Na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, um incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, conhecido como Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro, causou a morte de dez atletas da base do clube, com idades entre 14 e 16 anos.
As primeiras informações foram ao ar às 7h17, no ‘Bom Dia Rio’, com imagens do Globocop. Em pouco tempo, as notícias da tragédia mobilizaram todo o país e os principais telejornais da Globo passaram a acompanhar de perto o estado de saúde dos feridos, o drama das famílias das vítimas fatais, além das investigações das causas do incêndio.
Primeiras notícias
Na manhã do dia 08 de fevereiro de 2019, o ‘Bom Dia Rio’ começou com a cobertura dos estragos causados por uma tempestade que atingira o Rio de Janeiro na noite do dia 6 e já havia causado seis mortes. Às 7h17, o apresentador do ‘Bom Dia Rio’ chamou ao vivo o repórter Guilherme Peixoto, do Globocop, que trouxe as primeiras informações de uma nova tragédia: um incêndio havia atingido um edifício no Centro de Treinamento do Flamengo, conhecido como Ninho do Urubu. Naquele momento, o fogo já havia sido controlado, mas os bombeiros já confirmavam dez mortos e três feridos, um em estado grave. As imagens do telhado distorcido e a altura das marcas do fogo indicavam que havia sido um incêndio de grandes proporções.
Primeiras informações sobre o incêndio no Ninho do Urubu. 'Bom Dia Rio', 08/02/2019.
Logo as equipes de reportagem da Globo, que naquela manhã estavam mobilizadas na cobertura dos estragos causados por um forte temporal no dia anterior, começaram a chegar ao local do incêndio, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O repórter Edivaldo Dondossola entrou, ao vivo, da entrada do Ninho do Urubu, mostrando a movimentação de pessoas que chegavam em busca de informações. Os apresentadores Flavio Fachel e Silvana Ramiro conversaram, por telefone, com o Tenente-Coronel dos Bombeiros, Douglas Henaut, que confirmou que o local do incêndio era o alojamento dos jogadores das categorias de base. A repórter Lívia Torres entrou, ao vivo, do Hospital Lourenço Jorge, para onde haviam sido levadas os feridos no incêndio.
Tenente do Corpo de Bombeiros comenta sobre o incêndio no CT do Flamengo. 'Bom Dia Rio', 08/02/2019.
A cobertura especial continuou no ‘Bom Dia Brasil’. A apresentadora do bloco de esportes, Cris Dias, falou sobre o Centro de Treinamento do Flamengo, que havia passado por uma reforma recente e era modelo de alto desempenho esportivo no país. Da frente do hospital Lourenço Jorge, a repórter Lívia Torres entrou ao vivo com a confirmação dos nomes dos três feridos que haviam sido levados para o hospital: Cauan Emanuel, de 14 anos, Francisco Diogo Bento Alves, de 15 anos e Jhonata Ventura, de 15 anos. Cecília Malan, de Londres, mostrou que o incêndio no CT do Flamengo já ganhara repercussão internacional. Por telefone, Ana Paula Araújo conversou com o jovem Samuel, que estava no alojamento no momento da tragédia.
Divulgados os nomes dos adolescentes feridos durante incêndio no Ninho do Urubu. 'Bom Dia Brasil', 08/02/2019.
Ainda naquela manhã, o ‘Globonews Em Ponto’ mostrou as primeiras imagens do incêndio, feitas por uma moradora vizinha ao local. O repórter André Coelho, que estava na entrada do CT do Flamengo, informou que a tragédia não havia sido maior porque os jogadores haviam sido liberados do treino que aconteceria naquele dia e por isso alguns jovens teriam resolvido dormir em casa e não no alojamento.
Moradores registram momento do incêndio no Ninho do Urubu, Rio de Janeiro. 'Globonews Em Ponto', 08/02/2019.
Em uma edição especial, o ‘RJ1’ entrou no ar mais cedo, às 9h32, e os programas ‘Mais Você’, ‘Bem Estar’ e ‘Encontro com Fátima Bernardes’ deixaram de ser exibidos no Rio de Janeiro. No estúdio, Mariana Gross e Edimilson Ávila receberam o apresentador do ‘Globo Esporte’, Alex Escobar, que falou sobre a importância do Ninho do Urubu para o Flamengo. Ao vivo, o repórter Eric Faria mostrou uma imagem emblemática: a bandeira do Flamengo sendo colocada a meio mastro em frente ao Centro de Treinamento, em sinal de luto.
