Acervo/Globo

PRODUÇÃO

'O Espigão' (1974): Óculos com para-brisa

'O Espigão' (1974): Óculos com para-brisa

Para caracterizar a atmosfera de sofisticação tecnológica que cercava o protagonista, a Globo importou dos Estados Unidos ícones de modernidade à época, incorporados aos cenários da casa e do escritório do personagem: um super-relógio digital de mesa, que exibia as horas em vários países; um aparelho que funcionava como rádio, abridor de cartas e apontador de lápis; uma escova de dentes elétrica, que, adaptada, virava um secador de cabelos; e dois pares de óculos peculiares, um para ser usado em saunas, com pequenos para-brisas nas lentes, e outro para ser usado no escuro, com dois mini-holofotes.

Um elevador feito de acrílico e alumínio foi construído pela equipe de cenografia para as cenas em que Lauro Fontana (Milton Moraes) chegava ao seu dormitório.

'O Espigão' (1974): A cama multifunções

'O Espigão' (1974): A cama multifunções

Para reproduzir os requintes tecnológicos descritos no texto de Dias Gomes, foram elaborados alguns “efeitos especiais” bastante rudimentares, mas que produziam ótimos resultados. Nas cenas em que Lauro Fontana atravessa o corredor de acesso ao seu escritório, por intermédio de uma esteira rolante, por exemplo, o ator Milton Moraes ficava em pé sobre um carrinho, que era puxado por um contrarregra. Em outras cenas, Cordélia (Suely Franco), a mulher do empresário, tentava relaxar em uma cama que trepidava quando ela acionava um determinado dispositivo. Para obter esse efeito, a cama cenográfica foi construída sobre pneus, que eram sacudidos pelos contrarregras.

CURIOSIDADES

'O Espigão' foi a primeira novela a discutir o avanço acelerado e predatório da expansão imobiliária sobre o meio ambiente, e a desvalorização das relações humanas em um mundo cada vez mais comprometido com o progresso tecnológico. A trama tinha um forte tom de humor e usava uma linguagem coloquial, seguindo a linha que o autor Dias Gomes já adotara em Bandeira 2 (1971).

Carlos Eduardo Dolabella, Milton Moraes e o diretor Régis Cardoso durante gravação de cena de 'O Espigão', 1970 — Foto: Acervo/Globo

Na época em que O Espigão foi ao ar, o grande nome dos empreendimentos imobiliários no Rio de Janeiro era o do construtor Sérgio Dourado. Havia obras realizadas pela sua construtora espalhadas por toda cidade. Uma parte do público confundiu ficção e realidade e identificou o empresário com o personagem da novela. Por conta disso, durante o lançamento de um prédio na zona sul do Rio, Sérgio Dourado chegou a ser agredido por um grupo em protesto.

O apelido “espigão”, que Lauro Fontana (Milton Moraes) usava para se referir ao seu sonhado hotel, ganhou as ruas e terminou consagrado pelo uso popular, a ponto de merecer registro no dicionário como definição de “edifício com muitos andares”.

Rui Rezende, Betty Faria e Milton Gonçalves em 'O Espigão', 1974 — Foto: Acervo/Globo

Betty Faria chegou ao fim da novela grávida de seu segundo filho, João. A atriz é só elogios para sua personagem, Lazinha Chave-de-Cadeia.

Milton Moraes, Mauro Mendonça, Susana Vieira, Mário Lago, Vanda Lacerda e Tomil em 'O Espigão', 1974 — Foto: Acervo/Globo

Pelo seu desempenho como Tina Camará, Susana Vieira ganhou o prêmio de Melhor Atriz da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

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