ele retornou a Moscou em 1945 para estudar no Departamento teórico da FIAN (Instituto de Física da Academia Soviética de Ciências). Ele recebeu seu Ph.D. em 1947.
Estudou os raios cósmicos. Desempenhou com Igor Kurchatov um papel de primeiro plano na preparação da primeira bomba de hidrogênio, que foi desenvolvida na União Soviética e cujos primeiros ensaios se realizaram em 1953. Este feito valeu-lhe a entrada na Academia das Ciências da União Soviética no mesmo ano; todavia, não tardou a pedir a limitação dos armamentos nucleares. Sakharov propôs a ideia de gravidade induzida como teoria alternativa à da gravitação quântica.
Em 1965 reclamou a desestalinização efectiva do país e do partido; a sua obra "A Liberdade Intelectual na URSS e a Coexistência Pacífica", publicada no exterior em 1967, deu-lhe um lugar destacado na oposição ao regime. Tal como Aleksandr Solzhenitsyn, a quem apoiou sem esconder o seu desacordo com o romantismo místico do escritor, denunciou os gulags, os internamentos arbitrários e outras violações da Constituição Soviética e dos Direitos Humanos.
Casou com a activista dos direitos humanos Yelena Bonner em 1972.
Galardoado com o Nobel da Paz em 1975, não foi autorizado a ir receber a sua distinção em Oslo. Com residência fixa a partir de 1980, só conseguiu a liberdade de movimentos após a chegada ao poder de Mikhail Gorbachev e a implementação da perestroika e da glasnost,[5] apesar da pressão da opinião pública internacional e de uma greve de fome em 1984. Na sequência da revisão constitucional de 1989 o académico foi candidato ao Congresso, obteve a investidura da Academia das ciências, malgrado uma forte obstrução processual, e chegou a deputado. Morreu em 14 de Dezembro de 1989 por enfarte do miocárdio. Encontra-se sepultado no Cemitério Vostryakovo, Moscou, Rússia.[6]
Em sua memória a União Europeia instituiu o Prémio Sakharov para destacar pessoas que lutam pela defesa dos direitos humanos e liberdade de expressão. Este prémio é atribuído desde 1988.
Bibliografia
editarLivros
editar- Sakharov, Andrei (1974). Sakharov speaks. [S.l.]: Collins: Harvill Press. ISBN 978-0-00-262755-9
- Sakharov, Andrei (1975). My country and the world. [S.l.]: Knopf. ISBN 978-0-394-40226-0
- Sakharov, Andrei (1978). Alarm and hope. The world-renowned Nobel laureate and political dissident speaks out on human rights, disarmament, and détente. [S.l.]: Knopf. ISBN 978-0-394-50369-1
- Sakharov, Andrei (1982). Collected scientific works. [S.l.]: Marcel Dekker Inc. ISBN 978-0-8247-1714-8
- Sakharov, Andrei (1990). Memoirs. [S.l.]: Knopf. ISBN 978-0394537405
- Sakharov, Andrei (1991). Moscow and beyond: 1986 to 1989. [S.l.]: Knopf Doubleday Publishing Group. ISBN 978-0-394-58797-4
- Сахаров, Андрей (1996). Воспоминания. В 2 томах [Memoirs. In 2 volumes] (em russo). 1. Moscow: Права человека. ISBN 978-5-7712-0011-8
- Сахаров, Андрей (1996). Воспоминания. В 2 томах [Memoirs. In 2 volumes] (em russo). 2. Moscow: Права человека. ISBN 978-5-7712-0026-2
Artigos e entrevistas
editar- Sakharov, Andrei (1968). Thoughts on progress, peaceful coexistence and intellectual freedom. [S.l.]: Foreign Affairs Publishing Company. ISBN 978-0-900380-03-7
- Sakharov; Andrei. «Thoughts on progress, peaceful coexistence and intellectual freedom» (PDF). The New York Times. Cópia arquivada (PDF) em 13 de janeiro de 2013