Incêndio no CT do Flamengo deixa dez mortos. 'RJ1', 08/02/2019.
Presidente do Flamengo chega ao CT Ninho do Urubu e bandeira do time é colocada a meio mastro. 'RJ1', 08/02/2019.
Perícia
O momento em que peritos do Instituto de Criminalística Carlos Eboli deram início às investigações das causas do incêndio também foi mostrado ao vivo no ‘RJ1’. A lista oficial com os nomes das vítimas fatais ainda não havia sido divulgada pelas autoridades, mas informações sobre os mortos começaram a chegar. A repórter Rose Gomes entrou ao vivo, de Volta Redonda, na frente da casa de um dos jovens cujas vidas foram ceifadas na tragédia: Arthur Vinicius, de 14 anos, que faria aniversário no dia seguinte.
Agentes fazem perícia para investigar causas do incêndio no CT do Flamengo. 'RJ1', 08/02/2019.
O telejornal também mostrou depoimentos de pais de sobreviventes e pessoas que chegavam ao Ninho do Urubu em busca de informações. Do Globocop, Guilherme Peixoto acompanhou o momento que o carro da Defesa Civil chegou para retirar os corpos e levá-los para o Instituto Médico Legal. Ainda naquela manhã, o especialista em segurança pública Fernando Velloso, do estúdio do ‘RJ1’, informou que um curto-circuito no ar-condicionado havia sido detectado pelos peritos.
Especialista em segurança pública Fernando Velloso, informa que um curto-circuito no ar-condicionado foi detectado pelos peritos. 'RJ1', 08/02/2019.
A edição especial do ‘RJ1’ também exibiu ao vivo a entrevista coletiva do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim. Ele disse que aquela era a maior tragédia pela qual o clube já havia passado em 123 anos e afirmou que seus dirigentes estavam colaborando com as autoridades e prestando atendimento às famílias das vítimas.
Presidente do Flamengo fala sobre tragédia no Ninho do Urubu. 'RJ1', 08/02/2019.
No ‘Jornal Hoje’, a reportagem de Edson Viana narrou a história do Centro de Treinamento do Flamengo. Ele informou que, no final de 2018, um novo prédio havia sido inaugurado para abrigar os jogadores oficiais. Por isso, estava nos planos do clube desativar o alojamento que pegou fogo nas semanas seguintes, quando os jovens se mudariam para um setor atualmente usado pelos profissionais. Cecília Malan, de Londres, trouxe as manifestações de jogadores e de clubes internacionais em solidariedade às vítimas.
Incêndio em CT do Flamengo deixa dez pessoas mortas. ‘Jornal Hoje’, 08/02/2019.
Incêndio no CT do Flamengo repercute na imprensa internacional. ‘Jornal Hoje’, 08/02/2019.
Ao longo daquela tarde, a Globo continuou exibindo boletins com notícias ao vivo sobre a tragédia. No ‘RJ2’, foram exibidas imagens das câmeras de segurança do alojamento do centro de treinamento, obtidas com exclusividade, que mostravam alguns sobreviventes saindo do alojamento e escapando das chamas. Em seguida, os repórteres Edilson Santos, Paulo César Castro, Leslie Leitão e Renata Capucci conseguiram entrar em uma casa colada ao alojamento que pegou fogo e mostraram a destruição de perto.
Imagens das câmeras de segurança do alojamento do centro de treinamento, obtidas com exclusividade, mostram sobreviventes saindo do alojamento e escapando das chamas. 'RJ2', 08/02/2019.
'Jornal Nacional'
Quando o ‘Jornal Nacional’ foi ao ar, os nomes dos dez mortos já haviam sido divulgados. Uma reportagem de Pedro Bassan mostrou quem eram os jovens jogadores de base que haviam sido garimpados pelo Brasil, deixaram suas casas e famílias com o sonho de ser um craque do Flamengo e acabaram perdendo suas vidas no incêndio. Já Paulo Renato Soares informou que o Ninho do Urubu não tinha alvará de funcionamento da Prefeitura do Rio e que, no projeto apresentado pelo Flamengo para conseguir a licença, a área onde estavam os contêineres aparecia apenas como um estacionamento. O clube chegou a ser multado trinta vezes por continuar funcionando sem o alvará, até que em outubro de 2017 foi emitido um edital de interdição do Centro de Treinamento, que continuou funcionando à revelia. A reportagem mostrou ainda que o Ninho do Urubu também não tinha o certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros.
