Nos anos 1970, a música teve sua praia invadida pelas ondas do rock progressivo. O estilo musical atiçou a curiosidade em todo o mundo e inspirou dois jovens brasileiros que sonhavam formar uma banda de sucesso. O destino tratou de juntar os desejos, promovendo o encontro de Paulo Ricardo, Luís Schiavon, Fernando Deluqui e P.A.
Redação: George Moura e Patrícia Andrade | Colaboração: Silvio Essinger | Redação final: George Moura | Direção: Thiago Teitelroit
HISTÓRIA
Em 1978, o letrista Paulo Ricardo assistiu a um ensaio da banda do então tecladista e estudante Luís Schiavon. Ao final do repertório, os integrantes discutiram, a banda acabou e Luís e Paulo iniciaram uma parceria. Depois de um período de separação, com Paulo em Londres, a dupla compôs músicas de qualidade, mas, para sair dos ensaios de garagem e chegar aos palcos, ainda teriam um longo caminho a percorrer.
Numa jogada de sorte, Paulo acompanhou o amigo Marcelo Rubens Paiva a uma visita à gravadora CBS. O vocalista não perdeu tempo e entregou uma fita cassete com suas composições ao produtor musical Tomás Muñoz. A tentativa rendeu uma entrevista com o diretor artístico Marcos Maynard, que ficou bem impressionado com a inteligência e o foco de Paulo Ricardo. Mas, mesmo com o grande impulso, a dupla ainda precisava de algo a mais: Fernando Deluqui, com sua guitarra, completou o trio roqueiro batizado RPM.
Depois da nova formação da banda, o próximo passo seria assinar contrato com alguma gravadora, que, na época, era o único meio para tirá-los do anonimato. Paulo se reuniu com Tomás Muñoz e blefou, dizendo que haviam recebido convite de outra gravadora para produzir o primeiro disco. A estratégia deu certo e eles assinaram o contrato.
O primeiro compacto do trio apresentou ao Brasil as músicas Revoluções por Minuto e Louras Geladas. Mesmo com um disco gravado, a banda ainda não estava completa. Faltavam P. A. e sua bateria, instrumento essencial em qualquer banda de rock.
O primeiro show como profissionais foi em 1985, e a apresentação causou impacto nos jornalistas presentes. No mesmo mês, o LP da banda foi lançado com músicas inesquecíveis como Olhar 43 e Rádio Pirata. A partir daí, o RPM entrou para a história. O empresário Manoel Poladian repaginou o estilo dos integrantes e os paulistas ganharam mais ousadia, levando o público feminino à loucura.
O primeiro show da banda teve bilheteria esgotada. Antes do lançamento do LP completar um ano, foram vendidas 500 mil cópias. Músicas ainda não gravadas por eles, como London London, alcançavam os primeiros lugares nas paradas e eram repetidas à exaustão nas rádios. Os executivos da gravadora correram para fazer o primeiro CD ao vivo do RPM, que, na época, foi o mais vendido da história, alcançando a marca de três milhões de cópias.
Estourados no país inteiro, a exaustão das turnês começou a influenciar o convívio dos integrantes da banda. Para acalmar os ânimos, acabaram a turnê e saíram de férias por três meses. A distância esfriou a relação dos quatro, e a composição do novo CD foi difícil. A química do RPM estava se esvaindo e a nova bateria de shows parecia anunciar que o fim da banda estava próximo. Luís pede à gravadora para produzir seu primeiro CD solo e, para tristeza do público, o grupo desfaz a parceria.