Por Memória Globo

João Miguel Júnior/Globo

A sexta Helena

A personagem de Christiane Torloni foi a sexta Helena criada por Manoel Carlos em suas novelas. Ele batizou com o mesmo nome as protagonistas de 'Baila Comigo' (1981, Lilian Lemmertz), 'Felicidade' (1991, Maitê Proença), 'História de Amor' (1995, Regina Duarte), 'Por Amor' (1997, Regina Duarte) e 'Laços de Família' (2000, Vera Fischer). Regina Duarte voltaria a interpretar uma Helena do autor em 'Páginas da Vida' (2006). Em 2009, Taís Araújo viveu Helena em 'Viver a Vida'. E, em 2014, foi a vez de Julia Lemmertz, filha de Lilian Lemmertz, dar vida à personagem na novela 'Em Família'. Manoel Carlos explica a escolha como sendo um nome forte, adequado a personagens batalhadoras, que chegam a mentir por amor.

Ser uma Helena é um prêmio, um presente. E a personagem era uma anti-heroína, mas também a mocinha. Isso é um artifício magnífico de humanização dos personagens. É uma relação de identificação profunda, quanto mais complexo é o personagem, mais sucesso ele faz”.
— Christiane Torloni | intérprete da personagem Helena em 'Mulheres Apaixonadas'

'Mulheres Apaixonadas' foi a quinta parceria do diretor de núcleo Ricardo Waddington com o autor Manoel Carlos. Os dois fizeram juntos 'História de Amor' (1995), 'Por Amor' (1997), 'Laços de Família' (2000) e a minissérie 'Presença de Anita' (2001).

A trama marcou a estreia em novelas da TV Globo dos atores Roberta Rodrigues (Zilda), Daniel Zettel (Carlinhos) e Diego Gonçalves (Jairo), que atuaram no premiado filme 'Cidade de Deus' (2002), de Fernando Meirelles.

Daniel Zettel em Mulheres Apaixonadas, 2003 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

A novela e a repercussão das tramas viraram tema de reportagem da revista americana Newsweek, publicada em julho de 2003.

O programa 'Casseta & Planeta, Urgente!' (1992) criou a paródia Mulheres Recauchutadas que, ao longo da novela no ar, fez sucesso satirizando cenas e personagens. 

A atriz Bruna Marquezine, aos oito anos, interpretou seu primeiro papel de destaque na Globo.

Vanessa Gerbelli e Bruna Marquezine em Mulheres Apaixonadas, 2003 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

Dan Stulbach: Revelação

Manoel Carlos não previu que Marcos (Dan Stulbach) espancaria Raquel (Helena Ranaldi) com uma raquete. A escolha foi circunstancial. Na verdade, o autor precisava inserir o personagem no universo da escola e o tornou um professor de tênis amador. Por isso ele vivia com uma raquete na mão. Manoel Carlos sugeriu a escalação de Dan Stulbach na novela após assisti-lo na peça 'Novas Diretrizes em Tempos de Paz', de Bosco Brasil, em que o ator contracenava com Tony Ramos.

Helena Ranaldi e Dan Stulbach em Mulheres Apaixonadas, 2003 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

Ciúme doentio

O diretor Ricardo Waddington sugeriu que a atriz Giulia Gam lesse o livro 'Mulheres que Amam Demais', de Robin Norwood, para se inspirar na criação da ciumenta e neurótica Heloísa. Durante as gravações, a atriz visitou o grupo de apoio Mulheres que Amam Demais Anônimas (Mada). A atriz destaca a cena da internação da personagem. Ela encarnou o drama de Heloísa de tal forma – gritou, chorou, esperneou, debateu-se tanto – que o psiquiatra que acompanhava a cena e os familiares da atriz ficaram chocados.

Giulia Gam e Marcello Antony em Mulheres Apaixonadas, 2003 — Foto: João Miguel Júnior/Globo

A atriz Carolina Dieckmann ficou afastada da TV por dois anos para se distanciar da personagem Camila, de 'Laços de Família', e viver Edwiges. O cabelo também precisava crescer.

A Edwiges tinha que ter uma leveza, ser uma purpurininha, ter uma curiosidade, um olhar, uma inocência. Isso precisava estar em todas as cenas, não só quando o Manoel Carlos começasse a abordar a virgindade, o assunto em si. A Edwiges foi bem elaborada. A caracterização foi muito pensada. Ela tinha um cabelo grande, usava trança, vestia bata. As pessoas eram muito apaixonadas por ela, tinha uma coisa também de santa, de virgem. Era um relacionamento fofíssimo com o público”.
— Carolina Dieckmann | intérprete da personagem Edwiges

Erik Marmo e Carolina Dieckmann em Mulheres Apaixonadas, 2003 — Foto: Gianne Carvalho/Globo

Susana Vieira se lembra do desafio de interpretar sua personagem, Lorena, apaixonada por um jovem.

Em 'Mulheres Apaixonadas', o Manoel Carlos, ao invés de fazer um personagem central ou dois, ele fez um leque de personagens centrais femininos, cada um com uma característica. Eu era diretora de uma escola, uma diretora de cabeça aberta, que ia contra preconceitos, uma mulher mais velha com um rapaz mais novo. Foi a primeira vez que eu tive que tirar a roupa e simular uma cena de sexo, e depois de muitos anos de carreira. Eu já era uma senhora. Eu fiquei profundamente constrangida, não por tirar a roupa, mas porque eu não tinha mais um corpo de 20, 30 anos”.
— Susana Vieira | intérprete da personagem Lorena

Susana Vieira em Mulheres Apaixonadas, 2003 — Foto: Gianne Carvalho/Globo

'Mulheres Apaixonadas' foi vendida para vários países, incluindo Israel, onde foi ao ar no Canal Viva, no horário nobre, simultaneamente à exibição, em outro canal, da novela 'Esperança' (2002).

A novela foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo em setembro de 2008. Em maio de 2021, a trama foi disponibilizada no Globoplay.

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