Meninos do Ninho do Urubu eram parte de uma elite talentosa. ‘Jornal Nacional’, 08/02/2019.
Ninho do Urubu não tinha alvará de funcionamento, diz Prefeitura do Rio. ‘Jornal Nacional’, 08/02/2019.
Àquela altura, os peritos já haviam constatado que o fogo começara num aparelho de ar-condicionado do contêiner usado como alojamento. O repórter Leslie Leitão teve acesso, com exclusividade, ao conteúdo dos depoimentos dos atletas que sobreviveram, e Paulo Renato Soares deu, ao vivo, detalhes dos relatos dos jovens, que mencionavam uma forte explosão em um ar-condicionado.
Sobreviventes relatam forte explosão do ar-condicionado no Ninho do Urubu. ‘Jornal Nacional’, 08/02/2019.
O dia seguinte
No dia seguinte, o Rio de Janeiro amanheceu ainda sob o choque da tragédia, e a Globo deu continuidade à cobertura. O repórter Guilherme Peixoto mostrou, ao vivo no ‘RJ1’, as homenagens deixadas pela população em frente ao Ninho do Urubu. A diretoria do Flamengo ainda não havia se pronunciado oficialmente sobre as investigações das causas do acidente, mas o repórter Leslie Leitão conseguiu informações de que o ar-condicionado que deu origem ao incêndio havia passado por uma vistoria na véspera, como contou Pedro Figueiredo, em entrada ao vivo.
Ar-condicionado que deu origem ao incêndio havia passado por uma vistoria na véspera. 'RJ1', 09/02/2019.
O ‘RJ2’ daquele sábado começou com a homenagem da torcida aos meninos mortos no Ninho do Urubu. Em seguida, foram exibidas reportagens sobre os enterros de Pablo Henrique e de Arthur Vinicius, que completaria 15 anos naquele dia. No ‘Jornal Nacional’, a matéria de Helter Duarte contou que os peritos buscavam confirmar se havia poliuretano nos contêineres que pegaram fogo, o que poderia explicar a rapidez com que o fogo havia se alastrado. E uma reportagem de Tatiana Nascimento e Leslie Leitão combinou as informações dos depoimentos de quatro sobreviventes à polícia com as imagens das câmeras de segurança para contar a história da tragédia.
Jogadores contam que incêndio começou em ar-condicionado. ‘Jornal Nacional’, 09/02/2019.
'Fantástico'
No domingo seguinte ao incêndio, 10 de fevereiro, o ‘Fantástico’ abriu a edição com uma homenagem aos meninos mortos. No estádio do Maracanã, representantes da torcida do Flamengo fizeram um abraço coletivo na bandeira do Flamengo, enquanto os nomes dos jogadores eram narrados por Galvão Bueno, como se estivessem sendo convocados a entrar em jogo. Era uma forma de realizar o sonho dos ‘garotos do Ninho’.
Maracanã abre os portões e faz homenagem a meninos mortos no CT do Flamengo. ‘Fantástico’, 10/02/2019.
A primeira matéria sobre o caso foi de Sônia Bridi e Paulo Zero. A partir dos depoimentos de sobreviventes e análises de especialistas, a reportagem reconstituiu a sequência de decisões equivocadas que levaram à tragédia e mostraram como a estrutura do alojamento e o material de que era feito contribuíram para as mortes.
Matéria de Sônia Bridi e Paulo Zero mostra depoimentos de sobreviventes e as decisões equivocadas que levaram à tragédia. ‘Fantástico’, 10/02/2019.
Dos quatorze meninos conseguiram escapar das chamas, três seguiam internados: Cauan Emanuel (14 anos) e Francisco Dyogo (15 anos) em situação estável e conscientes; o terceiro, Jonathan Cruz (15 anos), em estado grave. Com exclusividade, a repórter Renata Ceribelli conversou com os dois rapazes que estavam sob acompanhamento médico, em condições de falar. Eles contaram quando perceberam que o alojamento estava pegando fogo e como conseguiram escapar.
Renata Ceribelli conversa com dois sobreviventes do incêndio no CT do Flamengo. ‘Fantástico’, 10/02/2019.
