Através da câmera do celular e de uma vibração gerada pelo próprio aparelho, pessoas diabéticas podem realizar autoexames regulares dos pés, uma ação crucial para identificar o quadro da doença em que o paciente se encontra e prevenir consequências graves. O aplicativo foi desenvolvido pela startup De Olho no Pé, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF).
A diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou uma resistência dos tecidos à ação da insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. Como consequência da doença, os pacientes podem apresentar o “pé diabético”, que, em casos graves, causa infecções ou até mesmo amputação de parte do pé ou perna. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o Brasil possui mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população do país. Em pesquisa da Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil aparece na sexta posição entre os países com maior incidência de diabéticos.
— A realização da foto é muito importante para motivar o paciente a fazer o autoexame dos pés, que deveria ser diário, e o médico também vai poder usar essa foto para fazer análises. A vibração é uma ferramenta adicional, porque ajuda a gente a entender se a sensibilidade do pé dos pacientes está reduzida — explica a professora do Departamento de Medicina Clínica da UFF e diretora médica da startup De Olho no Pé, Débora Vieira Soares.
IA e vibração
O combo inteligência artificial e vibração dos smartphones ajudam no diagnóstico. Para reconhecer as lesões e alterações nos pés dos pacientes, os pesquisadores utilizam um banco de fotos para ensinar a IA. O aplicativo também faz uso da vibração do celular para testar a sensibilidade periférica das pessoas.
Wender Emiliano Soares, diretor-executivo da startup, afirma que a intenção da ferramenta é também orientar as pessoas por meio de informações relevantes sobre a doença.
— A gente não pretende substituir os médicos, pelo contrário. Nossa intenção é facilitar a divulgação de informação com uma estratégia comunicativa e colaborar para preencher essa lacuna de informações que chegam ao paciente para ele manter a atenção nos pés — pontua Wender.
O desafio de acesso a informações em diferentes áreas, incluindo saúde pública, foi o que inspirou o 30º Prêmio Jovem Cientista. Com o tema Conectividade e Inclusão Digital, 799 projetos foram inscritos na edição deste ano.
Nas cinco categorias contempladas, que vão do ensino médio ao doutorado, os participantes desenvolvem projetos voltados à acessibilidade tecnológica. Eles podem tratar desde a construção de ferramentas para tratar de questões de saúde, educação e sustentabilidade à necessidade de uma discussão mais filosófica sobre a ética em tempos de realidade virtual.
O Prêmio Jovem Cientista é uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Fundação Roberto Marinho, conta com patrocínio da Shell e apoio de mídia da Editora Globo e do Canal Futura. Os participantes têm a chance de ganhar bolsas de estudos e valores em dinheiro que vão de R$ 12 mil a R$ 40 mil.
O programa já premiou mais de 194 pesquisadores e estudantes, além de 21 instituições de ensino superior e médio ao longo de 37 anos.