- Sakharov, Andrei (1969). «Here and there: the threat of nuclear war». American Scientist. 57 (1): 167–171. JSTOR 27828445
- Sakharov, Andrei (1974). О письме Александра Солженицына "Вождям Советского Союза" [On Alexander Solzhenitsyn's "A Letter to the Soviet Leaders"] (em russo). New York: Khronika. OCLC 2326203
- Sakharov, Andrei; Tverdokhlebov, Andrei; Albrecht, Vladimir (28 de maio de 1974). «USSR. The chronicle of current events». Index on Censorship. 3 (3). 87 páginas. doi:10.1080/03064227408532355
- Sakharov, Andrei (novembro de 1975). «The need for an open world: Andrei Sakharov calls on scientists to intensify the campaign for a nuclear weapons ban and full disarmament». Bulletin of the Atomic Scientists: 8–9. doi:10.1080/00963402.1975.11458291
- Sakharov, Andrei; Turchin, Valentin; Medvedev, Roy (6 de junho de 1970). «The need for democratization». The Saturday Review: 26–27
- Sakharov, Andrei; Turchin, Valentin; Medvedev, Roy (1970). «An open letter». Survey: 160–170
- Sakharov, Andrei (1972). «Memorandum». Survey: 223–233
- Sakharov, Andrei (1973). «Statement by the Human Rights Committee». Survey: 271–273
- Sakharov, Andrei (1973). «Interview with Swedish RTV». Index on Censorship. 2 (4): 13–17. doi:10.1080/03064227308532263
- Sakharov, Andrei (1973). «The Deputy Prosecutor‐General and I». Index on Censorship. 2 (4): 19–23. doi:10.1080/03064227308532264
- Sakharov, Andrei (1973). «Press conference». Index on Censorship. 2 (4): 25–29. doi:10.1080/03064227308532265
- Sakharov, Andrei (1973). «Reply to critics». Index on Censorship. 2 (4): 29–30. doi:10.1080/03064227308532266
- Sakharov, Andrei (1974). «Reply to oppression». Rivista di Studi Politici Internazionali. 41 (1): 47–54. JSTOR 42733796
- Sakharov, Andrei (21 de março de 1974). «How I came to dissent». The New York Review of Books
- Sakharov, Andrei (13 de junho de 1974). «In answer to Solzhenitsyn». The New York Review of Books
- Sakharov, Andrei (1975). «Sakharov's statement on Jackson amendment». Index on Censorship. 4 (1): 73–74. doi:10.1080/03064227508532405
- Sakharov, Andrei (1976). «Peace, progress and human rights». Index on Censorship. 5 (2): 3–9. doi:10.1080/03064227608532514
- Sakharov, Andrei (9 de fevereiro de 1978). «The death penalty». The New York Review of Books
- Sakharov, Andrei (fevereiro de 1978). «Letter from Sakharov and Meiman». Nature. 271 (5645). 499 páginas. Bibcode:1978Natur.271..499S. doi:10.1038/271499c0
- Sakharov, Andrei (1978). «The human rights movement in the USSR and Eastern Europe: its goals, significance, and difficulties». Trialogue (19): 4–7, 26–27
- Sakharov, Andrei (1980). «USSR: Sakharov's plea for poets». Index on Censorship. 9 (6): 64. doi:10.1080/03064228008533146
- Sakharov, Andrei (1981). «The responsibility of scientists». Nature. 291 (5812): 184–185. Bibcode:1981Natur.291..184S. PMID 7231537. doi:10.1038/291184a0
- Sakharov, Andrei (1981). «The social responsibility of scientists». Physics Today. 34 (6): 25–30. Bibcode:1981PhT....34f..25S. ISSN 0031-9228. doi:10.1063/1.2914603
- Sakharov, Andrei (1981). «The responsibility of scientists». Nature. 25 (10): 18–21. Bibcode:1981Natur.291..184S. ISSN 0033-5002. PMID 7231537. doi:10.1038/291184a0
- Sakharov, Andrei (1981). «An autobiographical note». The Partisan Review: 511–513
- Sakharov, Andrei (21 de janeiro de 1982). «Letter to my foreign colleagues». The New York Review of Books
