Mauricio Saraiva comenta as chances de título do Inter
A três rodadas do fim do Brasileirão, o Inter mantém a esperança de conquistar o tetracampeonato. A situação é delicada, mas, caso mantenha o embalo e uma improvável combinação de resultados, o torcedor seguirá abraçado à calculadora e tabela de classificação.
O sonho vem da impactante sequência de 16 partidas de invencibilidade. O técnico Roger Machado conduz a arrancada com as ideias e execução de um plano que potencializa as peças.
Nesta terça, o Inter completa exatos 100 dias do início da série. Em 18 de agosto, o Colorado perdeu para o Atlético-GO por 1 a 0 no Antônio Accioly. O jogo era o sétimo do treinador à frente da equipe.
Além da atuação em Goiânia, o cartel preocupava: apenas uma vitória, quatro empates e duas derrotas, entre partidas de Sul-Americana e Brasileirão. No nacional, os gaúchos apareciam em 13º lugar com 25 pontos, três a mais que o Corinthians, então 17º e primeiro na zona de rebaixamento. O Botafogo liderava com 46.
O cenário assustava e irritava os torcedores, incomodados com mais um ano problemático. Roger teve uma semana para treinar de olho no confronto com o Cruzeiro (vitória por 1 a 0). Ali começava a impressionante série.
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Consolidação da ideia
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Um dos mantras diz respeito ao modelo de jogo. O treinador costuma falar que "se estiver em dificuldade, se apegue ao modelo". Roger cativou o grupo, que comprou o que ele pretendia implementar.
O Inter é um time que atua no 4-1-3-2, com uma marcação adiantada para pressionar a saída de bola do adversário, mas que valoriza a posse e a troca de passes para chegar ao gol adversário.
Os gaúchos apresentam uma gama de jogadas, que pode ocorrer tanto pelos lados, até com mais um jogador pela ponta para ludibriar a marcação, como pelo meio.
Tempo para trabalhar
Roger chegou com o Inter já eliminado da Copa do Brasil e, logo no segundo jogo, caiu na Sul-Americana. Ficou apenas com o Brasileirão para focar, o que lhe deu mais tempo para treinar, enquanto o fiel escudeiro, o preparador Paulo Paixão, trabalhava a questão física. As três paradas de data Fifa serviram para ajustar o plano, corrigir os problemas e aprimorar as virtudes.
– Penso que usei muito do material deixado pelo treinador anterior que pude queimar etapas, mas coloquei uma forma diferente de jogar. A estrutura é parecida. Os jogadores são talentosos e com um entendimento rápido. As paradas da data Fifa permitem que você trabalhe. Não tem como colocar princípio de jogo sem treinar. Para cada princípio aparecer, você precisa uma média de seis a 10 trabalhos – avalia Roger.
Sucesso nas apostas com Bruno Gomes e Bernabei
Talvez o grande acerto de Roger. O técnico já tinha promovido a mudança nas laterais com a dupla, mas a sequência os catapultou a expoentes. Bruno Gomes ganhou até o apelido Cafu Gomes, enquanto o argentino é uma das principais armas ofensivas.
O Inter aposta na aptidão de Bernabei e o libera para apoiar. Não raro trama as jogadas com Wesley e até aparece na área para finalizar.
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Brilho do trio Alan Patrick, Wesley e Borré
Os três lideram o Inter nesta arrancada. São responsáveis pela evolução do time na produção ofensiva. Na série invicta, o time balançou as redes em 33 oportunidades. Borré, Alan Patrick e Wesley fizeram 19, o que representa um total de 57% de aproveitamento. Apenas nos empates em 0 a 0 com o Cruzeiro, 2 a 2 com o Corinthians e 1 a 1 com o Flamengo um deles não marcou.
Alan Patrick e Borré têm sete cada, enquanto Wesley, cinco. O capitão colorado se recuperou da lesão no joelho esquerdo e voltou a ser o protagonista. Tem liberdade no modelo de Roger para organizar as jogadas e estar perto do gol para finalizar.
O colombiano reencontrou o futebol que chamou atenção da direção. Mostra oportunismo, mas também participa na construção das jogadas. Quando o Colorado está sem a bola, dá o primeiro combate no adversário para tentar recuperá-la.
Wesley faz as jogadas pela esquerda e aposta nas arrancadas e dribles, além de chutar sempre quando encontra espaço.
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Novo departamento de futebol
O Inter mudou o organograma da principal pasta do clube. O presidente Alessandro Barcellos escolheu José Olavo Bisol como o vice de futebol no início de agosto. E, após a derrota por 1 a 0 para o Atlético-GO, acertou com André Mazzuco como executivo e D’Alessandro de diretor esportivo.
O dirigente político comanda as ações no departamento e reporta as ações ao conselho de gestão, enquanto os profissionais acertam as diretrizes.
Mazzuco tem uma questão mais técnica. Já o ídolo colorado aproxima o vestiário da cúpula, mas também motiva e orienta o grupo, assim como se mostra próximo ao treinador. A dupla não conhece derrotas. Entrou justamente quando começou a série invicta.
Série invicta do Inter:
- 16 partidas
- 12 vitórias
- 4 empates
- 33 gols pró
- 11 gols contra
- 83% de aproveitamento
- 100 dias sem perder
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