Conheça Lucas Pinheiro, astro do esqui mundial que agora defende o Brasil
Com uma mistura de sangue frio vindo das montanhas norueguesas e coração quente das praias brasileiras, Lucas Pinheiro Braathen tem levado o nome do Brasil para lugares nunca antes alcançados no esqui alpino. No último domingo, o atleta, filho de pai norueguês e mãe brasileira, conseguiu um resultado inédito ao conquistar a medalha de prata no slalom gigante na etapa da Copa do Mundo de Beaver Creek, nos Estados Unidos. O talento na neve pode parecer natural, mas esconde uma resistência inicial ao esporte: quando criança, Lucas não gostava de esquiar e, como muitos garotos brasileiros, preferia dedicar seu tempo livre ao futebol.
– O que é especial na minha história é que o meu amor pelo esporte nasceu no Brasil, não nasceu na Noruega. Eu não gostava de esquiar quando era criança, eu achava horrível, achava frio, as botas de plástico machucavam meus pés, meus pés estavam acostumados com chuteira e praia – disse Lucas ao ge. – Meu amor pelo esporte nasceu jogando futebol com meus primos, com meus amigos.
Com um currículo recheado de medalhas em Copas do Mundo e Mundiais de esqui alpino defendendo a bandeira da Noruega, Lucas, que nasceu em Oslo, fez um movimento ousado ao trocar uma das maiores potências dos esportes de inverno para competir pelo Brasil. O norueguês-brasileiro ainda tenta se adaptar ao peso de representar um país tão populoso.
– Foi muito difícil disputar as primeiras competições representando a bandeira de mais de 200 milhões de pessoas. É uma responsabilidade que eu nunca tive antes. Eu estava adorando, mas precisava me acostumar um pouquinho – diz Lucas. – Na Noruega, se eu tenho um dia ruim de competição, ainda tem outros atletas que podem defender o país. Agora, sou só eu, então se eu errar é um dia ruim para o Brasil no esporte. É uma pressão e uma responsabilidade muito pesada, mas é muito legal de se ter também.
A relação com o Brasil vai muito além dos laços sanguíneos, baseada na admiração pela cultura e energia do brasileiros. Tanto que o esquiador adotou o samba como comemoração ao fim das competições.
– Eu sempre tive esse amor por pessoas criativas, artistas e música. Então, eu acho que quando estou esquiando é igual a estar dançando, é o meu sentimento ao esquiar. Eu sempre tive essa conexão de arte com esporte, sempre tentando misturar os dois.
A prata na etapa de Beaver Creek foi o primeiro pódio brasileiro em uma competição deste nível em esportes de neve. Em ótima forma, Braathen tem como grande objetivo disputar os Jogos Olímpicos de Inverno de Milão-Cortina 2026. Caso confirme a classificação, o Brasil terá pela primeira vez na história uma chance real de medalha nos Jogos. E uma oportunidade única de estreitar os laços com os esportes de inverno.
– É claro que é a maior competição, o maior efeito que eu posso criar é nas Olimpíadas de 2026. É a maior oportunidade de levar a bandeira do Brasil e mostrar que tudo é possível. Então, eu vou trabalhar para conquistar essa classificação e conseguir um pódio em Milão-Cortina – diz Lucas. – Talvez eu possa virar uma inspiração para as pessoas. Não preciso ser uma inspiração para que crianças virem esquiadoras, mas quero ser inspiração para correrem atrás dos sonhos, não importa quais sejam.
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