As histórias de vida e os sonhos de cada uma das dez vítimas fatais não poderiam ficar de fora daquele ‘Fantástico’. A reportagem de Marcelo Canellas apresentou fotos e vídeos dos meninos, as cidades de origem e depoimentos emocionados de suas famílias. Ao final do programa, mais uma homenagem. Tadeu Schmidt e Luís Roberto narraram gols e jogadas de algumas das dez vítimas e os Cavalinhos do ‘Fantástico’ se uniram ao cavalinho do Flamengo, mudando os escudos das camisas para o do time carioca. Naquele momento, todos lamentaram a perda dos jovens.
Matéria de Marcelo Canellas conta as histórias dos 10 jogadores mortos no incêndio do CT do Flamengo. ‘Fantástico’, 10/02/2019.
‘Fantástico’ homenageia meninos do Flamengo no quadro 'Cavalinhos do Fantástico’, 10/02/2019.
Depoimentos
Nos dias que se seguiram ao incêndio, a Globo continuou cobrindo o estado de saúde dos feridos, que ainda estavam no hospital, os enterros das vítimas fatais e as investigações sobre a tragédia. Na tarde do dia 11 de fevereiro, foi realizada uma reunião entre representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Prefeitura e dirigentes do Flamengo com o objetivo de discutir as indenizações às famílias das vítimas, as investigações das causas do acidente e a regularização das instalações dos Centro de Treinamento. Na ocasião, Rodolfo Landim, presidente do clube, fez um pronunciamento, mas optou por não responder às perguntas da imprensa. No ‘RJ2’ daquele dia, a matéria de Bette Lucchese fez uma lista de questões ainda sem resposta sobre o caso: “O Centro de Treinamento do Flamengo funcionava sem alvará, sem licença dos bombeiros. Temos diante de nós uma lista de porquês. Por que o Ninho do Urubu continua aberto depois de 31 multas e uma ordem de interdição da Prefeitura? Por que nenhuma autoridade fez valer essa interdição? Por que, mesmo sem qualquer projeto, foi permitido que um estacionamento virasse alojamento e, depois, dormitórios? Precisamos saber quem são os responsáveis por essa tragédia. Omissões e erros devem ser apontados”. Na mesma edição do ‘RJ2’, a matéria de Ari Peixoto mostrou o enterro de cinco dos jovens mortos no incêndio do Ninho do Urubu. E a reportagem de Larissa Schmidt informou que um dos jogadores feridos, Cauan Emanuel, havia se recuperado e saído do hospital.
Reportagem de Bette Lucchese lista perguntas ainda sem resposta sobre a tragédia e revela que as plantas originais do Ninho do Urubu enviadas pelo Flamengo à Prefeitura não faziam qualquer menção ao alojamento. 'RJ2', 11/02/2019.
O 'Fantástico' teve acesso exclusivo aos primeiros depoimentos prestados à Justiça pelos dirigentes do Flamengo após a tragédia, assim como ao testemunho de uma representante da NHJ do Brasil, empresa responsável pela construção e instalação dos contêineres no centro de treinamento. A reportagem de Bette Lucchese e Mahomed Saigg, exibida no dia 17 de fevereiro, mostrou que o então diretor do Flamengo, Márcio Garotti, afirmou que os módulos eram entregues com as instalações elétricas e hidráulicas prontas, cabendo ao clube fazer as ligações à rede externa. Garotti disse também que a manutenção dos módulos não era feita pelo clube, mas pela NHJ. Por sua vez, a representante comercial da NHJ do Brasil, Cláudia Pereira Rodrigues, informou à polícia que, após a entrega dos módulos, era oferecido um serviço de manutenção abrangendo instalações elétricas, hidráulicas e estruturais, mas destacou que esse serviço era cobrado e dependia da solicitação do cliente. Ela disse também que a empresa não incluía nos projetos um sistema de prevenção de incêndios, pois sua implementação dependeria do uso do módulo pelo cliente, e que seria responsabilidade do cliente determinar esse sistema.
‘Fantástico’ tem acesso aos primeiros depoimentos de dirigentes do Flamengo. ‘Fantástico’, 17/02/2019.
