Giovanna Martins desabafa por não poder ir ao Mundial de Ultramaratona
O sonho de representar o Brasil no Mundial de Ultramaratona 2024 precisou ser adiado por Giovanna Costa Martins. Inscrita na prova dos 100km, que acontece no sábado, em Bangalore, na Índia, a atleta revelou que não pôde viajar para a competição por não ter conseguido tirar o visto indiano a tempo. Giovanna acusa a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) de não ter avisado aos atletas sobre a necessidade do visto no momento da convocação. A ultramaratonista ainda tentou tirar o visto por conta própria, mas não conseguiu. A entidade afirma que enviou um representante à Embaixada da Índia em Brasília para buscar uma solução.
- A Confederação esqueceu de avisar, na convocação, sobre a necessidade de visto para entrar na Índia. Na verdade, a gente ficou sabendo pelo atleta, o Biel, que mora na Alemanha. Ele avisou ao professor Marcos, que é o responsável pela convocação da ultramaratona. O Marcos também não estava sabendo do visto e foi ele que me avisou no final da semana passada. Eu corri contra o tempo, fiz tudo o que estava ao meu alcance para conseguir esse visto. Paguei uma taxa, dei entrada online e no domingo a embaixada me pediu uma carta informando o que eu iria fazer lá. Enviei uma cópia da convocação e até agora não tive resposta nenhuma. Também não consigo falar com eles por telefone - disse Giovanna na postagem em uma rede social.
Chorando em alguns momentos do vídeo, a ultramaratonista - que apareceu na gravação ao lado do marido e treinador, Marcos Martins - Giovanna foi além nas críticas à CBAt.
- Essa não é a primeira vez que atleta não vai a uma competição por falta de visto. A confederação, quando emite uma convocação, pede passaporte, RG... Por que não põem uma pessoa para verificar se o país precisa de visto ou não? Tudo o que eles pediram eu mandei o mais rápido possível, mas não falaram nada de visto - comentou.
A CBAt, por sua vez, afirma que não "mediu esforços" para ajudar a atleta. Em nota publicada em seu site oficial, a entidade também contou que enviou um representante à Embaixada da Índia em Brasília para buscar uma solução, que ainda não foi encontrada.
Giovanna Martins lamentou ainda o fato de ter investido bastante na preparação para o Mundial de Ultramaratona da Índia.
- O sonho de disputar o Mundial, toda a luta e todo o investimento, precisaram ser adiados. Nos treinos, eu me acabei, tirei dias de trabalho para ficar concentrada treinando. Eu investi, os meus patrocinadores investiram. Eu fui atrás de um sonho, desisti de participar de provas para buscar esse índice para o Mundial, tive um desgaste emocional enorme e agora estou aqui sem poder viajar - desabafar.
Por fim, a ultramaratonista afirmou que não acredita que a CBAt vá resolver o problema a tempo da ida dela ao Mundial no sábado.
- Ontem eles vieram me perguntar como estava o meu visto. Se eles estão perguntando para mim, é porque eles não foram atrás. Então, se eles não têm o poder de conseguir esse visto de emergência, vocês acham que eu vou conseguir? São 36 anos de atletismo e 24 anos que estou na federação, então o mínimo que a gente exige é respeito - concluiu.
CBAt se defende
Em nota de esclarecimento publicada em seu site oficial nesta quinta, a CBAt deu a sua versão dos fatos, afirmando que fez de tudo o possível para Giovanna embarcasse para o Mundial de Ultramaratona. A Confederação também afirmou que irá dar todo o apoio à atleta em 2025.
Confira a nota na íntegra:
A atleta Giovanna Martins e o treinador Marcos Gomes da Silva, Assessor da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para Ultramaratona, infelizmente, não conseguiram visto para viajar e participar do Campeonato Mundial IAU 100 Km, que será realizado em Bangalore, na Índia, neste sábado (7/12/2024).
Não medindo esforços, a CBAt informa que atuou para auxiliar na obtenção do visto em várias frentes, inclusive por meio do seu assessor de Relações Institucionais Ricardo Vidal, que esteve pessoalmente na Embaixada da Índia em Brasília (DF), para buscar uma solução para a atleta obter seu visto e assim competir.
A Organização do evento orientou formalmente que deveria ser solicitado o visto de Turismo (GIS – General Information Sheet) pelos participantes interessados. O processo foi seguido pela atleta e treinador, dentro do prazo adequado para a obtenção do visto de entrada, porém a Embaixada da Índia no Brasil não concedeu o visto de Turismo, sob o entendimento de que seria necessário um visto da categoria Business Sport Visa, acompanhado de uma série de documentos a serem fornecidos pelo Organizador do evento.
Ao tomar conhecimento dessa nova demanda e da lista de documentos exigidos pela Embaixada da Índia no Brasil, a CBAt imediatamente estabeleceu contato com o Organizador do evento, solicitando o imediato fornecimento de todos documentos necessários ao cumprimento das exigências consulares, mas o Organizador declarou não possuir a documentação exigida.
A atleta Giovana Martins se manifestou publicamente, via Instagram, aduzindo não ter sido suficientemente informada no momento da convocação sobre a necessidade de visto de entrada para a Índia. Mencionou, ainda, ter requerido um visto on-line, mas não ter recebido resposta da Embaixada, razão pela qual entrou em contato com a CBAt para solicitar auxílio na obtenção de um eventual visto de emergência.
Simultaneamente, a CBAt buscou apoio do membro da World Athletics na área Sul-Americana Hélio Gesta de Melo, que está em Mônaco e levou a questão ao vice-presidente da WA, o indiano Adille J. Sumariwalla, mas, lamentavelmente, em que pese os maiores esforços, ambos não obtiveram sucesso numa intervenção positiva no processo consular.
A CBAt então estabeleceu contato com a atleta e o seu treinador Marcos Martins e o Assessor e treinador Marcos Gomes da Silva e esclareceu os fatos.
A CBAt informa que conseguiu autorização junto ao Organizador para que o brasileiro Gabriel Bastos Barros, que reside em Berlim, na Alemanha, tenha o apoio do irmão, que reside na Índia, para assistência com hidratação e alimentação durante a prova dos 100 km, de forma a garantir sua participação no Mundial.
A CBAt lamenta profundamente o ocorrido, reafirma o seu compromisso de ter atletas para representar o Brasil em todas as competições internacionais, inclusive de ultramaratona, área que vem recebendo atenção da entidade (este ano, o Brasil disputou o Continental das Américas IAU de 24 horas, na Argentina, com 6 atletas - 3 homens e 3 mulheres). Finalmente, a CBAt estuda formas de apoiar a atleta Giovana Martins na temporada de 2025 para que ela se mantenha ranqueada internacionalmente.
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