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Por Pedro Alves — João Pessoa


As últimas semanas foram intensas nos bastidores do Botafogo-PB. Apesar de a diretoria executiva pouco falar sobre o tema, aos poucos, a transformação do Belo em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) vai se tornando realidade. Desde a entrevista coletiva em que o presidente do clube e outros dirigentes detalharam proposta que tinham em mãos, em junho, já se passaram pouco menos de cinco meses. Esse período serviu para a formatação dos contratos e, claro, para acertar os últimos detalhes.

CT da Maravilha do Contorno — Foto: Matheus Aquino/ge

Nos últimos dias, um impasse chegou à mesa de negociações, mas, segundo o conselheiro Alexandre Cavalcanti, foi sanado. É que o clube não reconhece uma suposta dívida que o Governo do Estado entende que o clube tem como o poder público, referente ainda a irregularidades no programa Gol de Placa, que patrocinava o futebol profissional da Paraíba, incluindo o Belo. Os investidores queriam saber quem se responsabilizaria em caso de cobrança judicial dessa dívida, que o clube não reconhece.

Ficou definido que se em algum momento a SAF for cobrada pela dívida, os valores referentes a repasses da SAF para a Associação, como aluguel da Maravilha do Contorno e royalties para o uso comercial da marca do clube, que pertence a Associação, serão usados para quitar essa dívida, claro, em caso de decisão judicial obrigando à quitação.

Passado esse impasse, a tendência é que a constituição da SAF dentro do clube seja feita nos próximos dias. O ge agora tira algumas dúvidas sobre esse trâmite e explica quais são os próximos dentro do clube.

O que falta agora para o Belo virar SAF?

No ponto de vista oficial e institucional, falta a convocação da Assembleia Geral, que é a instância de poder do clube que vai definir de uma vez que o departamento de futebol do Botafogo-PB vai ser uma SAF ou não.

Roberto Burity, presidente do Botafogo-PB — Foto: Allan Hebert / Botafogo-PB

A Assembleia Geral, que vai ser convocada de maneira extraordinária, tem que ser convocada pelo presidente do Botafogo-PB, que pode fazer isso a qualquer momento e marcar a reunião para qualquer data. Isso deve acontecer nos próximos dias.

Outro ponto importante em relação à constituição da SAF é a assinatura dos contratos. Pelo que apurou o ge, todos os possíveis impasses contratuais que existiram de junho para cá foram sanados, e agora o que falta é organizar as agendas dos investidores Lucas Franzato e Celso Colombo Neto com os dirigentes para que haja a assinatura do contrato, que ainda passará pelo crivo da Assembleia Geral.

É mais de um contrato?

Sim! O Botafogo-PB, sob os cuidados do conselheiro, ex-presidente e assíduo assessor jurídico do Belo, Alexandre Cavalcanti, redigiu quatro contratos: contrato da constituição da SAF, contrato de investimento, contrato de arrendamento da Maravilha do Contorno e contrato da concessão da marca.

O primeiro é sobre a separação do Botafogo-PB em dois: a associação, que permanece, e a Sociedade Anônima do Futebol, que vai comandar o departamento de futebol. O segundo é sobre os compromissos de investimento a cada ano, a depender do momento em que o clube esteja no cenário nacional, incluindo formação de elenco e melhorias na Maravilha do Contorno, por exemplo.

Alexandre Cavalcanti foi responsável por redigir os contratos — Foto: Cristiano Santos/Botafogo-PB

O terceiro contrato é sobre a cessão da Maravilha do Contorno, que segue de posso do clube, que vai ser alugado para a SAF utilizar em seu trabalho no departamento de futebol. O quarto documento vai definir os valores a serem pagos pela SAF para poder utilizar a marca do Botafogo-PB, nomes, cores, escudo, em comercialização de diversos produtos, seja produtos físicos ou intelectuais. A proposta dos investidores Lucas Franzato e Celso Colombo Neto é de R$ 260 milhões (corrigidos anualmente pelo IPCA) por 15 anos.

Associação terá representantes nos conselhos diretivos?

Sim! Serão dois conselhos dentro do organograma da SAF. Um Conselho de Administração, que será composto por cinco membros, e um Conselho Fiscal, que também será composto por cinco membros.

O Conselho de Administração terá um trabalho mais atrelado ao departamento de futebol. Os investidores vão comprar 90% das ações do clube, enquanto que a Associação conservará 10% das ações, percentual mínimo para o clube associativo manter de acordo com a Lei da SAF. Desse modo, o clube terá um representante seu no Conselho Diretivo enquanto a SAF terá quatro. Essa indicação é feita pela diretoria executiva da Associação.

Lucas Franzato e Celso Colombo Neto são os invesstidores — Foto: Montagem: Paulo Lira / Jornal da Paraíba

Já o Conselho Fiscal terá o trabalho de acompanhar, opinar e dar pareceres sobre a política financeira adotada pela SAF. Assim como no caso do Conselho de Administração, a Associação Botafogo-PB só terá um indicado, enquanto que a SAF terá quatro.

Quem serão os indicados?

Isso ainda não está definido. Mas dois nomes surgem como prováveis nomes que estarão nos conselhos. Grande responsável pela redação dos contratos, o ex-presidente do clube, Alexandre Cavalcanti, é um dos conselheiros que já disse que tem vontade de fazer parte do Conselho de Administração.

Alexandre foi presidente do clube de 2019 a 2023. Torcedor do clube desde a infância, foi atleta das escolinhas do clube na década de 1990. Em 2012 virou assessor jurídico do Botafogo-PB e já defendeu o clube em causas desportivas como advogado. Em 2016, entrou nas instâncias de poder do clube como vice-presidente Jurídico. É conselheiro nato do Botafogo-PB, por ser ex-presidente. Formado em Direito, Alexandre é professor universitário.

Paulo Monte, conselheiro do Botafogo-PB — Foto: Cristiano Santos/Botafogo-PB

Outro nome que ganha força para representar o Botafogo-PB Associação dentro de algum conselho da SAF é o de Paulo Monte, atual vice-presidente de Marketing do clube, que foi um dos responsáveis, como dirigente, de fechar a negociação com os investidores Lucas Franzato e Celso Colombo Neto.

Paulo Monte ganhou força dentro do clube mais recentemente, ocupando o primeiro cargo em instâncias de poder no Belo em 2020, como membro do Conselho Deliberativo. Paulo Monte entrou no clube sob as bênçãos de Roberto Burity, presidente reeleito do Belo, que é seu familiar. Curiosamente, além de botafoguense, o dirigente é torcedor do Santa Cruz de Recife. Em 2024 foi eleito para o seu terceiro mandato como conselheiro. Paulo Monte é professor universitário na área de Economia.

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