Pepa não confirma se fica no Sport, mas faz planos para 2025
Não há planejamento no Sport sem o técnico Pepa para 2025. E não há outro pensamento do treinador português que não seja estar na Ilha do Retiro na próxima temporada. Embora à espera das eleições do clube para ter a permanência ratificada no Leão, o português está completamente mergulhado na reformulação do elenco rubro-negro. E não apenas isso.
Antes de seguir de férias para Aveiro, em Portugal, onde passará as férias, Pepa concedeu uma entrevista bastante franca ao ge. O treinador de 43 anos falou, por exemplo, que pretende manter cerca de 70% o elenco que terminou a Série B.
"É importante ter a frieza de não misturar a emoção e o agradecimento pelo que foi feito, como se isso fosse o suficiente para uma Série A", afirmou.
O técnico também projetou contratar aproximadamente dez jogadores para iniciar a próxima temporada. Pepa também falou sobre metas para a Série A 2025, utilização da base e planos para a carreira.
Confira os detalhes na entrevista abaixo.
ge: Quando foi contratado, o Sport informou que havia uma cláusula de renovação automática em caso de acesso à Série A. O senhor permanece no clube para 2025?
Pepa: Isso, no meu papel, vale o que vale. Sinceramente, para mim, vale muito mais a palavra do que qualquer tipo de cláusula. Portanto, o meu desejo é continuar, mas também não posso ser hipócrita e dizer que está 100% porque não está. Como é público e toda a gente sabe, vai ter eleições, não é? Portanto, tenho que esperar também, porque... Por tudo! Portanto, são coisas que eu não controlo. Mas a probabilidade (de permanência) é muito grande.
ge: Mas senhor já começou a planejar a próxima temporada com a diretoria, não é verdade?
Pepa: Já, porque independentemente daquilo que aconteça, o trabalho tem que ser feito. O Sport não pode parar. Isso é que eu já disse uma vez, sabe? Que independentemente daquilo que possa acontecer, o presidente, o treinador, o Sport continua, o Sport continua forte, o Sport vai continuar, vai estar na Série A, e o trabalho tem que andar para frente. O planejamento, os jogadores, o elenco, tudo, tudo, portanto. E isso já começou. Já começou, e é um trabalho que eu gosto, ser uma pessoa proativa na construção do elenco, em tudo, naquilo que me compete, que é muita coisa, não é? Mas esse trabalho já começou.
Pepa, técnico do Sport, se emociona ao falar do acesso: "Vim porque acreditava"
ge: Quanto jogadores imagina que o Sport vai precisar contratar para a próxima temporada?
Pepa: Assim, por alto, estou a idealizar à volta de dez jogadores. Não é aquela sangria de 20... Não, não, não. Porque é importante ter uma base deste ano. Agora, também é importante ter a frieza de não misturar a emoção e o agradecimento pelo que foi feito, como se isso fosse o suficiente para uma Série A. São coisas completamente diferentes, e temos que ter essa razão e essa frieza de distinguir as coisas. Porque uma coisa não tem nada a ver com a outra. Agora, é também importante ter uma base para iniciar o trabalho, o Estadual etc., tudo que vem pela frente, para dar sustento, para dar para tudo. É diferente ter já uma base de trabalho do que ter um plantel completamente novo. E há aqui, há condições para ter essa base.
ge: Quantos por cento do elenco atual o senhor projeta manter para a próxima temporada?
"Não é que eu não seja bom na matemática, mas é mais fácil, diria, à volta de 70%. Se formos analisar do plantel mais curto que ficou para esta reta final, sem estar a contar com tudo, os "30 e tal (jogadores)", em relação ao plantel mais reduzido com que acabamos (a Série B), à volta de 70%".
ge: Em relação ao mercado português, que o senhor conhece bem, pretende observar os jogadores que estão lá? É possível que na próxima temporada a gente tenha reforços que venham para o Sport de Portugal?
Pepa: Tudo é possível, tudo é possível. O futebol está tão globalizado, temos tantas ferramentas hoje em dia para poder analisar, ver, pesquisar, portanto, tudo é possível. Temos de estar abertos a tudo. E acima de tudo, o mais importante, como eu já disse, é olhar para dentro e depois, com muita ponderação, com muito cuidado, com muito trabalho, sermos muito rigorosos e meticulosos naquilo que vai ser selecionado. Porque não é só a qualidade. Para jogar aqui, se eu já sentia isso e percebia isso antes, depois de estar aqui no Sport, não é qualquer jogador que joga aqui. Não é qualquer jogador que pode ser escolhido para jogar aqui. E não é só a qualidade futebolística que conta. Tudo tem de ser analisado e tudo conta. E não é à toa que tivemos um grupo como tivemos este ano. Um grupo humilde, um grupo de trabalho. Aquilo que eu disse em várias coletivas, eu fiquei apaixonado pelo grupo. E eu não escolhi um jogador. Eu escolhia onze, escolhi a quem entrava, escolhi isso. É a minha responsabilidade. Mas a construção do elenco, eu não tive zero a ver com isso. Daí muito mérito à direção. Quando eu digo direção, às pessoas responsáveis, porque há nomes para isso também, como é óbvio, ao Mariano (Soso), que foi muito responsável também pela construção do elenco. Portanto, os parabéns à direção e ao Mariano por terem tido a capacidade de construir um elenco que, aí está, quando eu tive as primeiras reuniões ainda em Portugal, deu-me o alento de: "há condições para ser campeão". Depois de chegar aqui, confirmei olhos nos olhos com o grupo, com o elenco, que havia condições para ser campeão. Não fomos campeões, mas o mais importante não deixa de ser um título. Não é um título físico, mas é um título que é promoção para a Série A, que era o mais importante de tudo.