- Sakharov, Andrei; Meiman, Naum (1982). «The plight of Yuri Orlov». Harvard International Review. 4 (6). 50 páginas. JSTOR 42762207
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- Sakharov, Andrei (1983). «A message from Gorky». Bulletin of the Atomic Scientists. 39 (6): 2–3. Bibcode:1983BuAtS..39f...2S. doi:10.1080/00963402.1983.11458999
- Sakharov, Andrei (1983). «The danger of thermonuclear war. An open letter to Dr. Sidney Drell» (PDF). Foreign Affairs. 61 (5): 1001–1016. JSTOR 20041632. doi:10.2307/20041632. Cópia arquivada (PDF) em 16 de março de 2016
- Sakharov, Andrei (21 de julho de 1983). «A reply to slander». The New York Review of Books
- Sakharov, Andrei (1 de março de 1984). «A letter to my scientific colleagues». The New York Review of Books
- Sakharov, Andrei (16 de março de 1987). «Of arms and reforms». Time
- Sakharov, Andrei (13 de agosto de 1987). «On accepting a prize». The New York Review of Books
- Sakharov, Andrei (25 de fevereiro de 1988). «A man of universal interests». Nature. 331 (6158): 671–672. Bibcode:1988Natur.331..671S. doi:10.1038/331671a0
- Sakharov, Andrei (22 de dezembro de 1988). «On Gorbachev: a talk with Andrei Sakharov». The New York Review of Books
- Sajarov, Andrei; Bonner, Elena (1989). «Al simposio de Madrid sobre las relaciones comerciales y económicas Este-Oeste» [Madrid symposium on East-West trade relations and economics]. Política Exterior (em espanhol). 3 (12): 45–47. JSTOR 20642878
- Sakharov, Andrei (17 de agosto de 1989). «A speech to the People's Congress». The New York Review of Books. 36 (13): 25–26
- Sakharov, Andrei (1990). «We cannot do without nuclear power plants, but ...». World Marxist Review. 33: 21–22. ISSN 0043-8642
- Sakharov, Andrei (21 de maio de 1990). «Sakharov: Sakharov and Solzhenitsyn: a difference in principle». Time
- Sakharov, Andrei (21 de maio de 1990). «Sakharov: years in exile». Time
- Sakharov, Andrei (1999). «Lecture in Lyons: science and freedom». Physics Today. 52 (7): 22–24. Bibcode:1999PhT....52g..22S. ISSN 0031-9228. doi:10.1063/1.882746
Ver também
editarReferências
- ↑ «Laureates» (pdf) (em inglês). The Franklin Institute. Consultado em 1 de julho de 2015. Cópia arquivada em 1 de julho de 2015
- ↑ «Biografia» (em inglês). American Institute of Physics. Consultado em 19 de maio de 2013
- ↑ «Autobiography». The Nobel Foundation (em inglês). NobelPrize.org. 1975. Consultado em 19 de maio de 2013
- ↑ Drell, Sidney D., and Sergei P. Kapitsa (eds.), Sakharov Remembered, pp. 3, 92. New York: Springer, 1991.
- ↑ MccGwire, Michael (1991). Perestroïka and Soviet national security (em inglês). [S.l.]: Brookings Institution Press. p. 275. ISBN 0-8157-5553-8. Consultado em 20 de maio de 2013
- ↑ Andrei Sakharov (em inglês) no Find a Grave [fonte confiável?]
Bibliografia
editar- Sakharov, Andrei, Facets of a Life, Frontieres, 1991. ISBN 978-2-86332-096-9
- Babyonyshev, Alexander, On Sakharov, Alfred A. Knopf, Nova Iorque, 1982. ISBN 978-0-394-71004-4
- Bergman, Jay, Meeting the Demands of Reason: The Life and Thought of Andrei Sakharov, Cornell University Press, 2009. ISBN 978-0-8014-4731-0
Ligações externas
editar- «Perfil no sítio oficial do Nobel da Paz 1975» (em inglês)
- Deutsche Welle - 1986: Reabilitação de Andrei Sakharov
Precedido por Eisaku Sato e Seán MacBride |
Nobel da Paz 1975 |
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