Comportamento Sexual
Durante seis anos, a sexóloga Marta Suplicy apresentou o quadro Comportamento Sexual, em que tratava, pela primeira vez na televisão brasileira, de questões da intimidade feminina. Assuntos como menstruação, orgasmo, impotência e sexo seguro eram pauta do quadro. Ao longo dos anos, Marta Suplicy juntou um arquivo de mais de três mil cartas de telespectadoras, com dúvidas e críticas quanto ao papel da mulher na sociedade e suas questões com a família e a sexualidade. Em 1984, as correspondências serviram de base para uma peça de teatro, escrita por Mário Prata: Papai e mamãe conversando sobre sexo, que tentava quebrar tabus com bom humor.
Trecho do quadro Comportamento Sexual no programa 'TV Mulher', 1980.
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Ponto de Encontro
O quadro mais conhecido do 'TV Mulher' era o Ponto de Encontro, um espaço para entrevistas conduzidas, nos primeiros anos, por Marília Gabriela. Em um sofá, a jornalista recebia artistas, intelectuais, políticos e esportistas para conversar sobre diversos assuntos.
A estreia do quadro foi com a cantora Elis Regina, que retornava à emissora após anos de afastamento. Elis voltaria a ser a entrevistada duas vezes: em abril de 1981, quando o programa completou um ano, e em setembro de 1981, quando compareceu na companhia da filha Maria Rita. Passaram pelo sofá do Ponto de Encontro, personalidades como Ayrton Senna, Tony Ramos, Fernanda Montenegro, Henfil, Fábio Jr., Luis Fernando Veríssimo.
Marília Gabriela entrevista Elis Regina no quadro Ponto de Encontro do programa 'TV Mulher', 1980.
A partir de 1982, Irene Ravache participou do quadro como entrevistadora, cobrindo férias de Marília Gabriela. Em 1984, a atriz se tornou o principal nome do quadro, com a saída da apresentadora do programa.
Ao Memória Globo, Irene Ravache destacou as conversas com o autor norte-americano Sidney Sheldon e com o piloto Ayrton Senna como sendo as mais marcantes deste período. “Eu gosto muito de televisão ao vivo. Tem que ter jogo de cintura, improviso. Havia uma pauta, mas eu me preparava muito. Não tínhamos um canal de pesquisa na internet, e sim o bom e velho arquivo.”, lembra.
Irene Ravache entrevista a atriz Geórgia Gomide para o quadro Ponto de Encontro do programa 'TV Mulher'.
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Panela no Fogo
A seção de culinária Panela no Fogo era apresentada por Marilu Torres Travesso. Previsto desde a estreia do programa, o quadro tinha pelo menos três entradas, ao vivo, ao longo dos primeiros meses. Selecionava pratos do menu de restaurantes de São Paulo e explicava ao telespectador do 'TV Mulher' como era o modo de preparo. Com o tempo, o quadro passou a incorporar receitas populares, trazendo não apenas o passo a passo de como realizá-la em casa, mas também curiosidades sobre a história daquele prato no Brasil e no mundo.
Além de Panela no Fogo, Marilu apresentou reportagens especiais sobre artes, comportamento, decoração e turismo.
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TV Homem
A partir de outubro de 1980, a equipe do programa recebeu um reforço de peso, o cartunista Henfil. Ele passou a apresentar o quadro TV Homem, fazendo comentários irreverentes sobre a realidade brasileira. A participação de Henfil não ficava restrita ao estúdio: era comum que gravasse entrevistas com transeuntes e sequências externas, em que podia mobilizar os técnicos da Globo, ou mesmo sua mãe, para atuar em cenas bem-humoradas. Fez grande sucesso. Em entrevista a Marília Gabriela, exibida no 'TV Mulher' em agosto de 1985, o cartunista falou dos desafios de fazer televisão. Ele declarou que sua vida mudou a partir do TV Homem: “A televisão é direta, é quente. Vejo as pessoas se emocionarem na televisão. A televisão exige que a pessoa seja ela mesma.”
Marília Gabriela entrevista Henfil, que teve o quadro "TV Homem" no programa 'TV Mulher', 1983.
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Marisa Raja Gabaglia
Em 1981, Marisa Raja Gabaglia comandou um quadro que era uma espécie de consultório sentimental. Em setembro daquele ano, a jornalista passaria a comandar outra seção no programa, Mulher, Profissão: Esperança, com ênfase na vida da mulher em casa e no trabalho.
A entrevista de estreia foi com Sarah Kubitscheck. Raja Gabaglia passou um dia conversando com a ex-primeira dama. O quadro era exibido às terças e quintas.
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Bolsa de Mercadorias
Bolsa de Mercadorias relatava as variações de preço da cesta básica em São Paulo e no Rio de Janeiro. O levantamento de alguns produtos era feito no dia anterior pela equipe de produção. Um funcionário percorria mercados e tomava nota de onde determinado alimento estava mais barato, e onde estava inflacionado. Em setembro de 1981, o quadro passou a incorporar a variação de preços de outros alimentos e mercadorias, como eletrônicos, eletrodomésticos e material esportivo.