Pepa tem o aval da torcida e dos jogadores para seguir no Sport
ge: O senhor vai de férias para Portugal. Poderia dizer quanto tempo pretende ficar lá e se durante esse período vai manter contato com a direção para poder intervir nas possíveis contratações, chegadas e saídas?
Pepa: Sim, vai ser diário, vai ser todos os dias. Tem que ser todos os dias, não tem outra forma. Eu até disse que não pode haver um há fuso horário, não há nada. É a hora que for, é quando tiver que ser, porque mesmo estando de férias, não há nada mais importante que o Sport, portanto, isso é uma questão de trabalho. E o voltar? Primeiro gostava de voltar, quero voltar, espero que volte, mas se voltar, gostaria de passar o Natal com a família, e depois, sim, nem que seja no dia 25 (de dezembro) à noite ou 26, voltar cá.
Coletiva do técnico do Sport, Pepa, após acesso para a Série A
ge: O senhor tem um mercado aberto em Portugal, mas nunca treinou em nenhum dos grandes clubes do seu país. É um desejo ou sonho treinar um dos grandes de lá?
Pepa: Se eu falo que é sonho, parece que é um objetivo a curto prazo. Não é, não é. Eu gosto de me sentir feliz onde estou e ser desejado onde estou. Eu digo muitas vezes isto, eu já dizia isto como jogador. Se eu estou num clube, a olhar para outro clube, a querer ser desejado por outro clube, vai "dar cagada". Eu tenho de ser desejado onde estou. Eu tenho de dar a vida onde estou. Eu tenho de ser desejado onde estou. E esse é o meu foco, é esse. Tudo o que tiver que acontecer, que aconteça com naturalidade, porque é a vida, é a vida.
- Quem me diz a mim que eu vou estar aqui daqui a um mês? Quem me diz a mim que eu vou estar aqui, até posso ficar aqui dois, três anos como o (treinador) do Fortaleza, o (Juan Pablo) Vojvoda? Quem sabe? Não sabemos o amanhã. E hoje estou aqui a gravar isto aqui na câmara, e se calhar daqui a três anos estou aqui outra vez. Ou não, a vida é assim mesmo. Portanto, para mim, já como jogador, era assim que eu pensava. Não vale a pena estar a desejar. Parece que estamos com inveja de outros clubes, de outros treinadores por estarem ali, ou de outros jogadores. Nada, nada, nada. Vou gastar energia é onde estou. E, sinceramente, eu acho que foram três meses com esse espírito mesmo de missão. Eu disse várias vezes, espírito, missão, missão, missão. E tem que ser assim, senão começamos a desviar o foco para outras coisas. Um dia irei regressar a Portugal? Talvez. Principalmente até pela família, que é algo que não é fácil de... É uma parte que a mim me custa muito, muito mesmo. Mas não vejo isso como... Não me tiro ao sono.
Pepa, técnico do Sport, puxa o "Cazá, cazá!" em festa privada do acesso à Série A
ge: Em geral, quando um clube se sobe à Série A, é muito natural dizer que o principal objetivo é não cair, não bater e voltar. O que é que planejam para o ano que vem? Se, de fato, não cair o Sport terá a missão cumprida?
Pepa: Eu não gosto dessa frase "não cair". Não cair parece um coitadinho. Nós não somos coitadinhos. Não cair parece que vamos fazer os mínimos, vamos ver se não cai. Não gosto dessa frase.
"Prefiro dizer assim: vamos buscar uma Sul-americana. Pronto, assim não cai para o ano. Então pronto, por que é que vamos dizer "não cair"? Prefiro dizer, vamos buscar uma Sul-americana. Prefiro assim".
- Prefiro dessa forma. É difícil, é difícil, é claro que é difícil. Não é difícil, é muito difícil. É muito difícil e temos essa noção. Mas pronto, os objetivos acho que são claros para toda a gente. Isso é fácil de perceber qual é o nosso objetivo. É permanecer na Série A, mas aí está, eu prefiro com esse objetivo, claro, de buscar uma Sul-americana. E depois há Copas muito importantes. Copa do Nordeste, Copa do Brasil, além do Estadual, que é o primeiro, logo a primeira competição, ou seja, são muitas competições, são muitos jogos. Este ano, o Sport fez mais de 60 e tal jogos (65, no total). Uma loucura de jogos. Isto são quase duas épocas em Portugal. Portanto, é muito desafiador, muito difícil, mas aí está. É um desafio muito bom.
Caldinho do GE resenha sobre acesso do Sport no Córrego do Jenipapo
ge: Pretende contar com atletas das divisões de base no elenco para o próximo ano?
Pepa: Temos de contar com tudo. Mas eu até já tinha dito isto antes. A base não pode ser uma forma de estatística. Lançar meninos da base só porque é bonito ou só porque fica bem para a estatística, não. Há qualidade? Então, não há problema nenhum. Mas aí não se pode estar a queimar moleques da base só porque fica bonito meter um menino de 16 anos ou de 17 anos. Eu não vejo as coisas dessa forma. Não olho para idades, olho para a qualidade, mas nunca a queimar ninguém. O que é preciso é dar sustento. As coisas não se conseguem assim no instalar de dedos. Agora que subimos para a Série A, os sub-20 de repente são muito bons. Nós sabemos o que é que temos, queremos melhorar, queremos ajudar-nos, mas não é assim no instalar de dedos. Tenho que só olhar para semear bem, que é para depois colher a melhor ainda lá à frente. É aquilo que eu acredito e é o que tem que ser feito.
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