Por Memória Globo

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Desde que ingressou na Globo como estagiário, em 1997, cada conquista é comemorada como um gol de placa. Eric Faria ganhou o apelido de Bomba nos bastidores da área de Esporte, graças ao entusiasmo que demonstra cada vez que consegue um furo de reportagem. O primeiro foi quando descobriu que os jogadores Tande e Giovane haviam deixado a quadra para formar uma dupla de vôlei de praia. “Descobri onde estavam treinando e passei a pauta para o João Pedro [Paes Leme], que hoje é o nosso diretor e, na época, ainda era repórter. A matéria saiu no 'Jornal Nacional'", contou ele no depoimento ao Memória Globo, em 2015. "Eu era muito eufórico, sou até hoje, então eles me deram o apelido”.

Eric na cobertura da Copa de 2014. — Foto: TV Globo

Em 2015, ele passou a apresentar o 'Globo Esporte' aos sábados e, eventualmente, durante a semana. Uma nova emoção para o repórter que se apaixonou pelo jornalismo esportivo ainda garoto. Gol de placa, Eric.

“Eu via o 'Globo Esporte' quando eu era moleque. Depois fiz reportagens, e um belo dia estava apresentando o programa. É como um garoto que sonhasse em ser jogador, depois vira profissional e ganha uma Copa do Mundo.”

Eric Soares Faria é filho de Mário Bahiense Faria e Glória Soares Faria, hoje aposentados. Antes de se formar em jornalismo pela Faculdade Hélio Alonso, foi vendedor em um shopping center do Rio de Janeiro. Mas o trabalho não deu muito certo. “Embora não pareça, sou um cara envergonhado. Não conseguia fazer coisas que os vendedores normalmente fazem, como empurrar uma peça de roupa a mais, dizer que está bom quando não está. Mas eu tinha que trabalhar até surgir o primeiro estágio”.

Início na profissão

O primeiro estágio na área de Jornalismo foi na Rádio MEC, em 1994. Era a oportunidade de vivenciar o dia a dia de uma redação e dar os passos iniciais na profissão. “A gente saía para fazer matéria em um carro que não tinha fundo. Parecia o carro dos Flintstones. Tinha um buraco no assoalho, e a gente tinha que andar com o pé pra cima. Mas foi muito legal porque ali eu me senti jornalista. Lembro que na primeira vez que entrei ao vivo, pelo telefone celular, foi na Bienal do Livro, quando entrevistei o [teólogo e escritor] Leonardo Boff. Eu segurava o celular e ele tremia na minha mão, de tão nervoso que eu estava.”

Quando acabou o estágio, Eric chegou a trabalhar por um curto período na Rádio Manchete, mas acabou voltando para a Rádio MEC. Logo depois, surgiu a oportunidade de atuar também na Rádio CBN, onde teve seu primeiro contato com o jornalismo esportivo. “Havia o programa 'CBN Esporte Brasil', que era veiculado aos sábados e domingos. Iam ao ar entrevistas que a gente produzia ao longo da semana. O programa era executado por mim: produção, entrevista, roteiro e na primeira semana, me deu muito nervoso. Eu era um moleque de 20 anos, escrevendo para [os locutores] Edson Mauro e Sérgio Noronha, caras que ouvia quando era criança. Eu pensava: ‘Meu Deus do céu, isso não vai dar certo. O que esses caras vão pensar de mim?’ E eles foram duas pessoas maravilhosas. Sempre me deram força. Sou muito grato a eles.”

Na Globo

O trabalho na CBN durou quatro meses, até que Eric fez concurso para estágio na Globo e foi aprovado. Era o ano de 1997. Como porta de entrada, o Centro de Produção do Esporte, o coração da redação. Ali, os produtores discutiam as pautas e elaboravam o planejamento do dia a dia. “Meu primeiro dia foi impressionante. Eu era uma criança chegando à Disneylândia. A nossa redação de esporte era pequenininha, mas quando você chega e olha aquelas pessoas que via na televisão, era um mundo! Foi um choque de responsabilidade ver aquela coisa pulsando, mas deu para me adaptar rápido porque o esporte é mais leve”.

Eric Faria foi contratado como produtor assim que terminou o período de quatro meses de estágio. Ele conquistou a função pelo seu empenho diário em conseguir boas matérias. No ano seguinte, assumiu o cargo de repórter, cobrindo diversos tipos de esporte. “Acho que não tem uma modalidade que eu não tenha coberto pelo menos uma competição. Cheguei a viajar com a seleção de basquete, de vôlei, equipe de judô. Depois acabei indo para o futebol. Noventa por cento do meu tempo hoje são dedicados ao futebol.”

Cobertura da seleção

O repórter entrou no universo da seleção brasileira de futebol, em 1999, cobrindo convocações, seleções pré-olímpicas e outros eventos, mas sempre de forma espaçada. Em 2004, teve a chance de integrar a equipe que participou da Copa América, no Peru, sua primeira grande cobertura internacional. “Foi um desafio ocupar o lugar do Tino Marcos, que ia para as Olimpíadas de Atenas. Fomos eu, Mauro Naves e o Fernando Rocha, como repórteres, e o Mário Jorge como chefe da equipe. Trinta dias de muito trabalho. Foi minha primeira cobertura com Galvão Bueno. Fazer um jogo de seleção brasileira na Globo sendo narrado pelo Galvão é um negócio que te deixa com o joelho tremendo um pouquinho no começo. Mas foi ótimo, e o Brasil ainda ganhou com um gol maravilhoso do Adriano, que era um garoto. Eu havia feito a primeira matéria com ele aqui na Globo. Aquela cobertura, pra mim, vai ficar marcada”.

