Disputar um Campeonato Mundial e lutar por uma cobiçada vaga nas Olimpíadas de Paris 2024 pode soar como um grande desafio, mas a missão chega a parecer singela perto do que o dinamarquês Joachim Sutton enfrentou recentemente. Medalha de bronze no dois sem em Tóquio 2021, Sutton passou nada menos que 31 dias remando no Pacífico, numa travessia de 4500km entre a Califórnia e o Havaí, e menos de dois meses depois está em Belgrado, na Sérvia, pronto para brigar por um lugar na próxima edição dos Jogos Olímpicos.
O dinamarquês decidiu de se aposentar logo depois de conquistar o bronze em Tóquio e planejava se dedicar à graduação em antropologia. Mas o convite para participar da travessia ao lado de três amigos de infância o fez considerar um retorno ao esporte.
- Pareceu divertido. Eu conhecia algumas pessoas que já tinham feito isso, então não soou como uma loucura - disse Sutton. - É uma experiência extremamente interna. Você não vê nada. Deixamos a costa e demoramos 30 dias para vermos terra novamente. Só víamos água. Nem animais, nem pessoas, apenas água.
No Desafio do Pacífico, Sutton passava de 12 a 13 horas por dia remando e, para aguentar o forte ritmo, precisava ingerir cerca de 10 mil calorias por dia. O remador e os três companheiros encararam ondas de dez metros de altura e chegaram a ter três remos quebrados em 24h.
- Remamos em ondas de 10 a 15 metros, nada que você veja numa praia. Remávamos por duas horas e depois ficávamos fora dos remos por duas horas, e assim por diante. Então, não dormi mais do que uma 1h40 seguida naquele mês. Era quase uma vida de monge - lembra Sutton.
Ainda na fase de treinamento para o desafio, Sutton acabou decidindo abandonar de vez a aposentadoria e tentar uma nova campanha olímpica.
- Isso me fez querer ir para as Olimpíadas de novo. Eu estava em paz com minha decisão, mas senti que me classificar para outra edição enquanto encarava esse desafio me motivou muito.
Para estar em forma para disputar o Campeonato Mundial, que acontece até 10 de setembro em Belgrado, Sutton precisou acrescentar uma rotina de treino de força no barco, além das 12 horas por dia que ele já passava remando, para impedir a perda de massa muscular. Terminada a aventura, o dinamarquês não teve tempo de comemorar: era hora de mudar o foco para o remo tradicional.
- Fiquei feliz e meio aliviado de terminar a travessia, mas na minha cabeça já tinha seguido em frente. Tentei aproveitar a viagem, mas a cada minuto que passava acordado pensava no que poderia fazer para diminuir os danos antes do Mundial - disse o remador, que disputa a competição ao lado do parceiro no bronze em Tóquio 2021, Frederic Vystavel.
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