Flamengo-PI x Comercial-PI: atletas e membros das comissões batem boca após final de jogo
"Como é que eu vou colocar um time (em 2025) para fazer tudo isso de novo? Só quem tem condições de bancar o time é o poder público". Este é um dos trechos da fala de João da Silva Neto, presidente do Comercial-PI, que revelou ter pedido dinheiro a juros emprestado a um agiota para quitar 60% dos salários atrasados dos jogadores do Bode, que disputaram a Série B do Campeonato Piauiense. O clube foi eliminado na primeira fase da Segundona e não tem mais calendário para temporada de 2025.
Flamengo-PI 0 x 3 Comercial-PI | Gols | 10ª rodada | Série B do Campeonato Piauiense 2024
- É o jeito pedir ajuda (recorrer ao agiota). Eu não tinha como pagar o pessoal. A equipe bem em Campo Maior, passando três, quatro rodadas em segundo (lugar na classificação). A equipe estava bem, não aparecia nada (de suporte financeiro). Imagina sem a classificação. Mas pelo que a gente fez, eu estou satisfeito pelo trabalho. Em relação as duas equipes (Piauí e Atlético-), gastaram muito dinheiro e você não vê nada de futebol. Gastaram muito dinheiro em nível de Piauiense, de Segunda Divisão. E eu sozinho, sem comissão, sem ninguém. Fiz e faço vantagem - comentou o dirigente.
A folha salarial do Comercial-PI com custos de atletas e comissão técnica é de R$ 45 mil. De acordo com Neto, o clube ainda ficou com débito neste ano de R$ 60 mil.
A quem o Comercial-PI deve R$ 60 mil?
- Ministério do Trabalho (Dívidas trabalhistas);
- Receita Federal (Encargos do clube);
- Rescisões de contratos de atletas;
- Restante dos salários dos jogadores que estiveram no elenco de 2024 (Faltam entre 30 e 40% de pagamento);
- Material de treinos;
- Escritório de contabilidade;
- Viagens;
- Empréstimo com agiota de dinheiro a juros para pagar os jogadores.
Flamengo-PI x Comercial-PI: atletas e membros das comissões batem boca após final de jogo
- Dinheiro emprestado a juros, com certeza o agiota quer a porcentagem. Mas como eu falei: "quando sair o dinheiro do Governo, eu vou sanar os débitos". O pessoal não entende. O pessoal acha que a gente que monta futebol tem dinheiro, faz muito dinheiro. Quando cai um dinheiro desses que o governo dá para cobrir as despesas e disputar a competição, acham quem o dinheiro é para a gente colocar no bolso. Não sabem o que a gente gastou - disse o gestor, que ainda completou.
- Colocar um time com viagens, despesas. Não treinamos no Deusdeth de Melo (estádio de Campo Maior) pelo campo não ter condições. Tivemos que ir para o Boqueirão. A viagem era R$ 800 de ônibus para a gente treinar. Tirando dinheiro do orçamento de salário, fugia da nossa realidade (os gastos). A logística ficava de fora - finalizou.
Durante a temporada da Série B, o Comercial-PI não pôde usar por muitas oportunidades o Deusdeth de Melo, estádio de Campo Maior, que foi liberado pela Federação de Futebol do Piauí (FFP), mesmo com gramado comprometido. O estado da grama inviabilizou atividades do Bode e do seu maior rival, o Caiçara, durante a preparação para os jogos. As partidas ocorreram no local, mesmo com as condições adversas.
Sem calendário, em 2025, o Comercial-PI segue na Série B do Campeonato Piauiense. Nesta temporada, o Alvianil ficou na terceira colocação com 12 pontos, a mesma quantidade de pontos do Piauí, que faturou o acesso. Entretanto, a equipe de Campo Maior teve dois gols a menos de saldo.
Desta forma, ficou na Segundona. Foram oito partidas, 12 pontos conquistados, três vitórias, três empates e duas derrotas. Ao todo foram seus gols marcados, quatro sofridos e 50% de aproveitamento dentro da competição.
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