Letras maiores, luminosidade, sons: pesquisa aponta caminhos para a inclusão digital de idosos
Prêmio Jovem Cientista realizou este ano sua trigésima edição com o tema Conectividade
RESUMO
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GERADO EM: 26/11/2024 - 21:33
"Importância da Inclusão Digital de Idosos: Pesquisa da USP Destaca Soluções Simples para Acessibilidade"
Uma pesquisa da USP destaca a importância da inclusão digital de idosos, com soluções simples como letras grandes e sons. A falta de acessibilidade tecnológica para esse público é abordada, com diretrizes para melhorar o design de aplicativos. O estudo recebeu reconhecimento em um prêmio e destaca a necessidade de conectividade e inclusão digital, especialmente evidenciada durante a pandemia. O Prêmio Jovem Cientista também destaca projetos que abordam questões de conectividade e ética na realidade virtual.
A falta de acessibilidade para pessoas com mais de 60 anos em dispositivos tecnológicos levou uma pesquisadora da USP a criar mecanismos de inclusão e de combate ao etarismo digital. Em sua tese de doutorado, Sandra Souza Rodrigues apontou que grandes mudanças podem ser alcançadas de forma simples. A começar pelo design de aplicativos e plataformas digitais, que precisam ter tamanhos, luminosidades e sons que atendam às necessidades específicas do público dessa faixa etária.
— Essas tecnologias não consideram as dificuldades de visão, audição, destreza e as deficiências cognitivas inerentes ao processo de envelhecimento. Pensar um design inclusivo deve ser um requisito básico para produtores de soluções computacionais — explica Kamila Rodrigues, orientadora de Sandra e professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP São Carlos.
De acordo com o IBGE, a população idosa brasileira quase duplicou nos últimos anos, passando de 8,7% em 2000 para 15,6% do total em 2023. No entanto, a conectividade entre pessoas com mais de 60 não acompanhou esse avanço. Segundo a Federação Brasileira de Bancos, dificuldade de uso, falta de familiaridade com ferramentas e mesmo o medo são os principais motivos que impedem a inclusão maior desse público no ambiente digital.
Para resolver esse problema, as diretrizes propostas pela pesquisadora abordam questões como letras grandes e contraste claro nas telas dos aparelhos, para aumentar a legibilidade do conteúdo. Interfaces simples, com o uso de botões grandes, feedback tátil (vibração) e sonoro, além de mecanismos para facilitar a recuperação de erros também são melhorias defendidas por Sandra.
Lembretes diários
Quando dispositivos como smartwatches e smartphones são conectados à internet, lembretes sonoros e visuais podem alertar de necessidades diversas da rotina, prevenindo acidentes e aumentando a segurança. Para uma mulher de 75 anos que mora sozinha, por exemplo, as recomendações oferecidas no trabalho de Sandra incluem monitoramento de segurança adaptado às necessidades da rotina. Entre eles, lembretes para levar a chave ao sair de casa, tomar remédios nos horários certos e cuidados redobrados no banheiro para evitar quedas.
O estudo foi reconhecido em novembro com o Prêmio Junia Coutinho Anacleto de Melhor Trabalho de Doutorado no XXIII Simpósio Brasileiro sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais
Para incentivar pesquisadores a olhar para os desafios e oportunidades do mundo conectado, o Prêmio Jovem Cientista realizou este ano sua trigésima edição com o tema Conectividade e Inclusão Digital. O prêmio busca projetos que vão desde a construção de modelos a partir do uso de inteligência artificial em questões de saúde pública, educação e sustentabilidade, até a necessidade de uma discussão mais filosófica sobre a ética na realidade virtual.
A premiação destaca que, com a pandemia, “uma ampla reflexão sobre a conectividade e inclusão digital surgiu, face aos problemas que aconteceram em vários segmentos da sociedade”.
O Prêmio Jovem Cientista é uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com a Fundação Roberto Marinho, conta com patrocínio da Shell e apoio de mídia da Editora Globo e do Canal Futura. Ao todo, 194 pesquisadores foram premiados, além de 21 instituições de ensino.