Discussões sobre as indenizações
No decorrer daquela semana, dirigentes do Flamengo e outros envolvidos no caso continuaram prestando depoimentos à polícia. Paralelamente, o clube começava a discutir, junto a órgãos oficiais, as indenizações que seriam oferecidas aos parentes dos jovens mortos na tragédia. Na noite do dia 19 de fevereiro, o Flamengo notificou à Defensoria Pública do Rio que recusava o acordo de reparação às vítimas. No dia seguinte, a Defensoria e o Ministério Público rejeitaram a contraproposta do clube, como mostrou a reportagem de Bette Lucchese no ‘RJ2’. Logo em seguida, a apresentadora Ana Luisa Guimarães informou: “E uma notícia que acaba de chegar: o Ministério Público e a Defensoria Pública entraram agora na justiça pedindo a interdição imediata do Ninho do Urubu e o bloqueio de 57 milhões de reais do Flamengo”.
Audiência no TJ entre Flamengo e famílias de jovens mortos termina sem acordo. ‘RJ2’, 20/02/2019.
No dia 21, uma audiência de mediação no Tribunal de Justiça do Rio entre Flamengo e famílias de jovens mortos também terminou sem acordo. A reportagem de Ari Peixoto no ‘JN’ mostrou que os familiares saíram da reunião reclamando dos valores oferecidos e do descaso do clube.
Audiência no TJ entre Flamengo e famílias de jovens mortos termina sem acordo. ‘Jornal Nacional’, 21/02/2019.
No domingo, dia 24, o ‘Esporte Espetacular’ exibiu uma matéria de Marcos Uchoa sobre os impasses entre o clube e as famílias das vítimas, e relembrou casos de outras tragédias do futebol que resultaram em disputas judiciais.
Flamengo não chega a acordo com familiares das vítimas sobre indenização e caso pode parar na justiça. ‘Esporte Espetacular’, 24/02/2019.
Na mesma edição, o repórter Eric Faria entrou, ao vivo, da sede do Flamengo na Gávea, e mostrou trechos da entrevista coletiva do presidente do clube, Rodolfo Landim. Era a primeira vez, 17 dias após o incêndio no Ninho do Urubu, que Landim respondia às perguntas da imprensa. O 'Fantástico’ daquele domingo destacou os principais pontos da entrevista. O presidente do Flamengo defendeu a postura do clube nas negociações de indenizações com as famílias e afirmou que não tinha ciência da falta de licenças e alvarás para o funcionamento do Centro de Treinamento, alegando ter assumido a presidência no final de 2018. O Flamengo fechou o primeiro acordo de indenização com a família de uma das vítimas do incêndio do centro de treinamento do clube no dia 1º de março, mas os valores não vieram a público.
Presidente do Flamengo responde a perguntas sobre a tragédia no Ninho do Urubu. ‘Fantástico’, 24/02/2019.
No dia 27 de fevereiro, a Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu cumprir a ordem de interdição do Centro de Treinamento do Flamengo, emitida originalmente em 2017, por falta de alvará. A informação foi publicada em primeira mão por Lauro Jardim, do jornal "O Globo". O Ninho do Urubu só foi totalmente reaberto em maio de 2019, após o Termo de Ajuste de Conduta firmado entre o Ministério Público e o clube.
Volta aos gramados
Os meninos das categorias de base do Flamengo retornaram aos gramados no dia 30 de março de 2019. A reportagem de Marcelo Courrege no ‘JN’ mostrou que, menos de dois meses após o incêndio, três sobreviventes entraram em campo pela primeira vez, no estádio da Gávea. Os rapazes do Sub-15 venceram o Bangu por 8 a 0 e dedicaram os gols aos colegas mortos na tragédia.
Sobreviventes do incêndio no Ninho do Urubu, do Flamengo, voltam aos gramados. ‘Jornal Nacional’, 30/03/2019.
Em 13 de abril, mais uma boa notícia foi ao ar no ‘JN’. O zagueiro Jhonata Ventura, último sobrevivente do incêndio no CT do Flamengo, que ainda estava internado, deixou o hospital.
Laudo da perícia
Três meses após a tragédia no Ninho do Urubu, o ‘RJ2’ teve acesso, com exclusividade, ao laudo da perícia da Polícia Civil sobre o incêndio. A reportagem de Bette Lucchese, exibida em 08 de maio de 2019, mostrou que os peritos concluíram que o fogo teve início a partir de um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado e que as chamas se espalharam rapidamente por causa do material que revestia as paredes dos contêineres. Além disso, o laudo também evidenciou irregularidades nas instalações elétricas do local, como fios desencapados, condutores emendados, tomadas sem plug e fios queimados. Também foi constatado que, durante o incêndio, as instalações elétricas continuavam energizadas, indicando que não havia um sistema que desarmasse a rede.
