Google faz proposta com poucas mudanças por acusação de monopólio ilegal
Empresa defende ajustes mínimos em acordos comerciais para atender à decisão judicial sem comprometer sua posição no mercado
RESUMO
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GERADO EM: 21/12/2024 - 10:49
"Google propõe ajustes após decisão judicial sobre monopólio"
Google propõe ajustes mínimos para atender decisão judicial sobre monopólio. Empresa defende continuar pagando por destaque em buscas, com menos restrições. Caso pode impactar mercado digital e estabelecer precedentes para casos antitruste contra gigantes tecnológicos.
O Google declarou na última sexta-feira, dia 20, que apenas poucas mudanças seriam necessárias para atender à decisão que apontou na empresa manutenção de um monopólio ilegal.
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Em agosto. o juiz Amit P. Mehta, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia, tomou uma decisão histórica ao determinar que o Google manteve ilegalmente um monopólio em buscas online, pagando empresas como Apple e Samsung para que seu mecanismo de busca aparecesse automaticamente quando os usuários abrissem um navegador ou smartphone. Em resposta, o governo solicitou, no mês passado, ao juiz algumas medidas, como a determinação que o Google vendesse o Chrome, navegador mais popular do mundo.
Na proposta apresentada para resolver a questão do monopólio nas buscas, a big tech solicitou a permissão para continuar pagando outras companhias a fim de que seu mecanismo de busca obtivesse destaque.
A empresa, no entanto, concordou que esses acordos sejam menos restritivos do que os firmados anteriormente. Por exemplo, a Apple poderia selecionar diferentes mecanismos de busca que aparecessem automaticamente para usuários de iPhone e iPad, disse Lee-Anne Mulholland, vice-presidente de assuntos regulatórios do Google, em um blog. Fabricantes de celulares que utilizam o popular sistema operacional Android também poderiam instalar vários mecanismos de busca e outros aplicativos do Google sem precisar ter, em conjunto, a ferramenta de busca ou o assistente de inteligência artificial Gemini.
"Não propomos essas mudanças de forma leviana", afirmou Mulholland. "Mas acreditamos que elas atendem totalmente às conclusões do tribunal, sem comprometer a privacidade e a segurança dos americanos ou prejudicar a liderança tecnológica global dos EUA."
Mulholland acrescentou que o Google pretende recorrer da decisão após a determinação das medidas corretivas no próximo ano.
A determinação do juíz pode transformar o núcleo do Google, avaliado em US$ 2,35 trilhões, e impactar a economia digital de maneira mais ampla. No ano passado, mais da metade da receita do Google — US$ 175 bilhões — foi gerada por buscas e serviços relacionados. Tamanho é o vínculo da empresa com as buscas que seu nome se tornou sinônimo de procurar informações online.
Os esforços do Google para evitar os amplos pedidos do governo — as medidas mais significativas solicitadas em um caso de monopólio tecnológico desde que o Departamento de Justiça pediu a divisão da Microsoft em 2000 — podem estabelecer precedentes para uma série de outros casos antitruste que desafiam o domínio de gigantes tecnológicos.
Outros processos
Além disso, o Departamento de Justiça processou a Apple, alegando que a empresa dificulta a saída dos consumidores de seu ecossistema fechado de dispositivos e softwares. No próximo ano, a Comissão Federal de Comércio (FTC) deve julgar o caso contra a Meta, que é acusada de eliminar a concorrência ao adquirir o Instagram e o WhatsApp. A agência também processou a Amazon, acusando-a de manter ilegalmente um monopólio no varejo online, e está investigando o domínio da Microsoft em computação em nuvem e inteligência artificial.
Um segundo caso contra o Google, também movido pelo Departamento de Justiça, alega que a big tech possui um monopólio em tecnologia de publicidade e aguarda decisão de um juiz federal nas próximas semanas.
No caso sobre buscas, iniciado em 2020 durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump, o juiz concordou com o governo de que o Google se beneficiou de um ciclo de domínio no mercado.
Em um julgamento que durou mais de dois meses no ano passado, os advogados do Departamento de Justiça argumentaram que o Google bloqueou rivais ao firmar acordos com empresas, como Apple, Mozilla e Samsung, para aparecer automaticamente como mecanismo de busca em smartphones ou em novas abas de navegadores. No total, o Google pagou US$ 26,3 bilhões como parte desses acordos em 2021, segundo evidências apresentadas no julgamento.
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O Google alegou que seus acordos não violaram a lei e que os usuários escolhem seu mecanismo de busca porque é o melhor para encontrar informações do que os concorrentes.
Além da venda do Chrome, o governo sugeriu a possível venda do Android, sistema operacional móvel do Google. Além disso, solicitou ao tribunal que impedisse a empresa de firmar acordos pagos com Apple e outros para ser o mecanismo de busca selecionado automaticamente em smartphones e navegadores.
O governo também quer que o Google, cuja controladora é a Alphabet, se desfaça de participações em produtos de inteligência artificial que possam competir com buscas, numa tentativa de impedir seu domínio sobre essa tecnologia emergente.
O Google solicitou ao juiz que adotasse uma abordagem mais restritiva para resolver essas questões. A empresa propôs que outros mecanismos de busca tivessem a oportunidade de competir por destaque em telefones e navegadores, além de sugerir que fabricantes como Apple e Mozilla pudessem alterar seus mecanismos de busca padrão ao menos uma vez por ano.
A empresa descreveu sua proposta como um "mecanismo robusto" para atender às determinações do tribunal, sem "conceder ao governo um poder excessivo sobre o design da experiência online dos usuários".
O Google sugeriu que sua proposta fosse válida por três anos. Já as mudanças propostas pelo governo teriam duração de uma década.
"O ritmo da inovação em buscas tem sido extraordinário e há todas as razões para acreditar que continuará assim, à medida que avanços em inteligência artificial mudem rapidamente os produtos e serviços de computação online", afirmou o Google no documento.
O Google disse que o governo busca uma resposta do juiz que "excede a conduta anticompetitiva identificada no julgamento".
A empresa citou uma decisão de 1955 de um tribunal federal que afirmou que, mesmo quando uma empresa era considerada culpada de violar leis antitruste, o tribunal não tinha "licença para embarcar em um programa geral de controle abrangente sobre os negócios dos réus".