O Sport mantém contatos e segue "excursionando" pelas ruas da Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, para ouvir propostas de construtoras e investidores e tirar do papel o tão cobiçado plano de negócios para a Ilha do Retiro: a retrofit do estádio. O projeto visa revitalizar as instalações sem necessariamente envolver mudanças significativas em estrutura.
O projeto já está traçado - o clube, por exemplo, abriu negociação para se transferir rumo à Arena Pernambuco a partir de 2024 -, mas tem lacunas a sanar. Quanto tempo durará a reforma? Já houve acordo e definição de valores com o investidor para financiar o projeto?
Com a palavra a partir de agora, Yuri Romão, presidente do Sport. O dirigente bateu um papo rápido com a reportagem do ge, abrindo detalhes sobre como o clube trabalha sua ida para São Lourenço da Mata - de qual forma, em paralelo, pensa em melhorias do complexo da Ilha do Retiro.
Mais do que isso: ele também delineou rotas alternativas caso a retrofit, no pior dos cenários, não saia do papel, confidenciando a possibilidade de utilização até do Arruda, do rival Santa Cruz. Sem, contudo, reforçar: "A gente precisa de um novo estádio".
Leia os pontos na íntegra:
O tema da transferência do Sport para a Arena em 2024 veio à tona de forma pública nos últimos dias - de que essa ida seria iminente em função do início do retrofit na Ilha. O que a direção pretende fazer para melhorar o complexo do estádio, considerando, no pior dos cenários, que a reforma dê para trás?
- A Ilha do Retiro, de fato, precisa passar por algumas intervenções, independentemente se vai ser uma reforma, como estamos trabalhando para que seja. Se a gente não conseguir equacionar o projeto financeiro, o mínimo que vai acontecer é uma reforma grande no gramado, muito grande, e uma intervenção também muito grande na parte elétrica. Por conseguinte, também, o aumento ou troca total da iluminação. Lembrando que são duas coisas distintas. A iluminação é uma coisa, temos que sair de 600 lux, para no mínimo 1.600 lux, mas a princípio acho que a gente vai colocar até mais. E também a parte elétrica, de cabeamento, de fibra ótica. Tudo isso precisa ser mudado com o intuito de melhorar e auxiliar o trabalho da imprensa. É uma intervenção que seria necessário aí pelo menos uns seis meses e a gente de fato precisa de um novo estádio.
Já existe algum prazo definido ou uma estimativa para o início e o fim das obras na Ilha do Retiro? O que se fala é que o retrofit duraria dois anos até ser concluído...
- Obviamente, o que a gente almeja é a Arena de Pernambuco. Estamos tentando viabilizar um acerto que seja interessante às partes, tanto pro Governo como para o Sport, para que possamos levar os jogos para lá enquanto há a intervenção. Seja ela mínima, de iluminação, elétrica e gramado, ou mesmo a reforma como um todo.
"A reforma como um todo é difícil prever um prazo, mas pelo pouco que entendo seria algo em torno de 18 meses, podendo chegar a dois anos. Caso não haja um acerto, inclusive de cunho financeiro, a gente pode tentar ver alguma coisa no Arruda, enfim... Mas o primeiro da lista, sim, é a Arena de Pernambuco."
Fontes do Governo do Estado nos falaram que a transferência para a Arena não estaria ainda cravada em função de alguns "ajustes de formato". Pode detalhar quais seriam esses ajustes?
- A gente vem conversando. Já conversei com o secretário Daniel Coelho, conversamos com o presidente da Arena, com o presidente da Empetur, várias pessoas do staff da Arena... Temos conversado. Já pedi para uma equipe de engenharia fazer uma avaliação do que é necessário lá na Arena, as melhorias que precisam ser feitas, já que há necessidade. Mas temos algumas situações que precisam ser equacionadas. Temos um patrocínio com uma cervejaria. Como seriam as vendas desses produtos dentro da Arena? Realmente não sei se há um outro patrocínio lá. A questão de estacionamento, já que um sócio nosso não paga em dias de jogos. A questão que é muito importante da mobilidade. Colocação de ônibus, já que a chegada até a Arena é mais complicada que a chegada à Ilha do Retiro. Como o Consórcio de Transporte Urbano disponibilizaria esses ônibus, transporte público, para chegada e retorno da Arena. Principalmente jogos à noite.
Tudo isso precisa ser muito bem detalhado. E outras questões financeiras que precisam ser ajustadas. Tem que ter um caderno de encargos que será posto na negociação para que seja cumprido. A operação de jogo é complexa, não é trivial. Portanto há a necessidade que a Arena esteja preparada também pro grande público.
Sobre a retrofit, especificamente. Já houve acordo do Sport com investidor/e ou construtora para dar início ao projeto?
- Nós estivemos em São Paulo por duas vezes percorrendo várias empresas, fundos de investimentos, algumas assets, bancos. Ou seja, no que a gente costuma dizer no linguajar financeiro, o pessoal da "Faria Lima". E para nossa boa surpresa, a aceitação por parte do mercado financeiro em estar junto do Sport nessa reforma de financiar foi praticamente 100%. Agora, faz necessário, e é onde estamos trabalhando, ver qual é o melhor modelo que a gente quer. Pra voltar mais à frente para esses mesmos fundos e empresas que a gente visitou, e mostrar o projeto arquitetônico que ainda não está pronto, está em andamento. O escritório tem encaminhado a concepção do projeto. Futuramente, a gente deve estar já com um pré-projeto para apresentar na Prefeitura, para que a gente possa saber se é viável ou não, até para não perder tempo. E concomitantemente vamos apresentar, já aí com um possível pré-modelo de projeto financeiro, para passar em São Paulo e ver quais seriam os parceiros para andar conosco nessa reforma.
"Se faz necessário também ter o projeto pronto para orçar. Porque tudo que se fala hoje é no âmbito do 'achômetro'. A gente não tem noção de quanto custaria de fato essa reforma. Ou pelo menos a reforma desejada. Então, para sentar e fechar uma equação, se faz necessário o final do projeto.'
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