Laudo aponta causas do incêndio no CT do Flamengo. ‘RJ2’, 08/05/2019.
Inquérito policial
A Polícia Civil concluiu o inquérito policial sobre a tragédia do Ninho do Urubu no dia 11 de junho de 2019. O ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello e mais sete pessoas foram indiciadas pela morte dos dez jovens e 14 tentativas de homicídio. No ‘Jornal Nacional’, a reportagem de Bette Lucchese explicou que os indiciamentos foram por dolo eventual, quanto se assume o risco de matar. Pouco mais de um mês depois, no dia 17 de julho, o Ministério Público devolveu o inquérito para a Polícia Civil aprofundar as investigações.
Ex-presidente do Flamengo e outras sete pessoas são indiciadas por tragédia no Ninho do Urubu. ‘Jornal Nacional’, 11/06/2019.
Enquanto o Ministério Público atuava na apuração das responsabilidades do incêndio, a Globo continuava acompanhando o drama das famílias das vítimas. Quando a tragédia completou 6 meses, uma reportagem de Gabriela Moreira no ‘RJ1’ trouxe entrevistas com mães de “garotos do Ninho” que ainda negociavam suas indenizações com o Flamengo. Ela conversou também com Rodrigo Dunshee de Abranches, vice-presidente geral jurídico do Flamengo, que defendeu a postura e os valores oferecidos pelo clube.
Seis meses depois do incêndio no Ninho do Urubu, Flamengo e famílias ainda buscam acordos. ‘RJ1’, 08/02/2019.
Um ano da tragédia
No dia 7 de fevereiro de 2020, a Polícia Civil entregou mais uma vez ao Ministério Público do Rio de Janeiro a conclusão do inquérito policial que indiciava o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello e outras sete pessoas por homicídio com dolo eventual e 14 tentativas de homicídio. No mesmo dia, houve uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro com parentes das vítimas, autoridades e representantes do clube. Eles prestaram depoimento na CPI dos Incêndios, que investigou as causas dos incêndios do Ninho do Urubu, do Hospital Badim, Hospital Balbino e Museu Nacional. O repórter Pedro Figueiredo entrou ao vivo, no ‘RJ1’, durante a audiência, e o ‘Jornal Nacional’ exibiu uma reportagem de Ari Peixoto detalhando o processo.
Polícia entrega ao MP conclusão do inquérito sobre incêndio no Ninho do Urubu, no Rio. ‘Jornal Nacional’, 07/02/2020.
No sábado, 8 de fevereiro, dia em que a tragédia completava um ano, uma matéria do ‘Jornal Nacional’ mostrou que algumas famílias foram ao local do incêndio prestar homenagens aos meninos mortos, mas foram impedidas de entrar. Apenas os parentes de uma das vítimas, que tinham autorização prévia do clube, conseguiram passar dos portões. A reportagem exibiu também imagens das homenagens aos "garotos do Ninho” no Maracanã, onde o Flamengo jogou contra o Madureira. Jogadores e mascotes do time rubro-negro entraram em campo com camisas com a inscrição “Nossos 10” e, nas camisas do jogo, estavam estampados os nomes das vítimas. Nas arquibancadas, a torcida exibiu grandes bandeiras com as fotos dos meninos e, antes do jogo rolar, foi feito um minuto de silêncio.
Incêndio que matou 10 jovens no Ninho do Urubu completa um ano. ‘Jornal Nacional’, 08/02/2020.
No dia seguinte, o ‘Esporte Espetacular’ repercutiu os tributos no Maracanã, e o repórter Guido Nunes mostrou que, 10 minutos após o início da partida, a torcida rubro-negra cantou uma música em homenagem aos dez mortos no Ninho do Urubu, algo que já virara uma tradição, repetida em todos os jogos desde a tragédia: “Ô, olê, olê, olê, olê, olê / São dez estrelas a brilhar / No céu do meu Mengão”.
