Por Memória Globo


O programa foi criado para ser uma revista informativa flexível, sem a preocupação de cobrir todos os assuntos mais importantes, como os demais telejornais da emissora, e sem uma estrutura rígida em relação ao formato ou orientação jornalística. O editor Ronan Soares conta que gostava de deixar em aberto essas questões e, para escapar à repetição, apostava em certa descontinuidade no modelo do 'Painel', aproveitando a atualidade do jornal e as possibilidades da revista.

Apresentadores: Berto Filho (Rio de Janeiro e São Paulo), Cícero Moraes (Recife), Claudio Lessa (Brasília), Gilson Humberto (Belo Horizonte) | Editores: Ronan Soares (Rio de Janeiro), Fabbio Perez (São Paulo), Wilson Ibiapina (Brasília), Vera Ferraz (Recife), Severino Falcão (Belo Horizonte) | Repórteres: Sandra Passarinho e Sérgio Motta Melo | Entrevistadores: Otto Lara Resende, Tereza Cristina Rodrigues, Hedyl Valle Jr. | Período de exibição: 01/08/1977 - 27/07/1978 | Horário: De segunda a quinta-feira, das 23h55 à 0h15.

EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO

Webdoc com entrevistas exclusivas do Memória Globo sobre o programa jornalístico 'Painel', com Otto Lara Resende.

Webdoc com entrevistas exclusivas do Memória Globo sobre o programa jornalístico 'Painel', com Otto Lara Resende.

ESTREIA

O programa começou dia 1º de agosto de 1977, com uma entrevista sobre o comportamento sexual do brasileiro e com o primeiro capítulo de uma reportagem seriada sobre educação sexual no Brasil e no exterior. O contou ainda, no terceiro bloco, com uma entrevista do então senador Petrônio Portella sobre o diálogo político.

HISTÓRIA

'Painel' era transmitido em rede para o Rio de Janeiro e São Paulo, de segunda a quinta-feira, das 23h55 à 0h15. Brasília, Belo Horizonte e Recife tinham edições locais. O programa era dividido em três blocos com cerca de seis minutos cada. A ordem de apresentação e a duração desses blocos eram estabelecidas a partir da viabilidade do assunto.

Vinheta de abertura do telejornal 'Painel' (1977).

Vinheta de abertura do telejornal 'Painel' (1977).

Em geral, o primeiro bloco consistia em uma reportagem que tinha continuidade nos dias seguintes, formando uma série. Essas reportagens podiam ser elaboradas através da análise detalhada de um determinado assunto ou podiam ser a cobertura jornalística de um acontecimento realizada ao longo da semana, como, por exemplo, um congresso ou um seminário. Um exemplo de reportagem seriada de destaque no 'Painel' foi sobre o aproveitamento hidroelétrico do Rio Paraná. Foram ouvidas as opiniões dos brasileiros, argentinos e paraguaios sobre o problema de Itaipu e Corpus. Outras reportagens em série exibidas no programa foram sobre as doenças venéreas e seu tratamento, os tóxicos e a Lei antitóxicos.

No segundo bloco do 'Painel', convidados dos mais diversos setores eram entrevistados por jornalistas da TV Globo. Cada estado produzia e exibia sua própria entrevista. Rio de Janeiro e São Paulo revezavam-se na produção, mas exibiam a mesma entrevista. Nos primeiros meses, elas iam ao ar diariamente em cenários que procuravam reproduzir uma atmosfera de informalidade. Mais tarde, deixaram de ser diárias e nem sempre eram feitas em estúdio. O tempo médio de cada entrevista era de 10 minutos. Para se aproveitar o tempo e ganhar em objetividade, eram realizadas pré-entrevistas informais com os convidados para se definir quais os pontos mais importantes a serem abordados. 

Reportagem de Luís Fernando Silva Pinto sobre as mães da Praça de Maio, que protestavam em silêncio por informações sobre seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina. 'Painel', 21/11/1977.

Reportagem de Luís Fernando Silva Pinto sobre as mães da Praça de Maio, que protestavam em silêncio por informações sobre seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar na Argentina. 'Painel', 21/11/1977.

Não havia um grupo fixo de entrevistadores. Em geral, escalava-se o que tivesse mais intimidade com os assuntos a serem tratados pelos entrevistados. Nesse sentido, o jornalista e escritor Otto Lara Resende se encarregava das entrevistas de teor político e literário; Tereza Cristina Rodrigues fazia as entrevistas de caráter mais cultural; e Hedyl Valle Jr. entrevistava os convidados que fossem falar de esportes. 

O bloco final do 'Painel' era dedicado ao noticiário. As notícias eram independentes e cada estado tratava dos problemas mais pertinentes à sua localidade. Os esportes ocupavam regularmente esse espaço do programa. Podiam ser exibidos os melhores momentos de um jogo de futebol ou vôlei, com ênfase no comentário. Não apenas a partida era analisada, mas também o comportamento da torcida, o perfil dos jogadores e as perspectivas da competição.

ENTREVISTAS

Centenas de pessoas foram entrevistadas pelo 'Painel'. O jornalista Otto Lara Resende ouviu, entre outros, o historiador Hélio Silva, os juristas Pontes de Miranda e Raymundo Faoro, o economista Eugênio Gudin, os poetas Mário Quintana e Vinícius de Moraes, os escritores Nélida Pinon e Osman Lins, o teatrólogo Nelson Rodrigues. A cobertura internacional do Painel também foi intensa, com entrevistas exclusivas, como a do ex-diretor da CIA, General Vernon Walters e o Presidente Carlos Andres Peres, da Venezuela.

FONTES

Boletim de programação da Rede Globo, números 238, 240, 245, 247; Aldeão, abril de 1978, nº 35.
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