A série de reportagens sobre a formação dos jogadores de futebol no Brasil foi outra experiência importante na trajetória profissional de Eric Faria. “Foi uma das coisas mais legais que eu fiz no 'Esporte Espetacular', pelo conteúdo, repercussão, e pela consistência do trabalho de equipe. Viajamos para vários lugares e conseguimos fazer um trabalho documental”.

Passaporte para as Olimpíadas

A primeira participação na cobertura de Olimpíadas aconteceu em 2008, em Pequim. Foi também a oportunidade de carimbar o passaporte em alguns dos 25 países por onde passou em sua carreira no jornalismo esportivo. “Foi maravilhoso porque a seleção fez um período de adaptação ao fuso-horário. Um em Singapura, outro no Vietnã até chegar à China. Nós fomos nesse pacote. Vi coisas que nunca vou esquecer. Como o futebol brasileiro abre portas no exterior, como pode ser um instrumento importante para o país. A chegada da seleção no Vietnã foi um negócio! O país inteiro estava no aeroporto, você não via o chão. Muita gente, a emoção das pessoas. Impressionante”.

A equipe do jornalismo esportivo nas Olimpíadas de Pequim: Glenda Koslowski, Eric Faria, Tadeu Schmidt, Carlos Gil, Renato Ribeiro e Regis Rosing. — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Em 2016, a oportunidade de cobrir os Jogos Olímpicos de casa.

Eric Faria relembra medalha de ouro histórica no futebol masculino nas Olimpíadas Rio-2016. ge.globo, 12/07/2021

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Cobertura de Copas

Em 2010, realizou o sonho de cobrir uma Copa do Mundo 'in loco': a da África do Sul. "Quando eu fiz matéria do meu primeiro jogo de Copa do Mundo, Brasil e Coreia do Sul, eu fiz uma matéria do ambiente para o Jornal Nacional e foi muito legal que eu consegui pegar uns malucos, que na época estava o Rebolation, a música, estava fazendo maior sucesso e aí uns malucos inventaram o Mandelation, por causa do Mandela, então ficavam cantando Mandelation, Mandelation. Aí eu fiz matéria com esses malucos e aí a música pegou, enfim, foi maior repercussão no 'Jornal Nacional', o pessoal adorou, foi uma matéria divertida".

Mauro Naves, Viola e Eric Faria nos bastidores da cobertura da Copa do Mundo de 2014. João Miguel Júnior/Globo — Foto: TV Globo

Já na Copa de 2014, no Brasil, além de realizar dezenas de reportagens ao longo da competição, Eric era o responsável por entrevistar os jogadores da seleção brasileira após os jogos. Inclusive, claro, do fatídico 7 x 1 na partida contra a Alemanha, em Belo Horizonte. "E aí, no fim do jogo, eu entrevistei o Júlio César e o David Luiz e os dois estavam muito emocionados, muito emocionados, eu me emocionei um pouco também. Se vocês pegarem as minhas perguntas, a partir da segunda pergunta, a minha voz está um pouco embargada. Então, foi ruim aquele dia ali, assim, pra história, pra minha história como profissional é um dia importante, daqui a 30, 40 anos, eu vou poder falar que eu vi a pior derrota da história da seleção brasileira."

Em 2015, ele considerou um presente poder ir cobrir a Liga dos Campeões da Europa. "Tive a chance de cobrir uma semifinal entre Real Madrid e Barcelona, que foi assim um presentaço que eu recebi da profissão."

Na Copa de 2022, passou meses no Catar, antes mesmo do início da competição, e realizou reportagens sobre o país.

Eric Faria vai morar por três meses no Catar para cobertura da Copa do Mundo. 'Esporte Espetacular', 28/08/2022

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A um mês da Copa do Mundo, Eric Faria traz as informações do Catar. 'Globo Esporte', 20/10/2022

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Eric Faria dá um gostinho do que será mostrado no 'Globo Repórter' sobre o Catar. 11/11/2022

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A tragédia do Chapecoense

Em 2016, a tragédia do voo que levava a equipe do Chapecoense e alguns jornalistas para a Colômbia foi uma marca triste num trabalho que costuma tratar de momentos leves. Ao ver dona Ilaíde, a mãe do goleiro Danilo, cumprimentar cada um dos jornalistas no velório da equipe, Eric não segurou as lágrimas. "A gente se prepara para um jogo, para mostrar as emoções do esporte. Mas nunca pensei em passar por uma emoção como esta", disse ele, em conversa com Galvão Bueno.

Eric Faria chora com gesto de carinho da mãe do goleiro Danilo. 'Globo Esporte', 03/12/2016

Eric Faria chora com gesto de carinho da mãe do goleiro Danilo. 'Globo Esporte', 03/12/2016

Eric Faria fala de como foi o sábado de despedidas da delegação da Chapecoense. 'Esporte Espetacular', 04/12/2016

Eric Faria fala de como foi o sábado de despedidas da delegação da Chapecoense. 'Esporte Espetacular', 04/12/2016

FONTE:

Depoimento concedido por Eric Faria ao Memória Globo em 19/10/2015
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