Reformado, tradicional Campo do 11 manteve formato original
Um dos campos de várzea mais tradicionais do Recife, o Campo do Onze, criado em 1950, recebeu uma bela reforma da Prefeitura na "atual temporada". Com um novo sistema de iluminação e um gramado artificial para substituir a terra de antes, o espaço por pouco não perdeu um de seus grandes charmes: o formato torto.
A correção das linhas quase foi feita, mas parou após pedidos da comunidade do bairro de Santo Amaro. Os moradores barraram a mudança, e o motivo não foi apenas pela tradição, conforme explica Marcone Gadelha, técnico do projeto social União, que atua no local.
"(Na hora da marcação) Diminuiu pra caramba, ia jogar oito contra oito, aí a gente não ia aceitar não porque tem as competições oficiais, da comunidade, que disputamos aqui, e o Recife Bom de Bola, da Prefeitura, que não íamos poder trazer pra cá. Aí foi uma polêmica danada", recorda.
Nenhuma das quatro linhas tem o mesmo comprimento. E o charme do campo raiz, para quem não sabe, é também um trunfo para os times de Santo Amaro que atuam no local. Tem até estratégia baseada nas linhas tortas.
- A gente pede primeiro pra atacar pro lado de cá (direito, na imagem) e depois, no segundo tempo, pro lado de lá, que a barra fica bem centralizada. E aí consegue ver melhor, os atacantes conseguem ver melhor. Os adversários não têm esse conhecimento da dimensão do campo - explicou Gadelha.
Além dos jogos dos peladeiros e as competições de várzea, o Campo do Onze mantém um papel importante na comunidade por meio de projetos sociais, sendo um símbolo para os moradores - assim mesmo, torto, do jeito que todo mundo está acostumado.
- Tirar meninos dos caminhos que não devem ir. E através do futebol a gente consegue fazer isso. Através do Campo do 11, a gente consegue resgatar. Tem no projeto da escolinha 120 meninos.
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