08/03/2016 19h56 - Atualizado em 08/03/2016 21h23

Ambulatório prescreve remédios sem consultas, dizem pacientes de Franca

Desde janeiro, quando psiquiatras se demitiram, não houve recontratações.
Médico é necessário mesmo para renovação de prescrição, diz Cremesp.

Do G1 Ribeirão e Franca

Familiares de pacientes atendidos pelo Ambulatório de Saúde Mental de Franca (SP) afirmam que funcionários a unidade prescreveu medicamentos de uso controlado sem que fossem realizados atendimentos com psiquiatras.

Há dois meses, sete médicos se demitiram reclamando da carga horária. O problema levou uma família a recorrer à polícia. Desde então, novos profissionais não foram contratados.

Questionada pelo Jornal da EPTV, uma funcionária da recepção confirmou que não há médicos no ambulatório, mas não comentou quando perguntada sobre a prática do ambulatório em receitar medicamentos.

Mesmo para os casos de renovação de receitas, a consulta médica é necessária, afirma o  Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde não comentou o assunto até a publicação desta matéria.

Receita sem médico
Um homem que prefere não ser identificado afirma que sua mãe depende de medicamentos controlados contra um quadro de depressão e dores neurológicas pelo corpo. Ele disse que, na primeira vez, conseguiu uma receita assinada por um psiquiatra, que não avaliou sua mãe.

"Viemos à Secretaria de Saúde, fizemos o pedido. Um médico psiquiatra assinou a receita. Ela conseguiu pegar os medicamentos sem passar pela consulta", relatou.

A gente chegou aqui com ela [filha]. Eles falaram que não tinha médico, mas que iam providenciar a receita pra gente"
Maria José Rosa Soares,
aposentada

Duas semanas depois, voltou a proceder da mesma maneira, mas não conseguiu a receita. Para ele, conseguir o remédio nesse contexto é algo paliativo, mas que o ideal seria uma avaliação médica prévia.

"Preocupa. Minha mãe mesmo disse: como vou tomar remédio sem estar fazendo acompanhamento médico, precisando aumentar a dose ou diminuir? É um remédio controlado, é perigoso. Ela ficou preocupada sim", disse.

À espera de uma receita há duas semanas, a aposentada Maria José Rosa Soares confirmou ter sido orientada a solicitar a prescrição de um medicamento controlado para sua filha com depressão mesmo sem que houvesse consulta.

"Vim trazer minha filha para consultar. A consulta dela era dia 2. A gente chegou aqui com ela. Eles falaram que não tinha médico, mas que iam providenciar a receita pra gente", contou.

Depois de deixar dados pessoais da filha, ela afirmou ter sido mais uma vez orientada a procurar o ambulatório por telefone para confirmar se a receita estava pronta. O que também não aconteceu, mas a recomendação se repetiu. "Chego aqui a receita não está pronta. Eles mandaram ligar amanhã de novo pra ver se chegou."

Ambulatório de Saúde Mental em Franca (SP) está sem médicos (Foto: Márcio Meireles/EPTV)Ambulatório de Saúde Mental em Franca (SP) está sem médicos (Foto: Márcio Meireles/EPTV)
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