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Clodovil
Desde a estreia do 'TV Mulher', o costureiro Clodovil Hernandes apresentava um quadro descontraído que levava seu nome. Seu jeito direto, desinibido, sem papas na língua logo fez sucesso entre as telespectadoras do horário da manhã.
No quadro, Clodovil dava dicas de estilo, desenhando vestidos e comentando modelitos em alta, além de entrevistar estilistas, modelos e outras personalidades da moda. A modelo Luana de Noilles, o estilista George Henri, o figurinista norte-americano Geoffrey Beene e o cabelereiro Lais Gouthier conversaram com ele.
Quadro sobre moda, com apresentação de Clodovil Hernandes no programa 'TV Mulher'.
Devido à alta procura por parte das telespectadoras, Clodovil passou a ler e comentar cartas de mulheres interessadas em dicas de roupas para as diversas ocasiões. O público que o costureiro mais desejava alcançar eram as mulheres mais pobres, que não tinham dinheiro para renovar o guarda-roupa a cada estação.
Clodovil sugeria ideias de como reaproveitar peças antigas, provando que moda independe de classe social. O quadro foi exibido até 1983.
As tiradas de Clodovil no programa 'TV Mulher'.
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Claquete
Em 1980, a jornalista Hildegard Angel apresentava Claquete, quadro em que tratava dos bastidores da televisão, contando detalhes sobre a produção de telenovelas da Globo. Em setembro de 1981, o quadro foi reformulado e passou a se chamar Camarim. Novo título, novo visual. Camarim ganhou um estúdio especial na emissora do Rio de Janeiro, que aparentava um camarim de televisão. A ideia era entrevistar atores nos bastidores das atrações. Hilde, como era chamada no meio artístico e jornalístico, ficou no ar até 1984.
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Turismo
A jornalista Marilu Torres rodou o Brasil e visitou as principais cidades do mundo com o quadro Turismo. Exibido às sextas-feiras, entre 1982 e 1986, o quadro dava sugestões de viagem e mostrava os principais atrativos do destino escolhido e também contava um pouco da história do local.
Um dos primeiros destinos visitados por Marilu Torres foi São Paulo. Ela mostrou algumas curiosidades do Instituto Butantã, em abril de 1982. Em dezembro de 1983, a jornalista mostrou as principais praias de Maceió, que teria se tornado uma das principais metas do turismo nacional. Na capital alagoana, Marilu percorreu o centro da cidade e entrevistou artesãs.
Em outubro de 1985, o cenário escolhido foi Nova York. A jornalista mostrou os atrativos de Manhattan. Lisboa e Estocolmo foram outros destinos internacionais. O quadro contou com a parceria de uma companhia aérea.
No quadro Turismo do programa 'TV Mulher', a jornalista Marilu Torres dá dicas para visitar a cidade de Cabo Frio, no litoral do Rio de Janeiro, 1986.
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Serviço de Proteção à Telespectadora
Em Serviço de Proteção à Telespectadora (SPT), os apresentadores Marília Gabriela e Ney Gonçalves Dias atendiam pedidos de ajuda do público. As principais reivindicações e queixas referiam-se aos problemas urbanos.A redação era de Sumika Yamazaki, que permaneceu no 'TV Mulher' até 1984. Em entrevista ao Memória Globo, a jornalista lembrou que assumiu o quadro poucos meses após o início do programa, ainda em 1980. “Acharam melhor fazer um serviço de atendimento específico ao telespectador. Foi o primeiro casamento entre o jornalismo e produção.”
Em setembro de 1983, o Serviço de Proteção à Telespectadora passou a ser apresentado em inserções ao longo dos blocos do programa, As grandes reportagens de interesse nacional passaram a ganhar mais espaço. A repórter Ilze Scamparini estreava na Globo e contribuiu com o quadro diretamente de Campinas, São Paulo.
Trecho do quadro Serviço de Proteção à Telespectadora (SPT) do programa 'TV Mulher'.
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Direito da Mulher
O Direito da Mulher trazia orientações jurídicas, apresentadas pelo jornalista e advogado Ney Gonçalves Dias. Em 1983, o quadro aprofundou a discussão sobre os direitos femininos com a presença de advogados convidados que davam orientações sobre o tema do dia. Em abril daquele ano, o Direito da Mulher teve uma edição especial em comemoração aos três anos do programa. Os apresentadores fizeram uma análise da participação da mulher nos últimos anos, especialmente, na política. Em setembro de 1984, o quadro passou a ser apresentado pela advogada Florisa Verucci, que respondia dúvidas de telespectadoras na área de direito da família e trabalhista.
A advogada contava com a colaboração de juristas de outros campos do Direito, dependendo da pauta do programa.
Zulaiê Cobra Ribeiro passou a apresentar o quadro nos dois últimos anos do 'TV Mulher'.