A Jornada da Vida

A primeira temporada foi exibida no 'Fantástico' entre 23 de novembro e 21 de dezembro de 2014. O episódio de estreia foi na remota ilha de Socotra, no Oceano Índico, o único lugar do mundo onde existe uma planta conhecida como rosa do deserto, que produz uma seiva cor de sangue. Em entrevista ao Memória Globo, Sônia Bridi relata que o mais marcante dessa experiência foram os bastidores da viagem. “Passei seis dias sem ver o rosto de nenhuma mulher, eu me sentia na terra dos homens. A gente acampou no pátio de uma fazendinha e as mulheres cozinhavam, mas eram os homens que serviam. No último dia, o anfitrião fez uma maquiagem na minha cara do jeito que elas pintam. Ele ficou tão orgulhoso do trabalho que resolveu me levar para a família. Elas estavam dentro de casa com aquele [pano cobrindo o rosto] e olhavam para mim, rindo. Achavam engraçada a maquiagem. Em uma brincadeira, a mulher dele deixou cair um pouco o véu e eu vi o rosto dela. O Paulo estava filmando e, quando eu saí, ela deu de cara com a câmera. Deu um grito de susto e voltou pra dentro de casa. Nessas horas a gente se dá conta do tanto de diferença entre o nosso universo e o universo dessas mulheres”.

Outro destino da viagem foi Galápagos, um arquipélago vulcânico no meio do Pacífico, que deu origem à grande mudança da história da ciência. Foi lá que Charles Darwin fez os estudos que basearam sua teoria da evolução das espécies. Os repórteres mostraram as diferenças nos bicos e cor de pena de tentilhões, pássaros muito parecidos, que desenvolveram características distintas para se adaptar às condições de seu habitat.

A série passou ainda pelos Estados Unidos, onde há as milenares sequoias gigantes da Califórnia; Brasil – indo até Lagoa Santa, em Minas Gerais, onde foi encontrada a ossada da pré-histórica Luzia, que habitou essas terras há 13 mil anos. E teve a contribuição de: Marco Aurélio Silva e Bernardo Medeiros (arte); Rafael Martinez (técnico); e Renata Chiara e Cláudio Guterres (edição).

A segunda temporada da série estreou em 14 de fevereiro de 2016, com a proposta de mostrar outras formas de evolução da vida na Terra, como ela se mantém e interage. A primeira reportagem foi na Noruega, onde existe uma ‘arca de Noé’ da alimentação, um depósito global de sementes de alimentos do mundo inteiro. O segundo episódio mostrou a Tasmânia, ilha no sul da Austrália, onde a evolução das espécies levou ao surgimento de animais que não existem em nenhum outro lugar do planeta. Em entrevista ao Memória Globo, Sônia Bridi destaca o último episódio: sobre fungos. Ela conta que a ideia foi do então diretor do Globo Natureza, Humberto Pereira, e que, a princípio parecia impossível; “A gente descobriu que o maior organismo ser vivo do planeta é um fungo. A gente foi lá no Oregon, na floresta onde tem esse fungo, caçamos cogumelos comestíveis, mostramos as fazendas de cogumelos no Brasil, fomos ao laboratório onde Alexander Fleming descobriu a penicilina, fizemos coisas incríveis”.

Além das imagens impressionantes feitas por Paulo Zero, a série contou com o trabalho de: Marco Aurélio Silva e Bernardo Medeiros (arte); Rafael Benaque e João Vitor Cinquepalmi (produção); Rafael Martinez (técnico); Renata Chiara e Cláudio Guterres (edição).

O rio Nilo foi cenário para a terceira temporada da série 'A Jornada da Vida', que foi ao ar em outubro e novembro de 2017 no 'Fantástico', em 5 episódios. Da nascente à foz, Sônia Bridi e Paulo Zero mostraram a biodiversidade que nasce nas águas do rio e a cultura que o cerca.

