Personal gaúcho que é o braço direito de Braithwaite fala como conheceu o jogador
A adaptação de um dinamarquês - que morou por um bom tempo na Espanha - em um país como o Brasil não é nada fácil. Mas desde a primeira vez que pisou em campo com a camisa do Grêmio, Braithwaite parece muito bem habituado. Um dos principais motivos para isso é que o "braço direito" do atacante é um gaúcho, amigo desde a época de Barcelona.
Acostumado a ajudar o artilheiro gremista na recuperação física e preparação em pré-temporadas, o personal trainer, Leonel Villeroy foi responsável também por apresentar Porto Alegre para Braithwaite. Mais que um preparador físico, a relação que perdura desde 2019 facilitou a chegada da principal contratação gremista na temporada.
Mas para falarmos dessa amizade “aleatória” entre um dinamarquês e um gaúcho, precisamos abordar como as histórias se cruzam. Antes de conhecer o centroavante do Grêmio, o personal trabalhou com nomes como Philippe Coutinho, Lucas Leiva, Ter Stegen, Thiago Alcântara, Douglas Costa e muitos outros nomes do futebol mundial.
Leonel e Villeroy trabalhou com Philippe Coutinho e Thiago Alcântara — Foto: Arquivo Pessoal
Amante do futsal, Leonel foi criado nas quadras da capital gaúcha. Tentou ser jogador junto com o amigo e hoje campeão olímpico, André Jardine. Porém, o destino separou para ele um outro rumo na carreira.
A experiência no salão abriu as portas para iniciar a carreira como preparador físico. Começou trabalhando com Ortiz, pai do zagueiro do Flamengo e ex-jogador de futsal, e atendeu também Daniel Carvalho. Já no meio do futebol, conheceu Douglas Costa por indicação e passou a fazer parte do estafe particular do atacante, naquela época, no Shakhtar Donetsk.
– Ficamos seis meses, tivemos um trabalho bem vertiginoso. Tive em Donetsk, convivi bastante dentro do clube. A partir daí tive uma experiência dentro do clube muito rica. Assistia aos treinos do Shakhtar sentado no banco, na época que tinha Luiz Adriano, Alex Teixeira, Bernard, Taison, Douglas, William. Ficava olhando os caras treinar – contou o personal.
A partir disso, o nome do preparador físico foi tomando proporções maiores. O crescimento no futebol permitiu Leonel a abrir a própria academia de treinamento funcional e até filiais, enquanto tocava em paralelo os trabalhos personalizados com jogadores.
Em 2019, abriu uma filial do Centro de Treinamento Villeroy em Barcelona. A propagação do nome fez Leonel conhecer, além de atletas, outros profissionais da área da saúde que também fazem parte do estafe de um jogador de futebol.
– A gente chama de preparação complementar. Faço uma análise da rotina do jogador e temos reuniões com os clubes. Tive várias reuniões no Barcelona, Aston Villa… então tu entende a rotina do jogador, a carga de trabalho, quando ele treina força, quando não treina e ali tu entra com trabalhos complementares. Mobilidade geral, alongamentos, reforço específico, que não é uma sobrecarga, que é um reforço unilateral, de equilíbrio. Monitoramento da potência do jogador através da altura do salto – explicou Leonel sobre o seu trabalho com os jogadores.
Leonel Villeroy já trabalhou diretamente com Lucas Leiva — Foto: Arquivo Pessoal
Coincidência ou não, entre um trabalho e outro, enquanto morava em Barcelona, um quiroprata holandês apresentou o preparador gaúcho para o goleiro Ter Stegen e Braithwaite. O dinamarquês recém tinha chegado no clube catalão e se recuperava de uma lesão.
– O primeiro treino de braço que dei fazia muito tempo que ele não treinava. Eu lembro que ele foi treinar e tonteou. Fazia muito tempo que não treinava. Era focado na parte superior, talvez algo que ele não estivesse acostumado com esse baixo intervalo. Acho que conquistei ele a partir dali e fomos evoluindo. Fui conhecendo ele aos poucos – contou o preparado.
Leonel Villeroy e Braithwaite trabalham juntos desde 2019 — Foto: Arquivo Pessoal
Desde então os dois não pararam mais de trabalhar juntos. Mesmo quando Leonel voltou a morar em Porto Alegre e Braithwaite ficou na Espanha, os trabalhos de preparação complementar seguiram à distância, por vídeo-chamada.
Porém, a proximidade entre os dois permitiu que os treinamentos fossem além dos cuidados com o corpo. Pela experiência que teve no futebol em diferentes países, o personal trainer sempre aconselhou o atacante.
Quando o jogador já estava na Grécia, pronto para assinar com o Olympiacos, uma reviravolta que só o mundo do futebol pode proporcionar colocou Braithwaite no Grêmio. Prestes a vir para a capital gaúcha, o atacante consultou o parceiro gaúcho.
Análise tática: Entenda como Braithwaite se tornou indispensável no Grêmio
No primeiro contato, Leonel quase não acreditou. Mas o personal trainer sentiu que de fato a possibilidade do jogador vir para o Porto Alegre era real quando recebeu uma ligação do vice-presidente de futebol, Antônio Brum.
– Lembro (primeira vez que Braithwaite falou sobre o clube gaúcho). estava em casa e ele me ligou: “preciso falar contigo. Existe uma possibilidade de eu ir para o Grêmio”. Me deu um ataque de riso, sério mesmo. “Estou falando sério”. Aí começamos a fazer a hipótese, brincar. Até que o vice-presidente de futebol do Grêmio me ligou. Aí começou a me perguntar e pensei: “vai acontecer”. Era para falar mais sobre as características do Martin – revela.
Desde a chegada do dinamarquês em Porto Alegre, o preparador físico tem sido uma espécie de "braço direito" do jogador. Foi ele quem apresentou a cidade para Braithwaite e ajudou a deixá-lo mais à vontade.
Braithwaite treina com o gaúcho, Leonel Villeroy, desde 2019 — Foto: Arquivo Pessoal
Pouco mais de quatro meses, o atacante gremista já está mais adaptado na capital gaúcha. O jogador já não mora mais em hotel. Fixou estadia na cidade e trouxe a esposa e filhos para morar com ele.
E se a resposta de Braithwaite no Tricolor foi imediata, com gols, e lugar garantido entre os titulares, Leonel Villeroy tem parte importante nessa engrenagem, tanto no redimento físico, mas também no acolhimento do principal jogador do Grêmio no Rio Grande do Sul.
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