No final de 2000, quando estava perto de completar dez anos da Guerra do Golfo, Edney Silvestre e o repórter-cinematográfico Hélio Alvarez fizeram uma viagem ao Iraque. O país estava devastado, e o povo vivia em condições precárias. Saddam Hussein mantinha fechadas as fronteiras para os inspetores das Nações Unidas que investigavam a produção de armas químicas e biológicas. Com isso, o embargo da ONU continuava. Das reportagens feita pelos jornalistas, duas foram exibidas no 'Fantástico', nos dias 10 e 17 de dezembro.
Como na época não havia voo para Bagdá, Edney Silvestre e Hélio Alvarez desembarcaram em Amã, na Jordânia, e seguiram de carro, cruzando o deserto até a capital iraquiana. O percurso levou cerca de 20 horas. Durante 15 dias, os dois percorreram um país destruído. No início, os correspondentes acompanharam o grupo pacifista norte-americano Vozes do Deserto, como mostrou a primeira reportagem.
Em entrevista ao Memória Globo, Edney Silvestre lembrou que o aparelho que levaram para se comunicar com o Brasil não funcionava. Passaram 15 dias incomunicáveis, elaborando o material. “Nós queríamos mostrar o retrato do país depois da Guerra do Golfo, porque ninguém sabia o que havia acontecido. Tudo bem, hoje em dia, há a internet, onde jornalistas locais e de outros países dão para os brasileiros uma visão do que está acontecendo, mas é uma ótica estrangeira. A nossa apresentação do Iraque era diferente.”
Reportagem da série de Edney Silvestre e Hélio Alvarez sobre a situação do Iraque dez anos após a Guerra do Golfo e o embargo imposto pela ONU. 'Fantástico', 10/12/2000.
Em reportagem sobre a situação do Iraque dez anos após a Guerra do Golfo e o embargo imposto pela ONU, Edney Silvestre e Hélio Alvarez visitam o berço da civilização, na confluência dos rios Tigre e Eufrates. 'Fantástico', 17/12/2000.
Na segunda reportagem, a ideia era mostrar o Iraque bíblico, o berço da civilização mundial. Entre os rios Tigre e Eufrates, a antiga região da Mesopotâmia foi explorada pelos correspondentes. “A gente foi parar numa área coberta de lixo, a confluência dos rios Tigre e Eufrates, onde supostamente ficava o Jardim do Éden. Fui à Babilônia. Saddam reconstruiu uma parte das muralhas com tijolos que tinham as iniciais dele. Entretanto, as ruínas dos Jardins da Babilônia continuam lá, assim como os leões assírios, de forma que tivemos diante de nós cinco mil anos de cultura”, complementa Edney.
O repórter-cinematográfico Hélio Alvarez também comentou os bastidores da viagem e descreveu a capital do país, Bagdá, como “feia e parcialmente destruída, mas que aparentemente a vida tinha voltado ao normal.” Alvarez completou que “na maior parte do tempo ficamos entre Bagdá, Mossul, Tikrit e Basra. No caminho também tivemos a oportunidade de conhecer alguns sítios arqueológicos históricos como a Babilônia, Ninevia, Samarra e o famoso encontro das águas do Rio Tigre com o Rio Eufrates, conhecido na Bíblia como Jardim do Éden, onde dizem que tudo começou. Gravamos um belo e silencioso amanhecer.”
Participaram da reportagem, do Brasil: Anemary Soares (produção) e Adriana Nagle (edição).