“Fizemos uma viagem de 32 dias à África. Fomos a Uganda, Etiópia, então Lago Vitória, Lago Tana, Nilo Branco, Nilo Azul, o encontro deles no Sudão, e todo Sudão e o Egito, até chegar no Mediterrâneo. Essas séries são bem interessantes. Não é só a viagem, não é só a beleza do lugar, é uma oportunidade de compartilhar informações científicas, compreender a complexidade de todos os sistemas da natureza.” Ela acrescenta que “estudou loucamente” na preparação para as reportagens, mas, ao chegar no local, a natureza a surpreendeu e aprendeu muito com a experiência.

Essa temporada contou com o trabalho de Helen Santos, João Vito Cinquepalmi e Bill Koske (produção); Renata Chiara e Cláudio Guterres (edição); Fernanda Cardoso (pesquisa de imagem); Rafael Martinez (técnico).

Na edição especial em comemoração aos 45 anos do ‘Fantástico’, a série ‘Jornada da Vida’ estreou sua quarta temporada. Dessa vez, Paulo Zero e Sônia Bridi contaram a história do rio Yangtzé, terceiro maior rio do mundo e berço da civilização chinesa. Durante um mês, os repórteres percorreram mais de seis mil quilômetros desde a nascente, nas montanhas do Tibete, até a foz, no Mar do Sul. Ao longo do trajeto, registraram as manifestações culturais e religiosas da civilização originada a partir do Yangtzé, como budismo tibetano, os bordados em seda, a orquestra tradicional Naxi e a ópera chinesa. Mas também mostraram os contrastes entre tradição e modernidade, evidente em cidades como Xangai.

Na quinta temporada da série ‘Jornada da Vida’, Paulo Zero e Sônia Bridi percorreram o Rio Ganges, na Índia, que abastece 400 milhões de pessoas e inspira os rituais de mais de um bilhão de fiéis. No primeiro episódio, exibido em 10 de novembro de 2019, a equipe embarcou em uma expedição pelo Himalaia até a nascente do rio, a quatro mil metros de altitude e flagrou sinais do aquecimento global.

Os repórteres foram também a Rishikesh, a capital mundial da ioga, e mostraram os esforços dos indianos para despoluir o Ganges. Na terceira etapa da viagem, a série mostrou o Taj Mahal, que já sofre danos causados por décadas de exposição ao ar poluído da Índia. No mesmo episódio, Sônia Bridi teve sua roupa branca pintada pelos banhos de cores do Festival da Primavera na cidade de Vrindavan, onde teria nascido o deus Krishna.

A equipe também foi à cidade de Varanasi, a mais sagrada das cidades indianas, onde acontecem os rituais de cremação dos corpos, cujas cinzas são jogadas no Ganges. No final da temporada, a série fez um panorama da sociedade indiana, mostrando as dificuldades de ser mulher na Índia e a luta das transsexuais.

Em 2023, por ocasião das comemorações dos 50 anos do ‘Fantástico’, o programa exibiu uma edição especial da série ‘Jornada da Vida’, com dois episódios. Sônia Bridi e Paulo Zero mostraram a recuperação do Pantanal, que nos últimos anos teve um quarto de seu bioma queimado, sofreu com a maior seca já registrada, mas recentemente começou a dar sinais de renovação e esperança. Os repórteres visitaram o Pantanal na primeira cheia depois de quatro anos de seca e fogo e flagraram sinais do renascimento da flora e da fauna, além de mostrarem iniciativas de pantaneiros para evitar incêndios e preservar a natureza nativa. Mas, mesmo diante dos sinais positivos, a série alertou para novos perigos para o bioma local, como a monocultura de soja e o desmatamento.

O segundo episódio mostrou um Pantanal pouco conhecido, a região da Serra do Amolar, com montanhas e lagos de água cristalina, onde 100 mil hectares de floresta foram destruídos pelo fogo e que começa a se recuperar com a ajuda de fazendeiros e unidades de conservação.