Medalhista de ouro na maratona aquática em Tóquio 2020, Ana Marcela Cunha teve uma temporada 2024 de altos e baixos. Em busca do bicampeonato olímpico em Paris 2024, bateu na trave do pódio e ficou em quarto lugar. Por outro lado, lidera a Copa do Mundo de Águas Abertas, ocupando a primeira colocação após quatro etapas. E isso mesmo depois de uma manhã ruim em Hong Kong, neste sábado, quando terminou em oitavo lugar num dia em que até um ciclone tropical deu as caras na competição. Ana Marcela fez um post desabafo no Instagram depois de nadar, e revelou que há apenas quatro dias foi internada com uma crise de pedra nos rins e retirou um cálculo renal. Veja a foto.
- Quem me conhece sabe que não sou de dar desculpas por nenhum resultado!! Hoje não será diferente! Mas quero deixar aqui uma explicação, pois não gosto quando falam apenas do resultado sem saber o que aconteceu e acontece na vida. Pra muitos, um 8º lugar “estranho”… Mas quem tá comigo sabe que hoje foi uma prova de superação, coloquei meu corpo no limite, me entreguei de corpo e alma! Após a etapa de Setúbal, foram quatro dias com uma infecção intestinal, sem treinar. Na terça- feira (22/10), onde devia estar embarcando para Hong Kong, eu estava no hospital por conta de uma pedra no rim (última foto). Mesmo com tudo isso, na quarta embarquei e hoje eu fiz o que podia fazer pra continuar brigando pelo ranking. Agora é voltar pra casa, serão quatro semanas me cuidando, voltando à rotina, dando sequência nos treinamentos para chegar na melhor forma na última etapa! - relatou a nadadora.
- Amor, obrigada pela parceria, pelo cuidado, por TUDO que você tem feito por mim, sabemos que não está sendo fácil mas juntas somos muito fortes! 🫶🏽♥️ Fabri, além de técnico tá sendo um pai nessa caminhada na Itália! 🥹😂 Obrigada família, Time, equipe multidisciplinar, clube, COB, CBDA e todos os patrocinadores! Sempre juntos por mais!! - completou Ana Marcela, que foi consolada pelo técnico Fabrizio Antonelli depois da prova.
Ana Marcela Cunha fica fora do pódio na Maratona Aquática
Os cálculos renais são pedrinhas formadas por minerais e sais ácidos que se aglutinam na concentração da urina. Podem causar dor intensa e náuseas.
Ciclone tropical
Ana Marcela e os outros nadadores enfrentaram um mar extremamente agitado na prova de 10 km em Hong Kong, enquanto uma tempestade tropical se formava, à espera do ciclone Trami. A prova precisou inclusive ser adiantada, começando uma hora antes do previsto, às 8h30, um alerta de tufão grau 3 ser emitido pelo observatório nacional, com previsão para 10h40. Alguns atletas ainda estavam na água quando foi soado um aviso de aproximação do tufão, e foram retirados do mar antes de terminarem a prova, por ordem da guarda costeira.
Segundo a escala Saffir-Simpson, usada para medir a intensidade de tufões e furacões, um ciclone de grau 3 é aquele em que os ventos atingem velocidades entre 178km/h e 209 km/h. Pode causar danos estruturais em casas e arrancar grandes árvores, além de provocar o surgimento de ondas de até 3,6 metros.
Liderança da temporada
Ana Marcela Cunha completou os 10km em Hong Kong em 2h07min17s20, quase 40 segundos atrás da australiana Moesha Johnson, vencedora da prova. Ginevra Taddeucci, da Itália, foi a segunda colocada e Lea Boy, da Alemanha, a terceira. Entre as brasileiras, Viviane Jungblut ficou em 10º, com 2h08min10s30, seguida por sua irmã, Cibele Jungblut, que ficou 11ª, com 2h08min26s20. Lizian Sobral e Isabella Scopel Tramontana terminaram, respectivamente, na 23ª e 24ª posições.
Com o resultado, Ana Marcela Cunha segue na liderança da Copa do Mundo de Águas Abertas 2024, com 2.350 pontos, 402 pontos à frente da vice-líder, Lea Boy, que tem 1.948 pontos. Viviane Jungblut caiu para a terceira posição, com 1.900 pontos. A quinta e última etapa acontece em NEOM, na Arábia Saudita, entre 22 e 23 de novembro, encerrando a temporada.
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