No dia em que a maior tragédia do Fla completa um ano, o Rubro-negro bate o Madureira pelo Carioca. ‘Esporte Espetacular’, 09/02/2020.
Novas revelações
O caso do incêndio no Ninho do Urubu teve novos desdobramentos no dia 9 de setembro de 2020. Documentos e e-mails, publicados em primeira mão pelo site UOL e que constavam no processo à Justiça, revelaram que, nove meses antes do incêndio que matou dez adolescentes no Ninho do Urubu, o Flamengo foi alertado que havia problemas elétricos e riscos à segurança no alojamento que pegou fogo. Naquele dia, os telejornais da Globo e da Globonews repercutiram o assunto. No ‘RJ1’, a reportagem de Gabriela Moreira mostrou um e-mail de 11 de maio de 2018 enviado por um técnico contratado pelo Flamengo aos responsáveis pela administração do centro de treinamento. A mensagem apontava problemas em diversos itens do sistema elétrico e a necessidade de um "atendimento emergencial". Segundo os técnicos, a situação era de “alta relevância e de grande risco”. O clube chegou a contratar uma empresa para realizar os reparos, mas o serviço não foi feito, como constatou uma perícia feita a pedido do Flamengo após a tragédia. O ex-presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, um dos indiciados pelas mortes no incêndio, afirmou não ter tido conhecimento das mensagens.
Flamengo foi alertado 9 meses antes sobre riscos nas instalações do Centro de Treinamento. ‘RJ1’, 09/09/2020.
Em janeiro de 2021, o Ministério Público denunciou onze pessoas, incluindo o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, por incêndio culposo qualificado que terminou em mortes, além de lesão corporal dos três sobreviventes, como mostrou a reportagem de Gabriela Moreira no ‘Globo Esporte’ do dia 16. Na semana seguinte, a mesma repórter informou em seu blog no 'ge.com’ que a Justiça do Rio aceitara a denúncia do Ministério Público.
Dois anos depois
O ‘Globo Esporte’ relembrou a morte dos “garotos do Ninho” no dia 8 de fevereiro de 2021. A reportagem de Fred Justo informou que, dois anos após a tragédia, oito famílias já haviam feito acordos de indenização com o Flamengo, enquanto duas ainda batalhavam por seus direitos. O ‘Esporte Espetacular’ também recordou o incêndio no dia 14 de fevereiro. O repórter Fábio Juppa mostrou quais providências os órgãos de fiscalização e os principais clubes do país haviam tomado desde então em prol da segurança dos atletas das categorias de base.
‘GE’ recorda os dois anos da tragédia no Ninho do Urubu, 08/02/2021.
Tragédia do Ninho do Urubu completa dois anos e, por segurança, clubes investem em melhorias das instalações. ‘Esporte Espetacular’, 14/02/2021.
Em 21 de março de 2021, dias após a CPI dos Incêndios da Alerj ter apontado nove pessoas como culpadas pelo incêndio no Ninho do Urubu, o ‘Fantástico’ exibiu uma entrevista exclusiva com o segurança que salvou jovens do fogo. Benedito Ferreira conversou com a repórter Gabriela Moreira sobre o dia do incêndio e afirmou que os extintores disponíveis no CT no dia do incêndio não funcionaram.
Em entrevista exclusiva ao ‘Fantástico’, Benedito Ferreira afirmou que os extintores disponíveis no Centro de Treinamento do Flamengo, no dia do incêndio que matou 10 jovens jogadores, não funcionaram, 21/03/2021.
Julgamento
O julgamento dos réus acusados pelo incêndio no Ninho do Urubu começou no dia 18 de agosto de 2023, como noticiou ‘Globo Esporte RJ’ do dia 19. O processo corre na 36ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e ninguém foi punido ainda.
Para relembrar os cinco anos do incêndio do Ninho, em 8 de fevereiro de 2024, o ge.com publicou uma reportagem especial sobre a vida dos sobreviventes após a tragédia.
Fontes:
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/02/08/incendio-deixa-mortos-e-feridos-no-centro-de-treinamento-do-flamengo.ghtml; https://ge.globo.com/video/ministerio-publico-denuncia-onze-pessoas-por-tragedia-no-ninho-do-urubu-9183929.ghtml; https://ge.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2024/02/08/cinco-anos-apos-incendio-no-ninho-veja-como-estao-os-sobreviventes-dentro-e-fora-do-flamengo.ghtml |