21/10/2016 07h13 - Atualizado em 21/10/2016 07h15

Triplica o nº de casos de agressão a servidores da saúde em Araraquara

Média mensal passou de 10 a 15 ocorrências para até 35 episódios.
Administração afirma que não há previsão de contratação de vigilantes.

Do G1 São Carlos e Araraquara

O número de casos de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares agredidos verbal e fisicamente em Araraquara (SP) cresceu nos últimos dois meses.

Acompanhante de paciente prendeu a mão de Alessandra Silveira Chiuchi em porta (Foto: Marlon Tavoni/EPTV)Acompanhante de paciente prendeu a mão de
Alessandra  em porta (Foto: Marlon Tavoni/EPTV)

De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais (Sismar), o total de queixas desse tipo quase triplicou, passou de dez a 15 casos por mês para 30 a 35.

Procurada, a prefeitura informou que a Guarda Municipal faz rondas periódicas e que não há previsão de contratação de uma vigilância terceirizada

Vítimas
Técnica em enfermagem da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Xavier, Alessandra Silveira Chiuchi foi uma das vítimas.

"Uma paciente estava em observação, de alta para ser liberada, esperando o acompanhante chegar. Na hora em que ele chegou, ela deitou no chão, não sei o motivo porque eu voltei para o meu setor, e ele chegou questionando e me filmando. Eu pedi para ele parar de me filmar que eu ia chamar uma viatura, nisso eu saí, ele saiu atrás e, na porta de saída, ele prendeu a minha mão", relatou.

"A gente não tem culpa
do sistema não funcionar"
Maria Trovati, técnica em enfermagem

A violência gerou uma lesão no tendão e agora ela está afastada de suas atividades.

"A gente fica com medo porque a falta de segurança é muito grande. Nós não temos guarda na unidade, a gente fica a Deus dará. À noite, ficam às vezes só mulheres dentro da unidade, não tem segurança nenhuma", desabafou.

O sentimento dela é o mesmo de muitos funcionários. "Agressões físicas são menores, mas as agressões verbais vêm diariamente", contou a técnica em enfermagem Maria Amélia Trovati. "A gente não tem culpa do sistema não funcionar. Infelizmente, o sistema não funciona. Não somos nós os culpados".

Falta de guardas
A falta de guardas municipais, segundo os funcionários, é o principal motivo para o aumento no número de agressões. Eles dizem que antes havia dois GCMs trabalhando na unidade, um ficava na porta de entrada e o outro em uma guarita nos fundos, mas há cerca de um ano não há mais essa segurança.

A direção da UPA chegou a enviar pedidos à prefeitura apontando a insegurança e um dos documentos explica que os funcionários estão correndo risco de morte, mas até agora nada foi feito. "A própria prefeitura fala que não tem necessidade de segurança nessa unidade. Infelizmente, são essas agressões que a gente está tendo diariamente", disse Maria Amélia.

Sindicato
Para Marcos Zambone, presidente do Sismar,  a maioria das ocorrências acontece por causa do déficit de médicos na rede pública. Ele afirmou que também  já pediu para a prefeitura tomar providências para melhorar a segurança, mas ainda não teve retorno.

"A gente já cobrou isso em documento, em ofícios, já falamos isso para a administração pública, mas até o momento não sanaram esse problema", relatou. "Não dá para ficar desse jeito".

Prefeitura
A Prefeitura de Araraquara disse que a Guarda Municipal faz rondas periódicas na UPA da Vila Xavier e sempre que solicitada atende as ocorrências.

Questionada sobre manter GCMs na unidade, a administração municipal não respondeu. Afirmou apenas que não há previsão para contratação de uma vigilância terceirizada e que na UPA Central há guardas 24h.

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